quinta-feira, 1 de agosto de 2013
LTI - Linguagem do Terceiro Reich (Fanatismo)
A leitura deste livro do filólogo Victor Klemperer é bastante esclarecedora sobre as artimanhas da comunicação de massas, do uso das técnicas de retórica e oratória na linguagem e nas possibilidades de seus efeitos.
É impressionante como vejo com facilidade as mesmas técnicas utilizadas hoje em nosso cotidiano.
CAPÍTULO 9 - FANÁTICO
Klemperer nos fala da importância deste termo para a LTI e o nazismo e a mudança de sentido semântico desta palavra empreendida durante o regime nazista (1933-45).
Em seus diários em 1940, Victor escreveu:
"Tema para seminário - mandar pesquisar quantas vezes os termos fanatisch [fanático] e Fanatismus [fanatismo] aparecem em comunicações oficiais e quantas vezes em publicações não diretamente ligadas à política, como por exemplo os novos romances alemães ou traduzidos de línguas estrangeiras". (p.111)
Ao constatar a quantidade absurda de vezes que a palavra "fanático" aparecia:
"Entretanto, mais importante do que sua frequência foi a mudança em seu sentido. Já escrevi uma vez sobre isso em meu estudo sobre o século XVIII...". (p. 111)
O estudo:
"Os iluministas sempre recriminaram os termos fanatique [fanático] e fanatisme [fanatismo] por uma dupla razão. A raiz de 'fanático' vem de fanum, santuário, templo. No início, o termo significava pessoa em estado de êxtase, em êxtase religioso. Ora, os iluministas lutavam contra tudo que pudesse perturbar a capacidade de pensar. Sendo inimigos da Igreja, combatiam com rigor todo tipo de superstição religiosa. Para eles, o fanático é, por excelência, inimigo dos racionalistas....". (p.112)
Fanatismo leva ao desprezo pela morte, mas pode conferir muita vitalidade
Citando uma passagem de Rousseau no "Emílio":
"Bayle conseguiu provar muito bem que o fanatismo é mais pernicioso que o ateísmo, fato inconteste. Mas ele guardou para si uma verdade não menos importante: o fanatismo, mesmo que sanguinário e cruel, é uma paixão intensa e forte, que inflama os corações das pessoas, capacitando-as a desprezar a morte, mas também lhes confere muita vitalidade. Quando bem guiado, é possível extrair dele as mais sublimes virtudes. Por outro lado, o ateísmo e todo o afã iluminista, com suas sutilezas, levam em geral ao apego à vida, ao acovardamento, à mesquinhez, canalizando paixões para servir a interesses particulares prosaicos, ao egoísmo condenável, aniquilando sub-repticiamente as verdadeiras bases de qualquer sociedade". (p.112/3)
(concluo depois, bateu o sono...)
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