segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

A busca de sentidos para seguir


Caminhos...

Quando iniciei os trabalhos neste blog, tinha a intenção de compartilhar conhecimento com as pessoas no mundo. Acho que era algo até um pouco inocente. Partilhar conhecimento de forma gratuita é uma ideia que encanta porque podemos melhorar o mundo e a sociedade humana. A internet e as redes sociais estavam em seus começos no meio da primeira década dos anos dois mil.

Queria postar as aulas de literatura e linguagem porque eu ficava fascinado com cada aula que tinha na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Como se tratavam de aulas em uma faculdade pública, queria partilhar com as pessoas aqueles saberes que adquiri e que muitas pessoas não tiveram possibilidade de acesso a eles.

Sempre fui um curioso em relação a novos conhecimentos e isso desde adolescente, quando trabalhava em serviços braçais vivendo jornadas de trabalho e estudo básico noturno que não me permitiam ler e estudar como gostaria.

Nos anos dois mil, me tornei representante da classe trabalhadora atuando como dirigente eleito em um sindicado da categoria bancária. Esse fato mudou minha vida completamente. Passei a ser outra pessoa, aprendi questões do mundo do trabalho que jamais aprenderia em uma faculdade ou somente lendo livros. Melhorei como ser humano. Me doei de corpo e alma, dei tudo de mim pela categoria que representava.

Durante a última década, produzi muitos textos em dois blogs, este de cultura e outro sobre a categoria bancária. Ao reler postagens, tenho a certeza que contribuí para as lutas da classe trabalhadora e para difundir conhecimentos gerais.

De toda a minha produção - cerca de 1800 postagens neste blog e 2500 no blog sobre a categoria bancária - analiso hoje que as postagens sobre minha atuação e representação no movimento sindical e depois na entidade de saúde em que atuei como diretor de saúde eleito foram as postagens mais relevantes porque foram publicações que não tinham semelhantes na internet. 

As mais de 600 postagens sobre o mandato na Cassi, por exemplo, são textos nunca feitos em lugar algum, nem na entidade, nem na categoria, nem na internet, e isso foi algo bom que fiz em minha vida, algo útil. No auge do mandato, cada postagem tinha de centenas a milhares de leitores: nós criamos um público leitor. Meu trabalho na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil talvez tenha sido a melhor coisa que fiz na minha existência de trabalhador.

Neste momento, um momento novo em minha vida, diferente das últimas décadas, não tenho encontrado algo que se justifique publicar. Ao longo dos últimos meses não tenho escrito nada relevante, nada diferente e que já não se tenha aos montes na internet - com e sem qualidade - e isso ocorre desde que deixei de representar a classe trabalhadora e depois que me desliguei dos quadros da ativa do banco onde trabalhei por quase 27 anos. Hoje sigo na comunidade do Banco do Brasil como um beneficiário de nosso fundo de pensão, ainda com os direitos cidadãos que temos na comunidade BB não retirados pelo novo regime.

Para seguir escrevendo ou gravando vídeos como fiz dias atrás a respeito de literatura será preciso encontrar um sentido, algo que valha a pena, algo que seja diferente do que já se tem por aí; algo que seja útil para a sociedade humana ou ao menos para um segmento específico da sociedade. Algo que seja útil para mim também, que me dê prazer ou senso de contribuição com segmentos do mundo.

Não tem sentido seguir escrevendo coisas triviais, às vezes chororô das derrotas políticas, opiniões sobre as coisas da vida, mas que não chamem a atenção necessária porque já existem opiniões iguais e publicadas por gente importante e que já são pessoas influenciadoras e estão no auge em suas áreas. 

Eu não represento mais a classe trabalhadora, ou seja, um dos papéis centrais dos dois blogs que alimentei por tempos não existe mais: eu não presto contas de nada, nem tenho um público cativo para receber as informações que eu dava. Não influencio mais. Temos que ter uma leitura correta da realidade.

Ou faço algo novo, algo útil, algo que tenha ao menos um tom pessoal que agregue valor ao tema, ou não faço mais isso e desapareço das redes sociais e da internet. Isso é algo a matutar, a cismar e a preencher minhas buscas por algum sentido da vida.

William

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