quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Quinta-feira, 24 de outubro de 2024.


Opinião

Como militante de esquerda e como cidadão brasileiro, experimento nestes tempos sentimentos complexos, intensos e até antagônicos.

Em relação às lutas para elegermos Guilherme Boulos e Marta Suplicy para mudarmos para melhor a cidade de São Paulo, sei que poderia fazer mais, pois sempre é possível fazer mais nas ações das lutas de classe. 

Luna Zarattini virando votos no Rio Pequeno.

Sei, no entanto, do meu esforço para participar nos últimos meses das atividades políticas nas ruas e locais públicos para elegermos nossos projetos e nossos representantes políticos. Foi assim que elegemos Luna Zarattini vereadora de São Paulo e colocamos Boulos no 2º turno.

A professora Ione agita a bandeira de Boulos e Marta.

Foi emocionante e um momento ímpar ver hoje na campanha pela eleição de Boulos minha companheira de bandeira em mãos, adesivos e conversando com comerciantes e pessoas nas ruas virando votos no Rio Pequeno, bairro onde nascemos na Zona Oeste de São Paulo. A professora Ione não tem o hábito de fazer campanha de rua, corpo a corpo.

Muitos eleitores pediram adesivos 50 para mudar São Paulo.

Vendo essa cena de uma pessoa comum, que não é do mundo da política, no corpo a corpo com estranhos nas ruas, pedindo voto pelo projeto de São Paulo que queremos para a classe trabalhadora, me bate um sentimento estranho de que poderíamos ter feito mais neste segundo turno, poderíamos ter virado mais votos e diminuído a rejeição ao nosso candidato se partes das estruturas das campanhas do primeiro turno não tivessem sido encerradas no domingo dia 6. Acho isso um absurdo, de um egoísmo indevido em nosso lado da classe. A eleição de São Paulo é um projeto coletivo e não de fulana ou ciclano, de partido "a" ou "b".

Nasci nesta rua, no Rio Pequeno.

Por ter uma vida vivida no movimento organizado sindical e partidário, sei que ocorreram mudanças nas estruturas de campanha após o resultado das eleições no primeiro turno. Pode ser comum acontecer essa desmobilização após a não eleição de vereadores, mas não é correto diminuir a estrutura nas três semanas que definem a vitória de nosso projeto ou a derrota para nossos adversários.

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DIPLOMACIA BRASILEIRA DECIDIU NÃO SER MAIS "ATIVA E ALTIVA"

Aí, vejo aos 55 anos de idade, trinta anos mais politizado que na adolescência, o governo brasileiro, o nosso governo, que desenvolveu um conceito de diplomacia "Ativa e Altiva" nos governos do Partido dos Trabalhadores de 2003 a 2016, voltar a ser uma diplomacia vira-latas como foi nos piores governos do país, os do FHC e dos golpistas Temer e Bolsonaro. Uma diplomacia que fala grosso com os irmãos sul-americanos e de países subdesenvolvidos e fala mansinho com os países imperialistas e do Norte, ou do chamado "Ocidente".

O Brasil teve a desfaçatez de vetar a participação da Venezuela nos BRICS nesta semana. Nosso governo ficou do lado dos golpistas (EUA e o candidato laranja) na versão de que no país vizinho não há democracia. 

Democracia mesmo deve ser aquela dos Estados Unidos da América, onde quem tem mais votos não é eleito presidente. 

Ou então a França, onde o presidente (Macron) perde em julho uma eleição vergonhosamente, sendo salvo de ter que entregar o governo para a extrema-direita (Le Pen) pelo povo francês que elegeu uma coalização de centro-esquerda (Nova Frente Popular) para salvar o país. Que fez o presidente derrotado? Deu um golpe nos vitoriosos... O Brasil falou alguma coisa contra a França nos últimos meses depois desse golpe antidemocrático do direitista Macron? 

E as humilhações do governo de Israel ao governo Lula, tendo até embaixador sionista se encontrando com Bolsonaro para expor nosso presidente? Nosso embaixador que vetou a Venezuela nesta semana disse que o Brasil não vai romper com o governo que está promovendo a maior matança de crianças, mulheres, idosos e civis da história recente do planeta Terra.

Eu me senti tão sem graça ao conversar com um amigo cubano hoje. Ele sempre foi um grande admirador do presidente Lula e me disse que estava com uma dor profunda em seu coração ao ver o que o Brasil fez com a Venezuela em relação ao BRICS. Senti vergonha...

Post Scriptum: imagino que o senhor Luis, lá em Havana, tenha claro que ao vetar e prejudicar a Venezuela, o Brasil está, na prática, "bloqueando" o país que mais ajuda(va) Cuba na questão do combustível, essencial na vida do povo bloqueado cubano. Aí vem o Brasil falar em favor de Cuba contra o bloqueio norte-americano... palavras, palavras, palavras! Já que o Brasil vetou a Venezuela, o país vai enfrentar os EUA e fornecer combustíveis às termoelétricas de Cuba? (com diplomacia vira-latas, eu duvido)

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NA LUTA PARA ELEGER BOULOS E MARTA E MELHORAR A VIDA DO POVO PAULISTANO 

Enfim, como disse, sentimentos complexos, intensos e antagônicos.

Até domingo, as nossas energias estão focadas em salvar o povo paulista e brasileiro do projeto da extrema-direita bancada pelos donos do dinheiro do mundo.

Militância com Luna.

Tentei contribuir nestes meses para eleger nosso projeto de uma cidade mais humana e acolhedora para o povo. Não sei com o que vou me ocupar após as eleições municipais.

Sou uma pessoa que sabe de política. Mas talvez eu me esforce para deixar de vez essa dimensão tão importante da vida humana.

Amigas e amigos leitores, votem 50 Boulos e conversem com seus familiares e conhecidos até domingo 27. Vamos melhorar São Paulo?

William


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