Apresentação do Blog:
Olá leitores amig@s,
Ao fazer minhas leituras matutinas neste domingo, me peguei descabriado.
Outro dia, havia postado aqui o meu desacorçoo (ler AQUI). Hoje estou descabriado. O mundo como o conhecemos está se desfazendo. Me parece que as ficções do século 19 e 20 sobre mundos distópicos, mundos apocalípticos, deixarão de ser ficção e se tornarão realidade.
Em meio à prevalência do estado natural do mundo animal (O leviatã, Thomas Hobbes), onde predomina a lei do mais forte e mais adaptado, e onde nós mamíferos humanos somos só mais uma espécie, o mundo humano alternou nas civitas, nas comunidades organizadas, de tempos em tempos, momentos de um pouco mais de prevalência de valores solidários, cooperativos, em sociedades humanas com limites ao poder totalitário e com mecanismos de maior democracia ou direitos coletivos.
No mundo ocidental no século 20, isso ocorreu depois das duas grandes guerras mundiais. Apesar do mundo passar a ser bipolar entre dois modelões antagônicos - Capitalismo x Socialismo -, havia um pouco mais de valores centrados nos seres humanos. Essa é a minha impressão.
E para onde caminhamos na atual fase do capitalismo global? Qual o valor de um ser humano neste tabuleiro onde as peças dos grandes players se movem? O que valho eu, você, a Dirce, minha mãezinha, o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva? Quanto vale a vida do garotinho de 13 anos morto recentemente em frente ao Habib's (em São Paulo), ao que tudo indica pelos seguranças desta corporação?
Quem acredita que a minha existência tem o mesmo valor que a existência do dono do Facebook, ou dos irmãos Marinho?
Caminhamos ou já adentramos nos mundos ficcionais do 1984, de Orwell, ou no mundo Matrix, dos irmãos Wachowski. O previsto no Admirável Mundo Novo, de Huxley, já se tornou realidade. Nossa sociedade humana pós-crise do subprime (2008) e a disputa pelo que resta de petróleo no mundo já é a realidade apocalíptica Mad Max (que importa destruir uma dúzia de nações para ceder os poços de petróleo que restam para as Sete Irmãs do imperialismo do Norte?).
O Facebook confessou recentemente (matéria abaixo) que seu projeto de expansão global é político e de hegemonia. Assim como já é disputado por outras corporações do mundo cada metro quadrado do Planeta e cada neurônio disponível dos sete bilhões de mamíferos humanos. Com a velocidade da pregação de mentiras nas redes sociais, principalmente através de ferramentas como o Facebook, a pós-verdade é a nova ordem mundial)
E eu pergunto: o nosso histórico um ou dois por cento de lideranças do campo dos trabalhadores, dos explorados, do lado progressista, que conseguiu através das organizações sindicais e populares fazer enfrentamentos contra esse sistema desde pelo menos a revolução industrial, onde está? Temos um milheiro de pessoas do nosso campo, unidos e engajados neste momento em organizar a contra-ofensiva à dominação de nós todos por esses poucos donos de tudo? Temos NADA! Estão todos divididos disputando ninharias de estrutura de poder sindical.
Na boa, vou dar a minha opinião sobre uma suposta possibilidade de Lula ser candidato a uma suposta eleição para a presidência do que sobrou do Brasil devastado e em devastação pós-golpe organizado pelos lesa-pátrias: SEM TRABALHO DE BASE REAL, Lula não ganha a eleição contra nenhum candidato da nova ordem mundial. NÃO GANHA!
Na boa, vou dar a minha opinião sobre uma suposta possibilidade de Lula ser candidato a uma suposta eleição para a presidência do que sobrou do Brasil devastado e em devastação pós-golpe organizado pelos lesa-pátrias: SEM TRABALHO DE BASE REAL, Lula não ganha a eleição contra nenhum candidato da nova ordem mundial. NÃO GANHA!
O tempo passa. Só de ficar pensando nisso, meu domingo já foi... que saco! Segunda-feira bem cedo, retomo minha vida na luta "quase inglória" pela defesa da Cassi (e seu sistema contra-hegemônico) e dos direitos dos associados. É minha tarefa neste front-latifúndio-mundo.
Chega por hoje!
William
(reprodução de matéria)
Internet
Qual é o plano do Facebook para dominar o mundo?
Por Antonio Luiz M. C. Costa — publicado em Carta Capital, 05/03/2017 00h10, última modificação 03/03/2017 09h53
Mark Zuckerberg anuncia manifesto para construir uma comunidade global. Não é um exagero. Antes fosse
Seria de esperar, após a eleição de Donald Trump, alguma autocrítica por parte dos executivos do Facebook, mais eficiente das ferramentas para a difusão dos boatos e mensagens de ódio que contribuem para a ascensão da ultradireita no mundo.
