No dia 21 de setembro de 2011, os EUA assassinaram mais um homem (negro) no estado sulista da Geórgia: Troy Davis. Ele morreu com uma injeção letal aplicada pelo Estado. É um dos casos mais polêmicos dos últimos anos porque seu processo é eivado de senões e falsos testemunhos.
O texto brilhante de Eric Nepomuceno publicado na Carta Maior me deixou deprimido com o fato. Estava nos meus planos assistir a outra coisa neste fim de semana – vinha assistindo aos cinco filmes da série Planeta dos Macacos dos anos setenta. Mas busquei em minha estante o filme de Alan Parker sobre o tema pena de morte.
Quando vi o filme pela primeira vez, fiquei muito incomodado. Eu ainda estava repensando meu posicionamento a respeito do tema, pois até os anos noventa era favorável à pena de morte. Faltava-me muita cultura humanista, indispensável ao ser humano, e eu era muito ignorante.
Assisti ao filme desta vez com muito mais atenção. Como é importante assistir a bons filmes mais de uma vez! Além da direção de Alan Parker ser muito boa, as atuações de Kate Winslet e Kevin Spacey são brilhantes. Não conheço filme algum de Spacey que não seja de uma interpretação impecável.
Aula de filosofia do professor Gale
Anotei uma parte da exposição da aula do professor David Gale aos jovens universitários. Ele falava sobre os desejos e os objetivos em nossas vidas.
Explicava sobre a importância dos desejos serem quase inatingíveis, pois muitas vezes alcançamos os nossos sonhos e quando o objeto do desejo é conquistado já não nos interessa mais. Após mais algumas explicações, falou o seguinte sobre Lacan:
“A lição de Lacan é... viver de desejos não traz a felicidade. O verdadeiro significado do ser humano é a luta para viver por ideias e ideais... e não para medirmos a vida pelo que obtivemos em termos de desejos, mas pelos momentos de integridade, compaixão, racionalidade e até... auto-sacrifício. Porque no final, a única forma de medir o significado de nossas vidas é valorizando a vida dos outros”
Cara, essa cena da aula e este debate filosófico é a chave para tudo o que se passa no filme A vida de David Gale.
Não contarei o desfecho da história, pois assim como ocorre comigo ao não conhecer muitos filmes bons, várias pessoas podem ainda não terem visto esse excelente filme. Tem sido assim cada vez que busco um filme já antigo e inédito para mim que aborda um determinado tema. Fiquei muito impressionado quando assisti também sobre pena de morte o filme – Os últimos passos de um homem -, com Sean Penn e Susan Sarandon, de 1995.
Fiquei novamente cismando sobre várias coisas após o filme. Na primeira vez que o vi, busquei imediatamente em minha estante A apologia de Sócrates, texto que aborda o julgamento do filósofo grego Sócrates. Li as duas versões que tenho: a de Platão e a de Xenofonte.
Nesta vez, estou aqui pensando sobre ideias e ideais. Sobre fazer valer a pena a nossa existência, nem que seja para tornar a vida dos outros melhor.
A dura decisão das personagens desse filme nos ensina alguma coisa. Não tenho de forma alguma a vida que gostaria, não tenho. Mas procuro levar uma vida que ao menos tente melhorar o mundo em que vivemos e a vida das pessoas que nele habitam.
No final sei que somos só um fragmento ínfimo, mas pertencemos a um todo.
Vejam também o artigo de Eric Nepomuceno.
Vejam também o artigo de Eric Nepomuceno.
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