sexta-feira, 28 de abril de 2017

A Greve Geral de 28/4 e o manifesto do movimento "Projeto Brasil Nação"


Manifestação no Largo da Batata em
dia de Greve Geral (28/4/17).
Foto: Ricardo Stuckert

Comentário do Blog:

Este dia 28 de abril de 2017 ficará marcado na história do Brasil como mais um dia de lutas do povo trabalhador brasileiro em defesa da cidadania e de seus direitos sociais, políticos e civis.


Milhões e milhões de brasileiros e brasileiras foram às ruas protestar contra os ataques dos golpistas que assaltaram os poderes estatais desde o Golpe de Estado de 2016. O povo gritou "Fora Temer", pediu eleições diretas e demonstrou reação aos seguidos ataques contra os direitos trabalhistas, previdenciários, educacionais, da saúde e em defesa do patrimônio público brasileiro.

Apesar de meu pessimismo da razão, senti um orgulho grande em ver as ruas do Brasil tomadas pelo povo em luta. Que isso seja só o começo da reação para revertermos o Golpe.

É deplorável o papel ridículo dos meios de comunicação golpistas. Esses empresários da mídia canalhas precisam ser barrados pelo povo. Eles não têm nenhum pudor em continuar com a manipulação através de TVs, rádios, jornais e revistas. 

E as polícias militares dos Estados repetiram a violência contra cidadãos em atividades pacíficas e legítimas como previsto na Constituição Federal de 1988. As forças policiais não podem continuar atacando o povo indefeso e em luta por seus direitos!

Eu assinei o manifesto pelo Projeto Brasil Nação, um belo manifesto com pilares centrais do que precisamos perseguir para retomar o rumo certo para o presente e futuro do Brasil e brasileiros.

Por favor, leiam o Manifesto e assinem também.

Abraços,

William Mendes
Cidadão brasileiro


MANIFESTO DO PROJETO BRASIL NAÇÃO

O Brasil vive uma crise sem precedentes. O desemprego atinge níveis assustadores. Endividadas, empresas cortam investimentos e vagas. A indústria definha, esmagada pelos juros reais mais altos do mundo e pelo câmbio sobreapreciado. Patrimônios construídos ao longo de décadas são desnacionalizados.

Mudanças nas regras de conteúdo local atingem a produção nacional. A indústria naval, que havia renascido, decai. Na infraestrutura e na construção civil, o quadro é de recuo. Ciência, cultura, educação e tecnologia sofrem cortes.

Programas e direitos sociais estão ameaçados. Na saúde e na Previdência, os mais pobres, os mais velhos, os mais vulneráveis são alvo de abandono.

A desigualdade volta a aumentar, após um período de ascensão dos mais pobres. A sociedade se divide e se radicaliza, abrindo espaço para o ódio e o preconceito.

No conjunto, são as ideias de nação e da solidariedade nacional que estão em jogo. Todo esse retrocesso tem apoio de uma coalizão de classes financeiro‐rentista que estimula o país a incorrer em déficits em conta corrente, facilitando assim, de um lado, a apreciação cambial de longo prazo e a perda de competitividade de nossas empresas, e, de outro, a ocupação de nosso mercado interno pelas multinacionais, os financiamentos externos e o comércio desigual.

Esse ataque foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Buscava alianças com países em desenvolvimento e com seus vizinhos do continente, realizando uma política externa de autonomia e cooperação. O país construía projetos com autonomia no campo do petróleo, da defesa, das relações internacionais, realizava políticas de ascensão social, reduzia desigualdades, em que pesem os efeitos danosos da manutenção dos juros altos e do câmbio apreciado.

Para o governo, a causa da grande recessão atual é a irresponsabilidade fiscal; para nós, o que ocorre é uma armadilha de juros altos e de câmbio apreciado que inviabiliza o investimento privado. A política macroeconômica que o governo impõe à nação apenas agravou a recessão. Quanto aos juros altíssimos, alega que são “naturais”, decorrendo dos déficits fiscais, quando, na verdade, permaneceram muito altos mesmo no período em que o país atingiu suas metas de superávit primário (1999‐2012).

Buscando reduzir o Estado a qualquer custo, o governo corta gastos e investimentos públicos, esvazia o BNDES, esquarteja a Petrobras, desnacionaliza serviços públicos, oferece grandes obras públicas apenas a empresas estrangeiras, abandona a política de conteúdo nacional, enfraquece a indústria nacional e os programas de defesa do país, e liberaliza a venda de terras a estrangeiros, inclusive em áreas sensíveis ao interesse nacional.

Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país.

O governo antinacional e antipopular conta com o fim da recessão para se declarar vitorioso. A recuperação econômica virá em algum momento, mas não significará a retomada do desenvolvimento, com ascensão das famílias e avanço das empresas. Ao contrário, o desmonte do país só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento.

Para voltar a crescer de forma consistente, com inclusão e independência, temos que nos unir, reconstruir nossa nação e definir um projeto nacional. Um projeto que esteja baseado nas nossas necessidades, potencialidades e no que queremos ser no futuro. Um projeto que seja fruto de um amplo debate.


É isto que propomos neste manifesto: o resgate do Brasil, a construção nacional.

Temos todas as condições para isso. Temos milhões de cidadãos criativos, que compõem uma sociedade rica e diversificada. Temos música, poesia, ciência, cinema, literatura, arte, esporte – vitais para a construção de nossa identidade.