Foram anunciadas em janeiro ideias sobre consultar agências especializadas na veracidade de notícias e restringir anúncios pagos em publicações de produtores contumazes de falsidades, até agora com poucos resultados práticos, mas faltava uma reflexão mais geral sobre o papel da rede.
Na quinta-feira 16, Mark Zuckerberg por fim a proporcionou – e o resultado é tão assustador quanto a própria ascensão da extrema-direita. Nesse manifesto de 6 mil palavras, “Construir a Comunidade Global”, exibe-se a pretensão não de aperfeiçoar um produto, mas de substituir os quatro poderes, mídia incluída, e ditar o destino do mundo. Alguns excertos:
“Nosso próximo foco será desenvolver infraestrutura social para a comunidade – para nos apoiar, para nos manter seguros, para nos informar, para o engajamento cívico e para a inclusão de todos. A história é a narrativa de como aprendemos a conviver em números cada vez maiores, de tribos a cidades e nações. Hoje estamos perto do próximo passo. O Facebook propõe-se a construir uma comunidade global. Questiona-se se podemos fazê-la funcionar para todos e se o caminho é conectar mais ou voltar para trás. Vozes temerosas pedem a construção de muralhas.
Nosso sucesso não se baseia apenas em se podemos capturar vídeos e compartilhá-los com amigos. É sobre se estamos construindo uma comunidade que ajude a nos manter seguros, que previna danos, ajude nas crises e na posterior reconstrução. Nenhuma nação pode resolver esses problemas sozinha.
Os atuais sistemas da humanidade são insuficientes. Esperei muito por organizações e iniciativas para construir ferramentas de saúde e segurança por meio da tecnologia e fiquei surpreso por quão pouco foi tentado. Há uma oportunidade real de construir uma infraestrutura de segurança global e direcionei o Facebook para investir mais recursos para atender a essa necessidade”.
O Facebook, conhecido em toda parte por se esquivar de impostos e de responsabilidades legais e morais, propõe-se a exercer em escala mundial funções típicas de um governo – se não também de uma igreja – e ainda monopolizar o acesso à informação. Se Zuckerberg tivesse anunciado abertamente a intenção de se candidatar à Presidência dos EUA, como chegou a se especular há algumas semanas, seria menos preocupante.
Ganhar bilhões com convencer as pessoas a desnudar a alma na internet e vender informações sobre elas a empresas e políticos já é ruim o suficiente. Enquanto Hillary Clinton conduziu uma campanha pela tevê difundida ao público geral, Trump baseou-se na rede social para direcionar anúncios a segmentos específicos e testar as reações a pequenas variações.
Propaganda anti-imigração, por exemplo, foi especialmente direcionada aos fãs de The Walking Dead após se constatar uma forte correlação entre xenofobia e o gosto pelo seriado e escondida de setores (latinos, por exemplo) que a consideravam antipática.
Com esse manifesto o Facebook propõe-se, porém, não apenas a catalogar identidades, opiniões, preferências, relações sociais e comunidades para lucro financeiro ou político de terceiros, mas a moldá-las e administrá-las conforme a visão da equipe de Zuckerberg, que não presta contas à democracia nem a ninguém, enquanto torna cada vez mais dependente dessa “infraestrutura” a busca de relacionamentos sociais, afetivos e profissionais e até o deslocamento no mundo real: uma viagem à Florida pode hoje depender da abertura de uma conta na rede social às autoridades dos EUA e estas ficarem satisfeitas com o que virem.
À luz dessa realidade, estes trechos soam ameaçadores: “Em campanhas recentes, dos EUA à Índia, passando pela Europa, vimos vencerem os candidatos com seguidores (no Facebook) mais numerosos e entusiasmados. Podemos estabelecer o diálogo e a prestação de contas diretamente com os líderes eleitos”. Conforme pergunta uma jornalista do Guardian, Carole Cadwalladr, como reagiríamos se Zuckerberg se chamasse Mikhail e sua empresa fosse sediada em Moscou?
Acrescente-se que, no Brasil, 55% pensam que o Facebook é a internet, assim como 58% na Índia, 61% na Indonésia e 65% na Nigéria, diz pesquisa da revista Quartz de fevereiro de 2015. A maioria dessas pessoas jamais pagará assinaturas físicas ou digitais de jornais e revistas e aceitará a informação como for apresentada na rede de Zuckerberg.
A possibilidade de descobrir outra coisa nem sequer existe para os mais de 40 milhões de usuários da internet.org, parceria de Zuckerberg com empresas de telecomunicações que oferece conexão grátis limitada ao Facebook e Wikipédia em vários países da América Latina, África e Ásia.
