quarta-feira, 18 de junho de 2008

Artigo: Pra que serve o Banco do Brasil?


Secretário de Imprensa
 entre 2006/09.
Por William Mendes*

Quem deve responder a essa pergunta é o funcionário e a sociedade porque se depender do Conselho de Administração e do Conselho Diretor do Banco e, consequentemente, do governo federal, não serve pra nada mais a não ser encher o bolso das empresas privadas que usam a estrutura do Banco (como a Brasilcap, Brasilveículos, Brasilprev e outras do gênero), além de gerar superávit primário a custo de fraude trabalhista e exploração dos funcionários e clientes com taxas e tarifas escorchantes.

Devemos refletir sobre o papel do Banco do Brasil porque a cada 4 anos entra o debate das eleições majoritárias e naturalmente vem a discussão de privatizar ou não o que ainda resta de coisa pública ou estatal.

Quando faço reuniões com os colegas em agências e departamentos levanto a questão porque ela é decisiva para o corpo funcional:

- O Banco do Brasil deve transformar suas agências em lojinhas de venda de Ourocap, Brasilprev, Seguros, CDC crédito consignado a taxas de 1,75 a 3,10% ao mês para extorquir a população, e metas e metas e metas de cheque especial, cartão de crédito dentre outros "produtos"?

Ou 

- O Banco do Brasil deve ter agências com estrutura adequada para cada região com o intuito de ter bons profissionais recebendo bons salários - pisos maiores, adicionais de função adequados ao cargo e um plano de carreira, cargos e salários que lhes permitam pensar no futuro profissional?


- Deve ser um banco que atenda à sociedade não só em suas demandas diárias de pagamentos de contas, empréstimos pessoais e cartões, MAS SOBRETUDO, que ofereça crédito para projetos regionais (DRS), Proger e Finame a profissionais liberais e empresas que queiram expandir seus negócios a taxas de longo prazo competitivas?

Ou

- O BB deve concorrer com a Caixa Federal no crédito imobiliário ou ser o banco financiador da agricultura familiar para que o país consiga conter os riscos inflacionários puxados pelo preço dos alimentos e das commodities?


Estamos em campanha desde o início do ano por melhores condições de trabalho, mais contratações, volta do pagamento das substituições e menos metas e fim do assédio moral. No entanto, apesar da autorização do Dest na possibilidade de ter mais 2500 funcionários no teto nacional e de conseguirmos que o Banco chame algumas centenas de aprovados de 2006 em Brasília e São Paulo, o BB anuncia que seguirá reestruturando e copiando o que há de pior no mercado bancário.

O Conselho Diretor anunciou esta semana que vai aumentar a centralização dos serviços no CSO, pois diz que testou em São Paulo, Belo Horizonte e Natal e que isso melhora as condições de trabalho (!!). O BB está brincando com a inteligência das pessoas?

É chegada a hora de cada funcionário refletir se deve participar da luta para mudar os rumos do Banco ou deixar que caminhemos para uma futura privatização.

Quem vai a uma agência do BB e vê durante 30 minutos o descaso e humilhação por que passa um cidadão quando quer ou precisa utilizar o Banco, sabe que o governo e a atual diretoria estão criando uma bronca, um ranço contra nós como ocorreu na década de 90 quando havia uma estratégia de sermos odiados por todos para sermos privatizados.

Da parte do funcionalismo, o que percebemos ao conversar com nossos colegas é um desânimo total. NINGUÉM AGUENTA MAIS tanto assédio e pressão, tanto abuso como, por exemplo, trabalhar e não receber pela função exercida ou hora-extra realizada.

Quando superintendentes como o sujeito da SPI tira de sua imaginação brilhante que os gerentes de contas vendam R$ 50 mil em 8 dias úteis de BB Crédito Veículo, alegando que quem não cumprir tem que escrever dizendo o porquê, será que alguém lembra que a Brasilveículos é só 40% do Banco do Brasil e que o restante é de empresas privadas como a Sul América Seguros?

Volto a insistir com meus colegas que é preciso que os comissionados se envolvam nessa luta dos sindicatos contra os abusos e desgoverno deste Banco do Brasil 200 anos. A gerência média é linha de frente do Banco e com a mobilização de todos - escriturários, caixas, gerência média de varejo e atacado -, podemos chamar a atenção do Governo Federal para ver que seu maior banco estatal está tomando um rumo sem volta no sentido de não servir pra nada à sociedade brasileira.

Bancário do BB, discuta com seus colegas e seu sindicato da necessidade de fazer uma forte mobilização no próximo dia 25/06, dia de luta no BB.

Banco do Brasil 200 anos - terceirizado, fraudulento, sem papel social e que expulsa o cidadão de suas dependências... Fica a velha pergunta da música: "POIS É, PRA QUÊ?

* William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf/CUT (2006/09) e funcionário do Banco do Brasil

Fonte: Contraf-CUT

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