quarta-feira, 3 de abril de 2019

O mistério das violetas


Por que ambas foram cuidadas com o mesmo
carinho e atenção, e uma floresceu
e a outra morreu? Mistério.
Me pareceu uma alegoria
da vida humana.

Refeição Cultural

Há quase um ano, trouxe para casa dois vasos de violetas. Elas estavam na casa de meus pais, lá em Minas Gerais. Ficaram lá, quando mudamos para Brasília. Ao voltar para casa, após anos trabalhando fora, trouxe as violetas de volta.

Uma floresceu, está vistosa, exuberante. A outra definhou, foi minguando, até que morreu. É um mistério da natureza.

Quando passei a cuidar delas, dei exatamente o mesmo tratamento às duas. Aguei as violetas exatamente da mesma maneira, inclusive os recipientes são idênticos. 

Dei atenção a elas com todo o carinho com que cuido de flores e plantas. Ficaram no mesmo lugar em relação à temperatura e luminosidade.

Logo que elas chegaram a Osasco, tiveram infestação de pulgões. Eu tive a paciência de pegar um palito de dentes e tirar os pulgões diariamente das reentrâncias das folhas e caules. Todo santo dia fazia isso. Até que vencemos os pulgões.

O tempo passou. Cuidei delas com dedicação, tirando folhas velhas para brotarem novas folhas. Coloquei terra nova nos dois vasos.

Uma delas foi ficando viçosa, folhas novas brotando de tempo em tempo. Verde verde. Folhas durinhas. 

Por algum motivo, a outra não se desenvolveu. Foi sobrevivendo com as mesmas folhas. Foi minguando. Minguando.

Eis aí as duas. Uma floresceu e a outra morreu.

Hoje, fiquei pensando nessas duas violetas.

Me parece que ocorre o mesmo na existência humana, quando analisamos a vida sob determinada ótica.

Ao longo da existência, construímos relações humanas, relações sociais. Alimentamos e cuidamos de relações com entes queridos e conhecidos; nutrimos amizades e relacionamentos nos diversos espaços sociais em que vivemos. Damos e buscamos afetos, amizade, amor.

Algumas relações se fortalecem, florescem e dão flores, frutos. Outras, por mais que sejam cuidadas com a mesma atenção, não vão adiante, minguam; às vezes, até nos traem. Morrem.

A vida na Terra me parece um pouco como o mistério dessas duas violetas. Por mais que cuidemos e alimentemos os seres, as relações, o amor, a amizade; por mais que sejamos zelosos, solidários, com as vidas, com as relações humanas; umas darão flores e frutos; outras vão minguar e morrer.

Mistérios da vida!

William

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei muito dessa sua visão e
comparação das relações humanas e da natureza ! Acho que é meio isso .Viver e morrer tudo tem seu tempo !!