A seleção dessa informação tem sido baseada em grande parte em usuários dispostos a prestar serviços gratuitos como cobaias, editores e curadores. Os algoritmos sabidamente selecionam o que é apresentado em função de preferências anteriores, pois os usuários permanecem mais tempo ligados e clicam mais anúncios se não forem tirados de suas zonas de conforto.
Como também é notório, a exclusão de postagens e a suspensão ou expulsão de usuários baseiam-se em critérios ridículos, indiferentes a mentiras, mensagens de ódio e cenas de violência, impiedosos contra imagens de mamilos e nus artísticos e submissos a qualquer grupo organizado disposto a denunciar em massa quem postar mensagens – na maioria das vezes, feministas ou antirracistas – que lhes desagradem. Como será no futuro?
Zuckerberg conta com inteligências artificiais capazes de assinalar postagens “ofensivas” e capacitar os usuários a fazer sua própria censura: “Onde está seu limite para nudez, violência, imagens chocantes e obscenidades? Você decidirá suas preferências pessoais. Para quem não tomar uma decisão, a configuração predefinida será da maioria das pessoas de sua região, como em um referendo”.
Quem morar em uma região conservadora, verá apenas mensagens selecionadas por critérios conservadores. Em tese poderá decidir por outros filtros, mas, se acaso conseguir decifrar o funcionamento dos opacos algoritmos da rede, seu inconformismo logo será óbvio para os demais usuários e as autoridades.
Ao menos caiu a máscara com a qual o Facebook se apresentava como uma plataforma neutra para mensagens de responsabilidade de terceiros. Admitiu uma agenda política com o objetivo de conformar o mundo ao seu gosto e a um ideal tecnocrático que, tanto quanto o autoritarismo racista de Trump e Le Pen, fede aos anos 1930 e neles foi satirizado por Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo. Cabe a quem acredita na democracia desafiá-la e buscar os meios de tirar do monopólio privado os meios de ditar a opinião e o interesse público.
Quem conhece e controla as conexões governará o mundo, sabe Zuckerberg. |
Internet
Qual é o plano do Facebook para dominar o mundo?
Por Antonio Luiz M. C. Costa — publicado em Carta Capital, 05/03/2017 00h10, última modificação 03/03/2017 09h53
Mark Zuckerberg anuncia manifesto para construir uma comunidade global. Não é um exagero. Antes fosse
Seria de esperar, após a eleição de Donald Trump, alguma autocrítica por parte dos executivos do Facebook, mais eficiente das ferramentas para a difusão dos boatos e mensagens de ódio que contribuem para a ascensão da ultradireita no mundo.
Foram anunciadas em janeiro ideias sobre consultar agências especializadas na veracidade de notícias e restringir anúncios pagos em publicações de produtores contumazes de falsidades, até agora com poucos resultados práticos, mas faltava uma reflexão mais geral sobre o papel da rede.
Na quinta-feira 16, Mark Zuckerberg por fim a proporcionou – e o resultado é tão assustador quanto a própria ascensão da extrema-direita. Nesse manifesto de 6 mil palavras, “Construir a Comunidade Global”, exibe-se a pretensão não de aperfeiçoar um produto, mas de substituir os quatro poderes, mídia incluída, e ditar o destino do mundo. Alguns excertos:
“Nosso próximo foco será desenvolver infraestrutura social para a comunidade – para nos apoiar, para nos manter seguros, para nos informar, para o engajamento cívico e para a inclusão de todos. A história é a narrativa de como aprendemos a conviver em números cada vez maiores, de tribos a cidades e nações. Hoje estamos perto do próximo passo. O Facebook propõe-se a construir uma comunidade global. Questiona-se se podemos fazê-la funcionar para todos e se o caminho é conectar mais ou voltar para trás. Vozes temerosas pedem a construção de muralhas.
Nosso sucesso não se baseia apenas em se podemos capturar vídeos e compartilhá-los com amigos. É sobre se estamos construindo uma comunidade que ajude a nos manter seguros, que previna danos, ajude nas crises e na posterior reconstrução. Nenhuma nação pode resolver esses problemas sozinha.
Os atuais sistemas da humanidade são insuficientes. Esperei muito por organizações e iniciativas para construir ferramentas de saúde e segurança por meio da tecnologia e fiquei surpreso por quão pouco foi tentado. Há uma oportunidade real de construir uma infraestrutura de segurança global e direcionei o Facebook para investir mais recursos para atender a essa necessidade”.
