domingo, 22 de maio de 2011

Sociedade dos Poetas Mortos - Carpe Diem

CARPE DIEM!
SEIZE THE DAY!
APROVEITE O SEU DIA!

A opressão, a falta de liberdade abordada no excelente filme de Peter Weir (1989) é aquela opressão vivida pelos jovens de classe média da geração anterior, ou seja, a geração dos anos sessenta.

Eu era o jovem dos anos oitenta. Entretanto, como fui pobre e meus pais pertenciam à grande massa de excluídos dos anos oitenta daquele Brasil para poucos - para os sócios da ditadura militar -, não tive aquela opressão juvenil retratada no filme para ser médico, engenheiro ou advogado.

Fui trabalhador braçal juvenil, assim como quase todos de minha geração dos oitenta. E nos noventa virei trabalhador bancário.

A mensagem do filme Sociedade dos Poetas Mortos nos tocou muito na época. A nós, jovens miseráveis dos anos oitenta, nos encheu de desejos a tal ideia do CARPE DIEM, pois também queríamos viver o presente e sermos felizes.


JOVENS DE HOJE

Fico vendo nossos jovens de hoje, uma geração depois, e fico meio agoniado com o quanto o mundo mudou em apenas uma geração.

Que opressão tem meu filho ou o seu? Eles é que decidem o que querem fazer. Não vivemos em uma ditadura "formal" (apesar de vivermos sob a ditadura do capitalismo financeiro e midiático global).

Hoje, a questão dos ideais juvenis me parece bastante diferente e também não quer dizer que a minha impressão seja a regra. Me parece que eles não querem fazer nada. Nada.

Carpe diem!
Aproveitar o dia virou algo como estar em jogos eletrônicos ou redes sociais 24 horas por dia, numa não-vida virtual.

Carpe diem!
Quando ando e vejo quase 90% das pessoas em seus mundos particulares com seus fones de ouvidos no trem, metrô, bikes, a pé, em grupo mas com fone, eu me desespero.

Até acho que esta geração ainda atenda a chamados de suas redes ou grupos para alguma coisa coletiva, alguma atividade, mas é tudo muito desvinculado ou episódico. Não muda nada da vida real.


A ETAPA ATUAL DO CAPITALISMO E O FIM DO VALOR SOCIAL DO TRABALHO

O capitalismo do século XXI está acabando com o valor social do trabalho.

Algumas empresas mandam nos poderes instituídos - executivos, legislativos, judiciários e meios de comunicação - e de fato brincam com o mundo, o mundo geográfico e o humano.

O mundo do trabalho caminha a largos passos para ser mundialmente precarizado, informal, desregulamentado e sem direitos sociais.

Carpe diem!
Hoje, grande parte dos jovens já têm a liberdade de escolha.

E nós não estamos conseguindo aglutinar os jovens para a mãe de todas as lutas. Lutar pelo direito ao trabalho decente e de remuneração justa com direitos sociais. Luta contra a terceirização, contra o assédio moral e as más condições de trabalho.


MEU DESEJO (MAIS QUE UTOPIA)

O meu desejo é criar uma espécie de Sociedade dos Poetas Mortos não só para ler poesias e saborear o sonho do amor, do prazer e da felicidade individual.

O meu desejo é criar uma Sociedade dos Poetas Mortos com lideranças que organizem suas redes sociais para buscar mudanças para HOJE em relação ao que diz respeito ao mundo do trabalho e da política.

Meu desejo é organizar os jovens poetas para a mudança do mundo real. Que nossos jovens poetas aglutinem jovens trabalhadores, estudantes e militantes para atuar junto ao Sindicato contra as reestruturações produtivas do capital - no nosso caso o financeiro - que quer nos retirar todos os direitos conquistados em um século de lutas.

Convido os jovens bancários e bancárias, e os experientes também, a participarem dessa luta conosco. Os bancários e os sindicatos terão que enfrentar lutas mais intensas a cada dia contra os banqueiros públicos e privados, para mantermos o nosso direito de existir, existir com direitos e condições decentes.

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