Quem manda no mundo, nos pergunta Chomsky? Até o momento, o Capital e seus detentores, avalio. |
Refeitório Cultural
"A riqueza das sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em 'imensa acumulação de mercadorias', e a mercadoria, isoladamente considerada, é a forma elementar dessa riqueza. Por isso, nossa investigação começa com a análise da mercadoria" (Karl Marx, O Capital, Livro I, Primeira Parte)
A mercadoria é considerada por Marx "um objeto externo" que "satisfaz necessidades humanas", sejam quais forem elas. As coisas possuem uma "virtude intrínseca", um valor de uso, mas a utilidade das coisas "constituem fatos históricos" através da descoberta dos diferentes modos, das diversas maneiras de usar as coisas, e isso varia no tempo.
"A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso". Marx vai depois diferenciar "valor de uso" e "valor de troca" no sentido de mercadoria. Coisas como ferro, trigo e diamante têm um valor de uso intrínseco a elas mesmas.
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Marx: "O valor de uso só se realiza com a utilização e o consumo. Os valores de uso constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social dela. Na forma de sociedade que vamos estudar, os valores de uso são, ao mesmo tempo, os veículos materiais do valor de troca". (aqui, ele se refere a sociedade capitalista)
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Os valores de uso das coisas, das mercadorias, serão postos de lado quando se tratar de analisar valores de troca. A relação será outra na sociedade capitalista.
"As propriedades materiais só interessam pela utilidade que dão às mercadorias, por fazerem destas valores de uso. Põem-se de lado os valores de uso das mercadorias, quando se trata da relação de troca entre elas..."
Após discorrer com mais exemplos e citações sobre essa questão do valor de uso, Marx apresenta a questão do produto do trabalho nos valores das mercadorias.
"Se prescindirmos do valor de uso da mercadoria, só lhe resta ainda uma propriedade, a de ser produto do trabalho."
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Trabalho humano abstrato: "(...) Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados; desvanecem-se, portanto, as diferentes formas de trabalho concreto, elas não mais se distinguem umas das outras, mas reduzem-se, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho humano abstrato."
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Marx explica a questão da força de trabalho humana armazenada na produção das coisas: "(...) Como configuração dessa substância social que lhes é comum, são valores, valores-mercadorias."
De novo: "Um valor de uso ou um bem só possui, portanto, valor, porque nele está corporificado, materializado, trabalho humano abstrato..."
As coisas, as mercadorias, têm "valor" ou valor de troca porque têm determinada quantidade de trabalho nelas.
TEMPO DE TRABALHO SOCIALMENTE NECESSÁRIO PARA A PRODUÇÃO DE UM VALOR DE USO
Tempo de trabalho: "(...) Tempo de trabalho socialmente necessário é o tempo de trabalho requerido para produzir-se um valor de uso qualquer, nas condições de produção socialmente normais existentes e com o grau social médio de destreza e intensidade do trabalho."
O filósofo nos dá o exemplo de um tecelão que produza manualmente um tecido. Com a indústria produzindo tecidos com tear a vapor, o tempo de produção de tecidos caiu pela metade e apesar do tecelão manual gastar o mesmo tempo de antes, "o produto de sua hora individual de trabalho só representaria meia hora de trabalho social, ficando o valor anterior de seu produto reduzido à metade".
Marx diz que como valores, as mercadorias são apenas dimensões definidas do tempo de trabalho que nelas se cristaliza.
Concluo a leitura deste primeiro item do Capítulo I, que trata de "Mercadoria", citando o que Marx fala sobre a produtividade e o seu efeito nas questões de valor.
"Generalizando: quanto maior a produtividade do trabalho, tanto menor o tempo de trabalho requerido para produzir uma mercadoria, e, quanto menor a quantidade de trabalho que nela se cristaliza, tanto menor seu valor. Inversamente, quanto menor a produtividade do trabalho, tanto maior o tempo de trabalho necessário para produzir um artigo e tanto maior seu valor. A grandeza do valor de uma mercadoria varia na razão direta da quantidade e na inversa da produtividade do trabalho que nela se aplica."
Destes estudos, o cientista conclui que a substância do valor é o trabalho. Ele complementa explicando que a medida de sua magnitude é o tempo de trabalho.
COMENTÁRIO FINAL
Leitores amig@s, após ouvir por décadas falarem de Karl Marx e do marxismo e da obra O Capital (e dizem que a maior parte do que falam e interpretam é bobagem e equívocos), achei que era minha obrigação ler este clássico, obrigação de leitor e de interessado pelas questões do mundo do trabalho, da classe trabalhadora, e das sociedades humanas.
Essa parte que li é de leitura difícil por causa dos conceitos criados. Li várias vezes nestes dias. Digeri esses ensinamentos de Marx, afinal de contas esse blog se chama Refeitório Cultural por algum motivo justo: aqui lemos obras e textos, refletimos e colocamos nossas ideias, opiniões e registros para aquel@s que quiserem ler.
Enfim, tenho a opinião que estamos num dos momentos mais dramáticos da humanidade, pois a idiotização dos seres humanos está chegando ao ponto de haver uma espécie de "elogio da ignorância" ou uma "ignorância orgulhosa", ou seja, as pessoas têm orgulho de serem ignorantes. Que coisa bárbara!
Abraços e boas leituras!
William
Um leitor
Post Scriptum:
Fiz postagens sobre os prefácios às edições de O Capital, prefácios com Marx e depois com Engels, após a morte de Marx. Ler AQUI.
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