sábado, 11 de junho de 2016

Django livre - Quentin Tarantino


Produção de Tarantino, 2012.

Refeição Cultural


SINOPSE (Wikipedia)

Django (Jamie Foxx) é um escravo que tem seu destino completamente alterado quando é comprado pelo Dr. King Schultz (Christoph Waltz), alemão caçador de recompensas que se esconde atrás de um disfarce de dentista. A aquisição feita por Schultz, no entanto, não é aleatória: ele precisa da ajuda de Django para identificar seus próximos alvos.

Em contrapartida, Schultz promete libertar Django assim que a missão for cumprida. Depois de se tornar um homem livre, Django continua na estrada com Schultz, de quem agora é parceiro, até que é chegada a hora do grande desafio: enfrentar o poderoso Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) para libertar sua esposa, Broonhilda (Kerry Washington).

O filme é um clássico ‘tarantinesco’: mistura faroeste, lendas alemãs, referências pop, cenas divertidas e litros de sangue para contar a história de um homem que já passou uma temporada no inferno e que agora quer reencontrar seu grande amor e se vingar dos seus opressores.

Durante a longa jornada de Django, vemos sua transformação de escravo submisso, assustado e compassivo em um homem seguro, frio e, muitas vezes, cruel, que faz o que tem que ser feito para alcançar seus objetivos. Uma peça crucial dessa metamorfose é, sem dúvida, Schultz, um cara impiedoso com bandidos, mas que, no fundo, era um coração mole que não suportava ver inocentes sofrendo e que tinha nojo da escravidão.

A amizade de Django e Schultz é incrivelmente sólida e verdadeira.

Vale destacar as atuações inspiradas do sempre ótimo Christoph Waltz, do fazendeiro arrogante vivido por DiCaprio e do escravo racista e invejoso interpretado por Samuel L. Jackson.


COMENTÁRIO


Pois é, acabei assistindo ao filme Django Livre, de Quentin Tarantino.

Por várias vezes, conversando com amigos, expressei minha opinião sobre os filmes de Tarantino. Acho que eles são difíceis de ver para o meu gosto. Aquela técnica de sangue jorrando e espirrando na câmara e na cara da gente não me agrada.

Algumas vezes, cheguei a iniciar filmes dele e parar de ver com poucos minutos. Bastardos Inglórios, por exemplo, eu assisti, mas foi dureza! Também vi Kill Bill, volumes 1 e 2, por insistência de esposa e filho.

Estou sozinho em casa nestes dias, longe da família, e após ler neste sábado o dia todo um livro que estou terminando, parei para ver as quase três horas deste filme.

Confesso que deste eu gostei. Como estamos vivendo sob a opressão do Golpe de Estado aplicado em meu país, faz poucas semanas, e com uma pauta desgraçada sendo imposta pelos golpistas aos milhões de trabalhadores brasileiros, é bom as pessoas reverem o filme e entenderem o que é sermos tratados como propriedade de poucos capitalistas e burgueses donos de tudo no mundo.

A questão da escravidão, da construção social e ideológica da "supremacia racial", a antiquíssima merda de povos brancos se considerarem melhores que outros e do atualíssimo debate do novo ataque do sistema capitalista aos direitos dos trabalhadores do mundo, para ampliar a miséria e a exploração humana, tudo isso são tons da mesma questão monocromática atual: a ascensão da direita fascista pelos países do mundo, num retorno do cenário vivido pelo mundo ocidental com as crises econômicas do início do século XX (anos 10/30), que desembocaram nas duas Grandes Guerras, e que
 agora se repetem da mesma forma após a crise mundial do capitalismo, iniciada com o subprime e as quebras de 2008, nos Estados Unidos e países europeus.

Quando falo que o filme retrata a mesma questão monocromática, estamos falando de uma pequena parcela de brancos machos que são donos de todas as corporações do planeta e que já suplantaram os Estados Nacionais e fazem o mundo e os países de tabuleiros de jogos para seus gozos às custas de 7 bilhões de humanos.

Quando é que vamos inverter isso de alguns dominarem o mundo todo e nossas vidas não valerem nada perto das corporações desses caras?

O que mudou do século XIX (escravidão ainda era lei em vários países) para o século XXI em relação ao mundo da exploração da força de trabalho humana? Quase nada! Bilhões de trabalhadores de todas as idades são tratados como propriedade dentro das fábricas e linhas de produção de alguns donos de tudo, fábricas funcionando em qualquer canto do planeta nas condições mais inumanas possíveis.

E ao final, a gente compra os produtos dessa produção achando ótimo pagar barato pelas condições abjetas para os seres humanos que produziram tais coisas, ou a gente compra caro se for uma "marca" dessas que fazem produtos assim às custas de escravidão e semi-escravidão.

É o fim!

William

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