O Facebook, conhecido em toda parte por se esquivar de impostos e de responsabilidades legais e morais, propõe-se a exercer em escala mundial funções típicas de um governo – se não também de uma igreja – e ainda monopolizar o acesso à informação. Se Zuckerberg tivesse anunciado abertamente a intenção de se candidatar à Presidência dos EUA, como chegou a se especular há algumas semanas, seria menos preocupante.
Ganhar bilhões com convencer as pessoas a desnudar a alma na internet e vender informações sobre elas a empresas e políticos já é ruim o suficiente. Enquanto Hillary Clinton conduziu uma campanha pela tevê difundida ao público geral, Trump baseou-se na rede social para direcionar anúncios a segmentos específicos e testar as reações a pequenas variações.
Propaganda anti-imigração, por exemplo, foi especialmente direcionada aos fãs de The Walking Dead após se constatar uma forte correlação entre xenofobia e o gosto pelo seriado e escondida de setores (latinos, por exemplo) que a consideravam antipática.
Com esse manifesto o Facebook propõe-se, porém, não apenas a catalogar identidades, opiniões, preferências, relações sociais e comunidades para lucro financeiro ou político de terceiros, mas a moldá-las e administrá-las conforme a visão da equipe de Zuckerberg, que não presta contas à democracia nem a ninguém, enquanto torna cada vez mais dependente dessa “infraestrutura” a busca de relacionamentos sociais, afetivos e profissionais e até o deslocamento no mundo real: uma viagem à Florida pode hoje depender da abertura de uma conta na rede social às autoridades dos EUA e estas ficarem satisfeitas com o que virem.
À luz dessa realidade, estes trechos soam ameaçadores: “Em campanhas recentes, dos EUA à Índia, passando pela Europa, vimos vencerem os candidatos com seguidores (no Facebook) mais numerosos e entusiasmados. Podemos estabelecer o diálogo e a prestação de contas diretamente com os líderes eleitos”. Conforme pergunta uma jornalista do Guardian, Carole Cadwalladr, como reagiríamos se Zuckerberg se chamasse Mikhail e sua empresa fosse sediada em Moscou?
Acrescente-se que, no Brasil, 55% pensam que o Facebook é a internet, assim como 58% na Índia, 61% na Indonésia e 65% na Nigéria, diz pesquisa da revista Quartz de fevereiro de 2015. A maioria dessas pessoas jamais pagará assinaturas físicas ou digitais de jornais e revistas e aceitará a informação como for apresentada na rede de Zuckerberg.
A possibilidade de descobrir outra coisa nem sequer existe para os mais de 40 milhões de usuários da internet.org, parceria de Zuckerberg com empresas de telecomunicações que oferece conexão grátis limitada ao Facebook e Wikipédia em vários países da América Latina, África e Ásia.
A seleção dessa informação tem sido baseada em grande parte em usuários dispostos a prestar serviços gratuitos como cobaias, editores e curadores. Os algoritmos sabidamente selecionam o que é apresentado em função de preferências anteriores, pois os usuários permanecem mais tempo ligados e clicam mais anúncios se não forem tirados de suas zonas de conforto.
Como também é notório, a exclusão de postagens e a suspensão ou expulsão de usuários baseiam-se em critérios ridículos, indiferentes a mentiras, mensagens de ódio e cenas de violência, impiedosos contra imagens de mamilos e nus artísticos e submissos a qualquer grupo organizado disposto a denunciar em massa quem postar mensagens – na maioria das vezes, feministas ou antirracistas – que lhes desagradem. Como será no futuro?
Zuckerberg conta com inteligências artificiais capazes de assinalar postagens “ofensivas” e capacitar os usuários a fazer sua própria censura: “Onde está seu limite para nudez, violência, imagens chocantes e obscenidades? Você decidirá suas preferências pessoais. Para quem não tomar uma decisão, a configuração predefinida será da maioria das pessoas de sua região, como em um referendo”.
Quem morar em uma região conservadora, verá apenas mensagens selecionadas por critérios conservadores. Em tese poderá decidir por outros filtros, mas, se acaso conseguir decifrar o funcionamento dos opacos algoritmos da rede, seu inconformismo logo será óbvio para os demais usuários e as autoridades.
Ao menos caiu a máscara com a qual o Facebook se apresentava como uma plataforma neutra para mensagens de responsabilidade de terceiros. Admitiu uma agenda política com o objetivo de conformar o mundo ao seu gosto e a um ideal tecnocrático que, tanto quanto o autoritarismo racista de Trump e Le Pen, fede aos anos 1930 e neles foi satirizado por Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo. Cabe a quem acredita na democracia desafiá-la e buscar os meios de tirar do monopólio privado os meios de ditar a opinião e o interesse público.
Fonte: Carta Capital
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