sábado, 29 de abril de 2017

Diário e reflexões - 290417



Um anoitecer em Brasília, capital do Brasil.

Refeição Cultural

"No centro das considerações morais da conduta humana está o eu; no centro das considerações políticas da conduta está o mundo. Se despirmos os imperativos morais de suas conotações e origens religiosas, resta-nos a proposição socrática - é melhor sofrer o mal que fazer o mal - e sua estranha fundamentação: pois é melhor estar em desavença com o mundo inteiro do que, sendo um só, estar em desavença comigo mesmo" (Hannah Arendt, em citação do livro "Felicidade fechada", de Miruna Genoino)

Neste sábado, feriado prolongado de 1º de maio, me dispus a ler com disciplina espartana. Li cem páginas do livro "Felicidade fechada" (2017), de Miruna Genoino. Quero acabar a leitura de mais um livro no mês de abril, que termina amanhã, domingo. 

Desde o ano de 2016, decidi exigir de mim mesmo a leitura como prática de reflexão, formação intelectual, uma porta de escape para o martírio do excesso de trabalho e de lutas políticas, e pela prática e busca da liberdade. Será a 22ª obra finalizada neste ano de 2017, após ler 18 obras ano passado. Outra prática militante foi escrever. Nunca escrevi tanto. Foram 181 postagens neste Blog em 2016 e mais 161 postagens no Blog Categoria Bancária ano passado. Sigo escrevendo como nunca!

O relato emocionante, angustiante e revoltante sobre a condenação injusta na Ação Penal 470 de José Genoino, uma das maiores lideranças políticas da esquerda brasileira, e o martírio vivido por toda sua família, através das palavras e cartas de sua filha Miruna Genoino, nos deixa ao mesmo tempo indignados, cheios de raiva, bem como nos dá força e ânimo para seguir lutando, de onde estamos e do jeito que estamos, contra todas as formas de injustiça. E isso basta para não desistir nunca de lutar por um mundo justo e melhor para todos e não para uma casta.

Esses dias, ouvi um depoimento de um jovem youtuber que admiro onde ele dizia não querer ter filhos e uma das justificativas que fazia era sobre sua leitura do quanto os valores do mundo se deterioraram na atualidade. Eu fiquei pensando nisso. Estão em baixa valores importantes como solidariedade, humanismo, coletividade, amor; em alta o eu-mesmo, a ganância, a traição, o dar-se bem sobre os outros, não importando com o sofrimento alheio.

Ao conhecer os detalhes do sofrimento e humilhação impostos por alguns homens de poder e principalmente por uma mídia canalha e golpista a um homem honesto que dedicou décadas de sua vida ao bem coletivo do povo brasileiro, eu me senti na obrigação de considerar pequenos os meus sofrimentos, que vivo muitas vezes na solidão (até do não poder falar dos bastidores) de minhas lutas internas pelo que defendo na Cassi.

É isso. Um militante das causas sociais deve fazer o que tem que ser feito.

William

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