quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Diário e reflexões


Nossa homenagem e gratidão a Isabel Suarez,
que faleceu dia 27/10 em Havana, Cuba.
Nossa solidariedade ao amigo Luis Caballero e família.

Refeição Cultural

Osasco, 31 de outubro de 2024. Noite de quinta-feira.


OUTUBRO

Mais um mês se passou em nossas vidas. Mais um mês se passou em minha existência. Como vivi este mês? Espero ter vivido de forma digna e ter tentado contribuir para o bem comum nos 31 dias do mês.

Para tentar mudar o mundo, me uni a diversas pessoas ao longo do mês para abordar cidadãs e cidadãos nos espaços públicos em São Paulo e Osasco no intuito de eleger projetos e representantes políticos com propostas humanistas, inclusivas e que transformariam as comunidades onde vivemos.

Exerci uma militância voluntária em portas de metrôs, feiras e ruas conversando com a população para que o povo paulistano votasse em nossa candidata a vereadora, Luna Zarattini, e Guilherme Boulos para prefeito de São Paulo. A jovem Luna foi eleita e conseguimos levar Boulos para o 2º turno. Infelizmente, não conseguimos maioria no dia 27 e o povo elegeu o candidato que representa tudo o que não queríamos para a maior cidade do país.

Foi bonito ver tanta gente somando para defendermos
nosso projeto de uma cidade mais humana e acolhedora.
A professora Ione passou horas na militância no Rio Pequeno.

Em Osasco, aconteceu a mesma coisa. Nosso projeto para a cidade não foi eleito. Felizmente, elegemos nossa representação para a Câmara Municipal, os jovens do Coletivo JuntOz - Heber, Gabi e Matheus. Ficamos felizes pela conquista dessa candidatura do campo progressista.

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No mês de outubro não consegui me dedicar à saúde. Aliás, foi positivo ter encontrado energia para a dedicação que tive na militância política sem sentir dores na região do quadril e lombar. Não posso reclamar de nada.

A família passou uns sustos, mas estão todos bem. Meu pai e meu cunhado estão bem após sofrerem acidentes de carro lá em Minas Gerais. Minha irmã está se recuperando da cirurgia no ombro. Sigo sendo uma pessoa de sorte.

No dia do resultado das eleições municipais, além da tristeza de ver nossas candidaturas progressistas serem derrotadas em diversas cidades do país, soube do falecimento de nossa querida companheira Isabel Suarez, revolucionária cubana. Ela estava em casa com o senhor Luis quando faleceu. Fiquei muito triste com a perda de nossa amiga e companheira.

A Casa de Isabel sempre acolheu centenas de brasileiros em Cuba e todos nós seremos eternamente gratos a querida Isabel, que estará sempre em nossas memórias e em nossos corações.

Companheira Isabel, presente!

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Consigo apreciar mais o instante do viver?
A florada de um ipê branco é um instante, horas.
Quem tiver a sorte de apreciar esta beleza, que aprecie!

CARPE DIEM

Sinto uma grande necessidade de mudança. Por ter consciência política, por ter alguma experiência de vida, sinto dentro de mim que não podemos desistir do mundo. 

Parece que quanto mais desesperança vejo ao meu redor, mais sinto que é minha responsabilidade fazer algo pela mudança, minha e de todas as pessoas que tiveram a oportunidade de estudar e de evoluir a consciência.

E a mesma consciência que avalio que tenho me lembra o tempo todo que a vida é um instante, que num segundo ela existe, no instante seguinte pode não existir mais. 

Que farei para mudar as coisas a partir das próximas horas do viver? Fiquei pensando nas palavras de Pepe Mujica, em documentário que assisti no ICL agora no final da noite de quinta-feira. 

Não podemos perder tempo com coisas que não são importantes para nós. A vida é muito preciosa para perdermos tempo sem fazer o que nos dá prazer e alegria por estarmos vivos.

Preciso viver cada instante com mais percepção e atenção ao instante vivido. 

O que importa realmente para a minha pessoa neste momento da existência? Como encontrar algum prazer ou motivação no dia que vou vivenciar?

Pense, William! Viva o dia intensamente, mesmo que a intensidade seja observando com prazer uma flor ou uma borboleta. A água que cai do chuveiro em contato com a pele. Um copo de água para matar a sede.

Terminou mais um mês no calendário da vida humana. Começa já um novo dia e um novo instante.

Consigo alguma paz e um Carpe Diem?

William


Opinião - O povo não é nem de direita nem de esquerda


Atividade no BB em 2012. Foto: Lazarri.


Refeição Cultural

Opinião


O povo não é nem de direita nem de esquerda

Há um processo de politização do povo pela direita, mas podemos politizar as pessoas também se lutarmos contra o sistema de dominação atual


1. INTRODUÇÃO

Escrevo esta reflexão no momento seguinte ao resultado das eleições municipais do Brasil. O articulista é pessoa com experiência na política: fui dirigente sindical e representei com mandatos eletivos a classe trabalhadora por quase duas décadas. Já fui também líder estudantil, síndico de condomínio, membro de conselhos e gestor eleito de autogestão em saúde.

Ao longo de minha vida alternei visões de mundo diametralmente opostas. Sendo hoje uma pessoa materialista e sem nenhum tipo de fé em explicações místicas da vida humana, já fui católico praticante, uma pessoa movida pela fé cristã. Também frequentei e estudei o espiritismo e o candomblé. Já fiz curso completo de gnose, uma escola de autoconhecimento. Diria que sou, hoje, humanista e anticapitalista.