Temos riquezas naturais, um parque produtivo amplo e sofisticado, dimensão continental, a maior biodiversidade do mundo. Temos posição e peso estratégicos no planeta. Temos histórico de cooperação multilateral, em defesa da autodeterminação dos povos e da não intervenção.

O governo reacionário e carente de legitimidade não tem um projeto para o Brasil. Nem pode tê‐lo, porque a ideia de construção nacional é inexistente no liberalismo econômico e na financeirização planetária.

Cabe a nós repensarmos o Brasil para projetar o seu futuro – hoje bloqueado, fadado à extinção do empresariado privado industrial e à miséria dos cidadãos.

Nossos pilares são: autonomia nacional, democracia, liberdade individual, desenvolvimento econômico, diminuição da desigualdade, segurança e proteção do ambiente – os pilares de um regime desenvolvimentista e social.

Para termos autonomia nacional, precisamos de uma política externa independente, que valorize um maior entendimento entre os países em desenvolvimento e um mundo multipolar.

Para termos democracia, precisamos recuperar a credibilidade e a transparência dos poderes da República. Precisamos garantir diversidade e pluralidade nos meios de comunicação. Precisamos reduzir o custo das campanhas eleitorais, e diminuir a influência do poder econômico no processo político, para evitar que as instituições sejam cooptadas pelos interesses dos mais ricos.

Para termos Justiça precisamos de um Poder Judiciário que atue nos limites da Constituição e seja eficaz no exercício de seu papel. Para termos segurança, precisamos de uma polícia capacitada, agindo de acordo com os direitos humanos.

Para termos liberdade, precisamos que cada cidadão se julgue responsável pelo interesse público.

Precisamos estimular a cultura, dimensão fundamental para o desenvolvimento humano pleno, protegendo e incentivando as manifestações que incorporem a diversidade dos brasileiros.

Para termos desenvolvimento econômico, precisamos de investimentos públicos (financiados por poupança pública) e principalmente investimentos privados. E para os termos precisamos de uma política fiscal, cambial socialmente responsáveis; precisamos juros baixos e taxa de câmbio competitiva; e precisamos ciência e tecnologia.

Para termos diminuição da desigualdade, precisamos de impostos progressivos e de um Estado de bem‐estar social amplo, que garanta de forma universal educação, saúde e renda básica. E precisamos garantir às mulheres, aos negros, aos indígenas e aos LGBT direitos iguais aos dos homens brancos e ricos.

Para termos proteção do ambiente, precisamos cuidar de nossas florestas, economizar energia, desenvolver fontes renováveis e participar do esforço para evitar o aquecimento global.

Neste manifesto inaugural estamos nos limitando a definir as políticas públicas de caráter econômico. Apresentamos, assim, os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil Nação.

1. Regra fiscal que permita a atuação contracíclica do gasto público, e assegure prioridade à educação e à saúde

2. Taxa básica de juros em nível mais baixo, compatível com o praticado por economias de estatura e grau de desenvolvimento semelhantes aos do Brasil

3. Superávit na conta corrente do balanço de pagamentos que é necessário para que a taxa de câmbio seja competitiva

4. Retomada do investimento público em nível capaz de estimular a economia e garantir investimento rentável para empresários e salários que reflitam uma política de redução da desigualdade

5. Reforma tributária que torne os impostos progressivos

Esses cinco pontos são metas intermediárias, são políticas que levam ao desenvolvimento econômico com estabilidade de preços, estabilidade financeira e diminuição da desigualdade. São políticas que atendem a todas as classes exceto a dos rentistas.

A missão do Projeto Brasil Nação é pensar o Brasil, é ajudar a refundar a nação brasileira, é unir os brasileiros em torno das ideias de nação e desenvolvimento – não apenas do ponto de vista econômico, mas de forma integral: desenvolvimento político, social, cultural, ambiental; em síntese, desenvolvimento humano. Os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil são seus instrumentos – não os únicos instrumentos, mas aqueles que mostram que há uma alternativa viável e responsável para o Brasil.

Estamos hoje, os abaixo assinados, lançando o Projeto Brasil Nação e solicitando que você também seja um dos seus subscritores e defensores.

30 de março de 2017


Assinar: https://secure.avaaz.org/po/petition/assinaturasprojetobrasilnacaogmailcom_Manifesto_do_Movimento_PROJETO_BRASIL_NACAO/?aeKdEib

2 comentários:

mefhystho disse...

"Apesar de meu pessimismo da razão". Esta frase elucida tudo! Vc sabe de tudo, vc não acredita em mais nada! Resta a todos os Brasileiros a minha ideia! Não é bela, pode não ser a (pior, melhor), definitiva, no entanto, amedronta muitos! Jacobinos unidos e que não entregam o poder depois de conquistá-lo, podem fazer alguma diferença no mar de m....Amanhã. Apenas as lideranças irão vislumbrar os resultados. As massas irão para suas casas, e dirão: fui na passeata de 28 de abril de 2017, tomei muita ceva, tomei muita bala de borracha, gás....2:23 am, muito álcool e revolta, é o que tenho a dizer. O filósofo Liovardo já dizia: vou ali

William Mendes disse...

Primo, ao ver essa violência desmesurada do governo golpista e da força policial armada contra o povo pacífico e desarmado, eu fico sim pensando naquele período pós queda da Bastilha e nos milhares de burgueses justiçados nos meses seguintes. Ao se abrir a Caixa de Pandora e liberar o mal, o mal invade todos os espaços sociais...