domingo, 30 de abril de 2017
Leitura: Felicidade fechada (2017) - Miruna Genoino
Refeição Cultural
"Quando você vive uma situação limite, você aprende, a condição humana lhe ensina alguma coisa. Quer dizer... eu gosto muito daquela frase do Victor Serge: 'A servidão é a morte. A luta é o risco de morrer'. O sistema de dominação transforma as pessoas numa servidão, e a cadeia é a expressão cabal dessa servidão"
"O ser humano não pode aceitar as condições de servidão. Ele tem que buscar formas de levantar a cabeça para ser sujeito. A pessoa é sujeito somente quando tem vontade de querer. A gente nasce dizendo não para mãe, nasce reivindicando, e o sistema de dominação molda você ao status quo. Você nunca pode, você tem que aprender a navegar contra a maré, contra a corrente. Não perder a cabeça, não ser destruído"
"A vida só vale a pena se as pessoas assumirem a condição de sujeito. A política tem muito a ver com isso, a realização da liberdade humana no sentido da ação, no sentido da prática, de navegar contra a maré, no sentido de não aceitar"
(José Genoino, no "Posfácio" do livro "Felicidade fechada", de Miruna Genoino)
Fiquei pensando neste domingo à tarde a melhor maneira de fazer um comentário a respeito do livro "Felicidade fechada" (2017), que acabei de ler e cuja leitura me deixou emocionado, revoltado e ao mesmo tempo motivado para continuar minha luta e meu trabalho de representação política como um gestor eleito por associados de uma entidade de saúde dos trabalhadores do Banco do Brasil.
Por um lado, temos a explicação de porque o livro tem esse nome: " 'Felicidade fechada' foi o título criado por minha filha Paula quando contei a ela e a seu irmão Luís Miguel que estava escrevendo um livro sobre o avô deles. Quando perguntei o motivo deste título, ela falou: 'Porque o Vôvi é a nossa felicidade, e ele ficou lá preso, fechado, então a nossa felicidade estava fechada. Ainda bem que ele saiu' ".
Por outro lado, eu diria que o título "Felicidade fechada" se encaixa como uma luva ao cenário político e social brasileiro posterior ao Golpe de Estado perpetrado com sucesso em 2016, golpe perseguido e arquitetado por mais de uma década pelos empresários donos dos meios de comunicação (4º poder) liderados pelos Irmãos Marinho. Essas famílias bilionárias e donas de propriedades cruzadas de todos os meios comerciais de comunicação são as verdadeiras donas do Brasil, atuando sempre em conjunto com os demais empresários reunidos na Fiesp e na Febraban. Soma-se a elas, os latifundiários e herdeiros de terras seculares, esse 1% dono de tudo por aqui e que não admite melhoria para o povo brasileiro. Na minha opinião, a Casa Grande.
A Felicidade está fechada para nós povo brasileiro neste momento em que leio e escrevo. Mas nós podemos mudar esse cenário, essa condição, e lutar por mudanças em busca da Liberdade, da Democracia e da Felicidade coletiva.
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"Muitas vezes, o poder não tem rosto, o poder é congelado, o poder é frio. Agora, as pessoas têm rosto, o olhar, a sensibilidade. Tem rejeição, afeto, desejo e você aprende tudo isso nas situações limite, em que o ser humano é testado. Assim, restabeleci uma relação com a minha família sem negar a política. A política é a minha razão de ser. A minha vida só tem sentido porque luto por uma causa. O dia que não lutar por uma causa, a vida fica sem sentido" (José Genoino)
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Eu fiquei refletindo sobre esse pensamento de Genoino e naquele da terceira citação que coloquei no início, sobre nadar contra a maré, de não aceitar o que nos impõem. Só vale a pena viver se você tiver uma causa pela qual lutar.
Eu hoje tenho a Cassi como uma causa, e não aceitar internamente o que o patrão nos impôs quando cheguei em 2014 - que achei um abuso! -, impor para os associados o ônus de um déficit histórico com responsabilidades e causas dele também, patrão Banco do Brasil, foi exercer minha militância e meu compromisso com aqueles que represento, os associados. O mesmo se deu quando eu disse aos líderes do Banco não concordar com o Fundo que o patrão queria impor aos associados da Cassi ficando ele livre de sua responsabilidade com os aposentados. E o patrão até hoje não me perdoa por isso.
COMENTÁRIO FINAL
Já li alguns relatos, memórias ou diários em forma de livros. O relato e desabafo de Miruna Genoino é comovente, humano e sobretudo nos lembra o tempo inteiro sobre sentimentos e valores um pouco fora de uso e costume: o amor, a solidariedade, o humanismo, o bem comum.
O livro nos conta a dramática história da condenação de José Genoino na Ação Penal 470, um homem honesto que dedicou décadas de vida à defesa da democracia e do povo brasileiro, perseguido e acusado antes de tudo pelos empresários da mídia comercial monopolizada, que executou um verdadeiro linchamento público a ele e ao PT exigindo do poder judiciário condenações a qualquer custo a dirigentes e membros dos governos Lula e Dilma.
Os meios de comunicação - Rede Globo e outros canais abertos, Folha, Estadão e Editora Abril -, que lideraram por mais de uma década um massacre ininterrupto aos governos do Partido dos Trabalhadores e suas lideranças, bem como a todas as organizações sociais dos trabalhadores como sindicatos, partidos de esquerda, entidades estudantis, movimentos sem terra e sem teto, dentre outras, estes meios de comunicação são os mesmos que articularam o Golpe de Estado perpetrado em 2016, que possibilitou em praticamente um ano a destruição de todos os direitos sociais, políticos e civis do povo brasileiro.
Estes magnatas da comunicação, ao perceberem a incapacidade a partir de 2003 dos partidos de oposição aos governos do PT em formular políticas que dessem alguma perspectiva de volta por eleições democráticas do campo das elites ao poder, se constituíram como força partidária (Partido da Imprensa Golpista - PIG) para tirar do poder o Partido dos Trabalhadores.
Enfim, estimados leitores amig@s, eu recomendo a leitura deste livro porque ele é revelador sobre a condição humana e sobre a força do amor e da luta contra as injustiças.
William
Post Scriptum: triste pela morte no dia de hoje do cantor e compositor Belchior. Triste também pelo grau de violência por parte das forças policiais contra os milhões de brasileiros que foram às ruas na última sexta-feira 28/4 naquela que foi uma das maiores greves gerais da história do Brasil. Cidadãos foram gravemente feridos por violência policial gratuita.
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