Leitura de textos
Machado avalia de forma positiva o esforço feito pelos autores nacionais para dar um colorido próprio à literatura nacional.
Elogia precursores como Basílio da Gama e Santa Rita Durão e critica Gonzaga que não soube desligar-se das faixas da arcádia nem dos preceitos do tempo.
Acha injusto, todavia, criticar os poetas coloniais, pois crê não ter sido possível para eles lutarem por independência literária se nem a política tínhamos.
Quando elogia Basílio da Gama e Durão, é por darem uma cor local às obras e não independência.
Assim como pensa que a civilização brasileira não está ligada ao elemento indígena e que nem dele recebeu influxo algum, também não acha correto excluí-los da poesia contemporânea (da época) como pensava Varnhagen.
Era 1873, e Machado afirma ainda não existir Literatura Brasileira.
Achava um exagero buscar os títulos da nossa personalidade literária entre as tribos vencidas. Ex: “Timbiras”, “Juca-Pirama” e “Tabira” (Gonçalves Dias).
Uma opinião importante de Machado e que marcaria toda a sua obra é de que a literatura para ser nacional não tem, necessariamente, que falar de assunto local, pois isso limita a literatura:
“... não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam”.
O autor comenta com pesar que sente muito não ter bons críticos no país.
Romance
O romance e a poesia lírica são as formas mais encontradas, cultivadas e vendidas no Brasil. Diz não termos aqui livros de filosofia, linguística (isso em 1873), de crítica histórica, de alta política etc.
Os costumes do interior são o que melhor dão o colorido da nação. (na capital do país havia grande influência europeia)
O espetáculo da natureza dá páginas animadas e pitorescas, mas pensa que os escritores exageram na descrição e pecam em outras qualidades essenciais.
Também pensa faltar ainda competência aos escritores para tratar de análise de paixões e caracteres.
Com relação às tendências morais do romance brasileiro, acha que são boas. (critica a escola francesa)
Com respeito às tendências políticas e sociais, os escritores brasileiros passam longe do ideal: “... seus principais elementos são, como disse, a pintura dos costumes, luta das paixões, os quadros da natureza, alguma vez o estudo dos sentimentos e dos caracteres; com esses elementos, que são fecundíssimos, possuímos já uma galeria numerosa e a muitos respeitos notável.”.
Nos contos, elogia o Sr. Luís Guimarães Junior – folhetinista elegante e jovial.
A poesia
Elogia Castro Alves, considerando-o eterno e um incentivo às vocações nascentes.
À poesia já não faltavam fogo nem estro. Também não faltava sentimento de harmonia exterior.
Mas pecava na correção e no gosto. Faltava ser intrépida na expressão, pecava pela impropriedade das imagens, na obscuridade do pensamento.
Para construir painéis de cenas majestosas da natureza americana, há de serem expressos com simplicidade.
Cita Bernardo Guimarães, Varela e Álvares de Azevedo:
“Um poeta não é nacional só porque insere nos seus versos muitos nomes de flores ou aves do país, o que pode dar uma nacionalidade de vocabulário e nada mais”. É preciso toques naturais.
O teatro
Não há!
A língua
Machado não gosta do uso dos solecismos da língua comum, mas acha pior a “exageração de princípio” no uso da influência da língua francesa.
Aceita mudanças no tempo a que a língua está sujeita mas acha que “a influência popular tem um limite”.
“Cada tempo tem o seu estilo”.
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum”.
Veja AQUI a sequência do texto na postagem: Ainda o instinto de nacionalidade.
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