quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Vida no pálido ponto azul do Universo



Refeição Cultural

Dias atrás, em meio ao meu estresse das cerca de quinze horas de trabalho diárias (há várias semanas) para preparar o 24º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, me veio por acaso, em um instante, este vídeo de Carl Sagan sobre o nosso Mundo, nosso único e solitário ponto de vida no vasto Universo.

Quedei perplexo naquele instante, emocionado com um vídeo de astronomia que tanto me falou.

Acabei decidindo passá-lo na abertura do congresso para pedir tratamento respeitoso e gentil àquelas pessoas especiais que ali estariam para debater formas de combater as mazelas de um banco aos seus funcionários e, por que não dizer, debater as formas de mudar o rumo suicida que nossa civilização capitalista está levando adiante.

Fiquei pensando em tanta coisa. Fizemos o congresso. Avalio que foi positivo e, em geral, as pessoas foram tolerantes e bastante solidárias nos debates.

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Sigo pensando sobre a Vida e o sentido de tudo que estamos fazendo, em tudo que estou fazendo.

Faz tempo que escrevo que não estou cansado de lutar, porque nasci na classe trabalhadora, pertenço a ela e vou lutar até morrer. Aliás, não tenho nenhum desejo de mudar de lado e pertencer à classe dominante do sistema capitalista. Quero derrubar o sistema capitalista. Não quero mudar de lado e virar algoz e explorador.

Mas me preocupa muito o rumo que nós humanos estamos dando ao nosso único e pálido ponto azul no Universo, da maneira como estamos lidando com ele nesses duzentos e poucos anos de exploração capitalista.

O ser humano, como o conhecemos, tem vivido há algumas dezenas de milhares de anos sobre as partes sólidas do planeta Terra. As populações originárias viveram modificando o planeta com suas tecnologias de adaptação e melhorias para a vida humana.

Mas não fizemos com o planeta em dezenas de milhares de anos o que fizemos nestes últimos duzentos anos. O sistema capitalista baseado na criação do desejo no fetiche da matéria e no modelo seguinte de qualquer bugiganga faz com que se comece a temer pela vida nas próximas décadas. Estamos exterminando com velocidade exponencial o mundo vegetal e animal que se constituiu em milhões de anos.

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Eu sempre quis um tempo pra ler, escrever e refletir sobre a Vida em si, sobre a razão da existência das coisas e sempre busquei sentido e um pouco de paz neste curto espaço de tempo que é uma vida humana neste pálido ponto azul no Universo.

Nos últimos anos, não tenho tido um átimo de tempo sequer para esta minha busca. Já perdi minha vovó Cornélia, minha tia Alice. Pessoas que me davam um sentido em lutar por um mundo melhor pelo quanto elas eram inocentes e puras em suas simplicidades. Minha mãezinha Dirce e meu paizinho Gercir são ainda dois fortes vínculos de amor puro e simples neste meu instante de existência neste pálido ponto azul em que respiramos. São idosos e estão cheios de problemas de saúde e nas filas intermináveis de espera do SUS. E eu mal tenho visto meus paizinhos lá em Minas Gerais. Quando eles não estiverem mais comigo, não vai adiantar me lamentar sobre o tempo perdido.

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Não liguei o celular pela manhã. Não consegui levantar cedo porque ainda estou mal de saúde. Mesmo assim, saí para correr um pouco pra ver se acho a Vida em mim. Vou pro trabalho agora. Sou bancário dirigente sindical. Meu salário é de seis horas de trabalho como escriturário, mas ainda vou trabalhar umas dez horas hoje. Sei disso.


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