Refeição Cultural
Dias atrás, em meio ao meu estresse das cerca de quinze
horas de trabalho diárias (há várias semanas) para preparar o 24º Congresso
Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, me veio por acaso, em um
instante, este vídeo de Carl Sagan sobre o nosso Mundo, nosso único e solitário
ponto de vida no vasto Universo.
Quedei perplexo naquele instante, emocionado com um vídeo de
astronomia que tanto me falou.
Acabei decidindo passá-lo na abertura do congresso para
pedir tratamento respeitoso e gentil àquelas pessoas especiais que ali estariam
para debater formas de combater as mazelas de um banco aos seus funcionários e,
por que não dizer, debater as formas de mudar o rumo suicida que nossa
civilização capitalista está levando adiante.
Fiquei pensando em tanta coisa. Fizemos o congresso. Avalio que
foi positivo e, em geral, as pessoas foram tolerantes e bastante solidárias nos
debates.
***
Sigo pensando sobre a Vida e o sentido de tudo que estamos
fazendo, em tudo que estou fazendo.
Faz tempo que escrevo que não estou cansado de lutar, porque
nasci na classe trabalhadora, pertenço a ela e vou lutar até morrer. Aliás, não
tenho nenhum desejo de mudar de lado e pertencer à classe dominante do sistema
capitalista. Quero derrubar o sistema capitalista. Não quero mudar de lado e
virar algoz e explorador.
Mas me preocupa muito o rumo que nós humanos estamos dando
ao nosso único e pálido ponto azul no Universo, da maneira como estamos lidando
com ele nesses duzentos e poucos anos de exploração capitalista.
O ser humano, como o conhecemos, tem vivido há algumas dezenas de
milhares de anos sobre as partes sólidas do planeta Terra. As populações
originárias viveram modificando o planeta com suas tecnologias de adaptação e
melhorias para a vida humana.
Mas não fizemos com o planeta em dezenas de milhares de anos
o que fizemos nestes últimos duzentos anos. O sistema capitalista baseado na
criação do desejo no fetiche da matéria e no modelo seguinte de qualquer
bugiganga faz com que se comece a temer pela vida nas próximas décadas. Estamos exterminando com velocidade exponencial o mundo vegetal e animal que se constituiu em milhões
de anos.
***
Eu sempre quis um tempo pra ler, escrever e refletir sobre a
Vida em si, sobre a razão da existência das coisas e sempre busquei sentido e
um pouco de paz neste curto espaço de tempo que é uma vida humana neste pálido
ponto azul no Universo.
Nos últimos anos, não tenho tido um átimo de tempo sequer
para esta minha busca. Já perdi minha vovó Cornélia, minha tia Alice. Pessoas que
me davam um sentido em lutar por um mundo melhor pelo quanto elas eram
inocentes e puras em suas simplicidades. Minha mãezinha Dirce e meu paizinho
Gercir são ainda dois fortes vínculos de amor puro e simples neste meu instante de existência
neste pálido ponto azul em que respiramos. São idosos e estão cheios de
problemas de saúde e nas filas intermináveis de espera do SUS. E eu mal tenho visto meus paizinhos lá em Minas Gerais. Quando eles não estiverem mais comigo, não vai adiantar me lamentar sobre o tempo perdido.
***
Não liguei o celular pela manhã. Não consegui levantar cedo
porque ainda estou mal de saúde. Mesmo assim, saí para correr um pouco pra ver
se acho a Vida em mim. Vou pro trabalho agora. Sou bancário dirigente sindical. Meu
salário é de seis horas de trabalho como escriturário, mas ainda vou trabalhar
umas dez horas hoje. Sei disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário