sábado, 4 de junho de 2016

Diário - 040616



A natureza começa a secar em junho em Brasília,
mas as flores e os tons como o vermelho não nos deixam.
O sangue vermelho que corre em minhas veias é o da esquerda.

Sábado acabando aqui em Brasília. O dia foi quente. 

Saí para correr à tarde. Corrida leve e difícil. Como faz diferença no corpo da gente passar uma semana gripado, com inflamação de garganta e vias aéreas congestionadas! Também tem o efeito da carga de corrida que fiz no mês de maio: corri muito! Agora deu aquela preguiça no corpo e em junho vou fazer uma carga menor. Corri hoje 3,5k em 22'.

Liguei e falei com os pais queridos em Minas Gerais. Falamos com o filhão também no interior de São Paulo.

Li um pouco de Balzac - Ilusões Perdidas. O livro é um dos grossos volumes da coleção que ganhei A Comédia Humana. Mas o cansaço físico não me permite ter "condições físicas" para leituras de fôlego por horas. Bate o sono.

Agora de noite, sentei e ouvi hora e meia de músicas em vídeos na internet. Só som dos anos noventa e início dos dois mil, músicas que marcaram a sintonia de minha vida antes de ser dirigente sindical e tinham o ritmo de minhas ondas cerebrais. Tempos que se foram. 

Ouvir as bandas que marcaram uma época de minha vida dá uma sensação estranha, pois quase que só trabalho hoje em dia e vivo circunspecto cotidianamente. Ouvi hoje Soundgarden, The Smashing Pumpkins, The Verve, Radiohead, AudioslaveStone Temple Pilots, Oasis, Temple of the Dog.

É meio louco, dá uma vontade de fazer as coisas que eu pensava em fazer naquela época e que agora "já era" porque sou outro, o mundo é outro, tudo é outra coisa.

Mas dos anos noventa, lembrei das minhas revoltas, da miséria que o povo brasileiro vivia sob os governos desgraçados dos fernandos. Eu não aguentava mais aquela merda e até entrei em duas faculdades novamente com uma perspectiva de sair do Banco e ser professor.

Uma faculdade, a de Educação Física, não pude terminar porque era paga e não tive dinheiro. Parei na metade: foi uma das maiores frustrações de minha vida. 

Depois entrei na USP para fazer Letras, mas a vida acabou me colocando outros desafios: fui eleito dirigente sindical bancário e cá estou na atualidade representando ainda os trabalhadores. Ser professor ficou para trás. Gastei uma década para cumprir a grade obrigatória do curso.

Tristeza!

Que coisa triste, estar há quase um mês vivendo num país que tanto amamos e que sofreu um Golpe de Estado depois de experimentar anos de mudanças sociais importantes para o povo brasileiro, sob governos do Partido dos Trabalhadores.

Neste instante em que escrevo, estamos com uma camarilha de corruptos e fascistas do mesmo grupo dos tucanos que destruíram o país nos anos noventa, anos que citei acima, e agora estão aí cortando em cada dia direitos sociais do povo brasileiro conquistados desde a Constituição Federal de 1988.

Não vi ainda o povo tomar de volta o poder que lhe roubaram. Não sei, não sabemos do amanhã para nós da classe trabalhadora.

Fim da reflexão. Não pode ser o fim disso tudo.

William

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