domingo, 19 de março de 2017

Diário e reflexões - 190317 (Leituras filosóficas)



Estou numa sequência de leituras para aprofundamento
de minhas reflexões sobre a vida e o mundo ao meu redor.

Refeição Cultural


Domingo acabando. Eu confesso que estou cansado ainda. Mas já vamos para mais uma semana de trabalho, que no nosso caso é sempre semana de lutas, haja vista que atuamos em entidade de saúde no modelo de gestão compartilhada entre indicados pelo patrão e eleitos pelos associados. Apesar da civilidade e urbanidade, há divergências de opinião nas decisões técnicas e políticas, de vez em quando.

Uma questão na vida política e social de nosso País que merece nossa alegria foi o evento político do fim de semana com o ex-presidente Lula e com a ex-presidenta Dilma Rousseff na inauguração na Paraíba da mega construção que levou água do Rio São Francisco ao povo dos Estados do Nordeste do Brasil. Quase tudo é possível quando se pensa em políticas públicas, basta vontade e foco dos governantes na realização de melhorias estruturais. Lula nunca esqueceu sua origem e para quem ele governou de forma prioritária: o povo mais humilde e carente do País, a classe trabalhadora.

Fiz um esforço para dedicar meu tempo de fim de semana ao meu filho, que veio nos visitar, e no tempinho que sobrou procurei ler para alimentar meu próprio eu. Assisti com ele animes, vi episódios da série Vikings, saímos para comer fora no sábado e hoje brincamos juntos com bola de futebol americano.

Já li quatro textos do livro Tecnologia, Cultura e Formação... Ainda Auschwitz, e todos me levaram a reflexões sobre várias coisas do momento em que estamos vivendo, sobre a própria vida e sobre minha posição no mundo.

Vou registrar alguns trechos que gostei dos artigos.


Apresentação (do livro)

Tecnologia, cultura e formação... ainda Auschwitz - Bruno Pucci

"Os pensadores frankfurtianos clássicos preocuparam-se sobremaneira com a problemática do avanço técnico no mundo contemporâneo, Horkheimer, em seu livro Eclipse da razão, interroga-se sobre a ambiguidade do progresso gerado pela aplicação das tecnologias em seu tempo, os anos 1950:

'Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte de atividade e do pensamento humano, a autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação de massas, o seu poder de imaginação e e o seu juízo independente sofreram aparentemente uma redução. O avanço de recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de desumanização. Assim, o progresso ameaça anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a ideia de homem'..."

A seguir, o mesmo Horkheimer, junto com Adorno, é citado pelo articulista, na obra Dialética do esclarecimento:

"Ao examinarem o potencial admirável que o homem tem em mãos, graças ao avanço técnico, de acabar com a fome no mundo, constataram, sombriamente, o avesso dos sonhos prometidos pelos criadores da ciência moderna: 'Na medida em que cresce a capacidade de eliminar duradouramente toda miséria, cresce também desmesuradamente a miséria enquanto antítese da potência e da impotência'. A mesma constatação pode ser feita, hoje em dia, no campo da formação cultural. A um crescimento vertiginoso das novas tecnologias de informação e de aculturação contrapõe-se uma expansão espantosa do analfabetismo e da deformação cultural"

E ainda nesta sequência, Pucci cita Marx para nos fazer recordar algo básico do mundo burguês e da exploração da mão-de-obra:

"O que há de errado em tudo isso? Marx já constatava, muito tempo atrás, que a tecnologia é trabalho acumulado. Suas modificações surgem das contradições sociais: de um lado, ela aumenta a riqueza social e o domínio sobre a natureza; de outro, aumenta a alienação do trabalhador e acresce de mais-valia o capital. 'A maquinaria é meio para produzir mais-valia'..."

Estes excertos acima são um tiquinho do que já li nesta obra de fôlego.

E pensar que o livro citado de Horkheimer e Adorno, Dialética do esclarecimento, é dos anos 1940... nem tinha toda a tecnologia que temos hoje, incluindo a rede mundial de computadores, as redes sociais e o mundo da comunicação nas mãos de alguns bilionários e corporações...

Ficamos por aqui na postagem de reflexão.

William

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