sábado, 22 de abril de 2017

Lendo sobre a vitória do fascismo na Europa pós anos 20 e 30 (E o agora?)



Hitler e Mussolini, fascistas com motivos para rir nos anos trinta.

Refeição Cultural

"O fascismo era triunfantemente antiliberal...

"O medo da revolução social, e do papel dos comunistas nela, era bastante real, como provou a segunda onda de revolução durante e após a Segunda Guerra Mundial, mas nos vinte anos de enfraquecimento do liberalismo nem um único regime que pudesse ser chamado de liberal-democrático foi derrubado pela esquerda. O perigo vinha exclusivamente da direita. E essa direita representava não apenas uma ameaça ao governo constitucional e representativo, mas uma ameaça ideológica à civilização liberal como tal, e um movimento potencialmente mundial, para o qual o rótulo 'fascismo' é ao mesmo tempo insuficiente mas não inteiramente irrelevante

(Hobsbawn)


O capítulo quatro da Era dos Extremos trata do tema "A queda do liberalismo". O conhecimento de Eric Hobsbawn é denso, nos obriga a uma leitura lenta, porque o tempo todo paramos para pensar no que ele está descrevendo dos anos vinte e trinta daquele período entre as duas guerras mundiais, com o mundo envolvido pela Grande Depressão.

Acredito que muita gente do meu entorno se entenda como "liberal" e essa gente não consegue perceber que ao ser atacada a democracia representativa, derrubar-se uma presidenta eleita (por não ter aceitado chantagem dos ladrões golpistas), deixar o PIG e empresários e parte da "justiça" corrompida questionarem a política, aceitar-se a destruição da economia e dos empregos de um país em nome da "corrupção", mexer na Constituição e nas leis que protegem o povo daquele país em prol dos mesmos golpistas (Empresários, banqueiros e PIG), retirar direitos dos segmentos sociais que mais precisam do Estado, enfim, não entendem esses "liberais" do meu entorno social que estão favorecendo os ideais fascistas. No século passado isso deu em Hitler, Mussolini, Salazar, Franco etc.

Eu sinceramente acho que todos os cidadãos do mundo deveriam estudar livros como este, os jovens, os adultos e os mais velhos. Mais ainda, os movimentos sociais deveriam fazer leitura em sala de aula com seus militantes, incluindo os "capas pretas" como dizem dos líderes porque eles têm pouca noção de história e, às vezes, suas arrogâncias e empáfias os levam a personalismos que nada contribuem para a unidade da esquerda contra o gigante fascista que está vencendo as batalhas - vejam a destruição do Brasil e dos direitos sociais brasileiros em praticamente dois anos de ataques ao processo democrático e golpe de 2016.

Hobsbawn até faz uma certa ironia em capítulos anteriores em relação a economistas e políticos porque eles podem até esquecer os erros e merdas cometidos no passado, mas que o papel dos historiadores e intelectuais é justamente o de lembrar os equívocos econômicos e decisões políticas que levaram a catástrofes e grandes merdas para os povos do mundo.

As pessoas do tempo em que vivemos estão capturadas pelo não pensar, pelo "instantaneísmo" dos mundos virtuais em que vivem, as tais redes sociais, com títulos fotos e vídeos de poucos sinais gráficos, imagens e tempo que circulam, manipulam, tiram a atenção e são replicados - contribuindo para a pós-verdade, a imposição por poder da opinião de alguns grupos.

Uma overdose nauseabunda nos meios midiáticos comerciais de "Odebrecht" ou "Lista do Fachin", ou um evento de agressão do recém terminado 17º BBB, é capaz de colocar a massa trabalhadora sem ter a menor noção do que está sendo votado nestes mesmos dias de ataque à CLT, previdência, saúde, educação etc... Jesus!

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"A grande diferença entre a direita fascista e não fascista era que o fascismo existia mobilizando massas de baixo para cima. Pertencia essencialmente à era da política democrática e popular que os reacionários tradicionais deploravam, e que os defensores do 'Estado orgânico" tentavam contornar..."
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A direita fascista (Hobsbawn separa direita fascista e direita não-fascista) na atualidade está utilizando novamente como massa de manobra nossos pares cidadãos através de uma ferramenta ideológica tão antiga quanto as primeiras sociedades humanas: agora é o "anti-petismo" que unifica os grupos sociais manipuláveis no Brasil; na primeira metade do século 20 foi o "anti-comunismo" na Europa e Américas. 

O fato é que se uniu todo tipo de vertente ideológica de direita para enfrentar um "inimigo comum" (os governos do PT) e depois se veria no que iria dar. Já deu merda para a classe trabalhadora. E vai dar mais ainda. É destruição total do Brasil e não temos a quem recorrer porque os três poderes estão envolvidos e os desgraçados do 4º poder é que mandam nos outros três. E o 4º poder é meia dúzia de corporações (empresários). Que legal!

O mundo do século 21 repete o mundo do século 20 da Era dos Extremos... e não adianta sabermos o que aconteceu... o roteiro está igual, segue igual... e aí, qual o próximo passo da classe trabalhadora? Uma greve geral está marcada para os próximos dias. É ver passo a passo a capacidade do povo de reagir e retomar o poder arrancado por golpe e manipulação.

William
Um cidadão

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