segunda-feira, 23 de março de 2009

Era dos Extremos: A era da guerra total - Eric Hobsbawm



Refeição Cultural

1- A era da guerra total

Alguns excertos interessantes deste capítulo do livro.

A 2ª Guerra Mundial:

"Todo partido na Alemanha, dos comunistas na extrema esquerda aos nacional-socialistas de Hitler na extrema direita, combinavam-se na condenação do Tratado de Versalhes como injusto e inaceitável."

Japão e Itália, embora do lado vencedor da 1ª Guerra Mundial, também se sentiam insatisfeitos (por motivos distintos, eu diria por problemas de divisão do butim de guerra dos derrotados).

Motivos da 2ª Guerra Mundial:

"Os marcos miliários na estrada para a guerra foram a invasão da Manchúria pelo Japão em 1931; a invasão da Etiópia pelos italianos em 1935; a intervenção alemã e italiana na Guerra Civil Espanhola em 1936-9; a invasão alemã da Áustria no início de 1938; o estropiamento posterior da Tchecoslováquia pela Alemanha no mesmo ano; a ocupação alemã do que restava da Tchecoslováquia em março de 1939 (seguida pela ocupação italiana da Albânia); e as exigências alemãs à Polônia que levaram de fato ao início da guerra."

e

"A guerra portanto começou em 1939 como um conflito puramente europeu e, de fato, depois que a Alemanha entrou na Polônia, que foi derrotada e dividida em 3 semanas com a agora neutra URSS (pacto Hitler-Stalin ago/39), como uma guerra puramente europeia ocidental de Alemanha contra Grã-Bretanha e França. Na primavera de 1940, a Alemanha levou de roldão a Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e França com ridícula facilidade."

Até 1941 a Alemanha/Eixo praticamente havia ganho a guerra.

A burrice de Hitler (megalomania): romper acordo com Stalin e invadir a URSS em junho de 1941.

Sem ter como avançar, aliados iniciam matança de civis (subtítulo acusativo meu)

Entre 1942 e 1944, os aliados não tinham a menor chance de ataques terrestres (tudo estava sob dominação alemã).

"Nesse meio tempo, a única grande arma dos aliados ocidentais contra a Alemanha era o poder aéreo, e este, como demonstram pesquisadores posteriores, se mostrava espetacularmente ineficaz, exceto para matar civis e destruir cidades."


COMENTÁRIO: 


É interessante a intertextualidade: estou lendo agora (jun/jul 2009) O diário de Anne Frank, escrito por uma adolescente judia-holandesa, entre 1942-1944, e ela cita várias vezes as notícias ouvidas pelo rádio, em seu refúgio, dos ataques aéreos dos aliados contra as ocupações alemãs.

Ao contrário da 1ª Guerra Mundial, não houve sinais de revolução alemã como na Rússia e o povo dava apoio incondicional a Hitler. Eles iriam até o fim com as pretensões nazistas. No Japão também.


COMENTÁRIO: 

Aliás, nos filmes recentes que assisti (assisti em 2009) - "A queda, as últimas horas de Hitler" e "O leitor" - trazem um pouco dessa ideia da relação entre o povo alemão e o Nazismo.

"No leste houve ainda menos sinais de racha na determinação do Japão de lutar até o fim, motivo pelo qual se lançaram armas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki, para assegurar uma rápida rendição japonesa. A vitória em 1945 foi total, a rendição incondicional."

e

"Ao contrário da 1ª Guerra Mundial, essa mútua intransigência não exige explicação especial. Era, de ambos os lados, uma guerra de religião, ou, em termos modernos, de ideologias. Foi também, e demonstravelmente, uma luta de vida ou morte para a maioria dos países envolvidos. O preço da derrota frente ao regime nacional-socialista alemão, como foi demonstrado na Polônia e nas partes ocupadas da URSS, e pelo destino dos judeus, cujo extermínio sistemático foi se tornando aos poucos conhecido de um mundo incrédulo, era e escravização e a morte. Daí a guerra ser travada sem limites. A 2ª Guerra Mundial ampliou a guerra maciça em guerra total."


Bibliografia:

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos - O breve século XX, 1914-1991. Companhia das Letras. Tradução de Marcos Santarrita, 2ª edição, 33ª reimpressão.

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