Podemos não gostar do que Freyre descreve e opina, mas é só olhar ao nosso redor e vemos todo o lixo autoritário dominante dos membros da casa-grande prevalecendo... |
Refeição Cultural
Estava agora pela manhã de domingo lendo o segundo capítulo do ensaio de 1933 de Gilberto Freyre, Casa-grande & senzala. O capítulo "O indígena na formação da família brasileira" traz muitos aspectos interessantes e curiosidades culturais, se considerarmos que somos bichos urbanos do século 21 num mundo sem conexão com o passado, com o passado coletivo e comum do povo brasileiro.
Esses ensaios e estudos de grandes pensadores brasileiros como Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Antonio Candido, Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda, dentre outros, pensando os intelectuais da primeira para a segunda metade do século 20, são para serem lidos lentamente, refletindo, observando ao redor para ver o nosso mundo e comparar se tem sentido ou não o que eles nos apontam como origens, males e benefícios do povo brasileiro.
Eu não tive a oportunidade de ler e estudar como gostaria na adolescência e vida adulta por causa de minha própria origem, no mundo miserável da classe trabalhadora brasileira. Nós povo sem posses e meios de produção trabalhamos desde pequenos por alguns tostões e assim seguimos quase até a morte na idade adulta e madura.
Tivemos alguma esperança no início do século 21 com governos progressistas no Brasil e América do Sul e com olhares mais voltados ao povo excluído das riquezas do país. Vieram os golpes da casa-grande.
Neste momento de nossas vidas sul-americanas, após as quedas de governos progressistas e mais inclusivos como, por exemplo, os do Partido dos Trabalhadores, nos vemos numa hecatombe de retrocessos seculares nos direitos gerais do povo brasileiro em benefício de uma pequena casta da elite (a casa-grande de sempre).
Será que um dia vamos superar esse domínio dos senhores da casa-grande? O domínio da casa-grande envolve todos, todos, os espaços da sociedade constituída desde a origem, basta ver o exemplo do caso brasileiro, uma terra invadida para ser colônia de exploração em função do império invasor.
Mudaram os impérios que dominam nossa terra de exploração; mudaram os séculos e as formas de exploração dos povos; não mudaram as relações de domínio da casa-grande sobre a massa do povo brasileiro. Nossa pequena elite segue sendo lesa-pátria, canalha e vil. Não mudaram a injustiça e a iniquidade da casa-grande e seus lacaios e capitães do mato em relação ao povo, a nós excluídos daquele 1% detentor de tudo.
Esses lacaios e capitães do mato dos membros da casa-grande estão hoje com roupagem nova: nos executivos e legislativos, nos espaços do judiciário, nos espaços de reprodução da ideologia da casa-grande - os meios de comunicação de massa. E pouca gente tem consciência de classe para enfrentar isso de forma coesa e coletiva.
E eu que tenho plena consciência de classe trabalhadora, que sei de que lado estou, nem posso chorar, me lamentar, sequer desistir ou morrer, porque sei que desistir não é uma opção. Só a luta coletiva e unitária do meu povo é que garante um fio de esperança contra toda essa merda que voltou a dominar o nosso querido país.
É isso!
William
Post Scriptum:
Desde muito jovem tenho o hábito de escrever minhas opiniões e após o advento da internet criei blogs para partilhar conhecimento e opiniões. Ao reler diários, memórias, reflexões, e revisar meus registros nos blogs que mantenho, vejo lá vários sinais e impressões do que poderia ocorrer no Brasil tempos depois. Vejo também o quanto foi importante registrar meu olhar sobre os acontecimentos porque somos humanos e nosso passado histórico é fundamental para pensar o futuro da humanidade.
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