Já tive os preconceitos comuns da cultura brasileira, preconceitos que perduram há séculos nesta ex-colônia sul-americana. O principal preconceito que tive pela minha ambientação dos anos oitenta adiante, quando me tornei jovem adulto no Brasil, foi o preconceito relativo às diversas formas de amor, orientação sexual e relacionamentos humanos, ignorância que só superei ao ser politizado e educado pelo movimento sindical brasileiro.

Já senti ódio, muito ódio em minha vida, e desde pequeno. Já enfrentei um lawfare, um processo administrativo inventado pelos meus adversários políticos para destruir minha história e minha vida. Acreditem: muitas pessoas podem sucumbir aos processos de destruição e assédio. Ninguém merece ser acusado injustamente de algo que não fez. O lawfare teve seu uso político pretendido e depois do objetivo alcançado foi arquivado por falta de provas e materialidade. Acho que minha saúde nunca mais foi a mesma.

Fiz essa introdução em minha reflexão para situar as leitoras e leitores do texto que não tenham o hábito de ler meus artigos no blog, que talvez não me conheçam há mais tempo. Minha experiência de vida e militância exigem de mim um esforço para compreender as questões das diversas formas de fé das pessoas, os ritos e vícios da política sindical e partidária e as causas e efeitos das ferramentas ideológicas do preconceito, que incluem as novas ferramentas tecnológicas das big techs.

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2. A IMPORTÂNCIA DA SOLIDARIEDADE DE CLASSE

Antes de escrever alguma coisa a respeito do resultado dos processos eleitorais que se encerraram nesta semana - com a prevalência expressiva das candidaturas de direita nas cidades do país -, quero registrar algum comentário a respeito da absolvição pelo Supremo Tribunal Federal do companheiro José Dirceu: fiquei feliz com a absolvição. Que bom que lutadoras e lutadores de nosso lado da classe receberam nossa solidariedade nos momentos mais difíceis de suas vidas! Nossos inimigos de classe não têm solidariedade alguma conosco.

Eu não teria como enumerar as diversas lideranças de nosso lado da classe trabalhadora que foram vítimas de novos métodos de assédio, tortura e eliminação da vida política e, inclusive, da vida biológica por parte dos detentores do poder econômico e político instalado no Brasil há cinco séculos: a casa-grande, para resumir os opressores do povo brasileiro.

Pelos papéis que tiveram nas lutas de libertação do povo brasileiro nas últimas décadas, cito as seguintes lideranças de esquerda que sofreram perseguição política e uso da máquina estatal contra suas vidas e suas liberdades: Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, José Genoino, José Dirceu, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto, com quem militei no Sindicato dos Bancários. Todos foram vítimas de processos de lawfare para destruir suas vidas e de seus familiares e atingir o Partido dos Trabalhadores e, consequentemente, toda a esquerda brasileira.

O presidente Lula foi vítima de mentiras contra si desde os anos setenta, quando se tornou líder sindical. As mentiras foram escalando até que ele fosse preso sem crime e sem provas por 580 dias para que não disputasse as eleições de 2018. A presidenta Dilma Rousseff foi presa e torturada na juventude por lutar contra a ditadura no país. Após ser eleita com 54,5 milhões de votos em 2014, sofreu um impeachment sem crime e sem provas. Sofri muito durante esses processos que acompanhei como dirigente dos bancários! A dor era de adoecer por ver fazerem o que fizeram com nossas lideranças!

O mesmo sofrimento e impotência contra a injustiça sentimos quando a casa-grande condenou e ou prendeu sem crime e sem provas José Genoino, José Dirceu, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto. Genoino e Dirceu, lutadores da mesma geração de Dilma e Lula. Gushiken e Vaccari, líderes da categoria bancária do Novo Sindicalismo brasileiro. Acusar lideranças da classe trabalhadora, destruir suas histórias e expô-las à execração pública a partir dos anos dois mil passou a ser a nova ferramenta de tortura e eliminação de lideranças das lutas populares.

Até hoje, temos visto serem inocentadas lideranças populares vítimas de processos de lawfare, como nos casos famosos "Operação Lava Jato" e "Ação Penal 470" (conhecida como "Mensalão" para achincalhar as vítimas). Gushiken foi absolvido por falta de provas pouco antes de falecer em 2013 e a notícia saiu nos rodapés dos jornalões e revistas que o execraram por anos. O mesmo se deu com Vaccari, preso por condenações revistas por falta de provas. Me lembro de ter me posicionado em defesa de Vaccari no auge dos massacres midiáticos que sofríamos em 2015 (ler artigo aqui).

Fico feliz e aliviado pela notícia da absolvição do companheiro José Dirceu neste momento da história brasileira. Sempre suspeitamos das práticas criminosas daquela gente da tal "República de Curitiba". O tempo foi o senhor da razão. Lendo o livro de memórias de Dirceu, temos orgulho das pessoas que ao longo da vida estiveram do lado certo da história, do lado do povo.

Essas revisões tardias de processos criminais inventados contra pessoas que representam a resistência ao avanço das políticas liberais, privatistas e contrárias aos interesses da classe trabalhadora reforçam uma questão central entre nós de esquerda: a necessidade da solidariedade entre nós nos momentos em que estamos sob ataques de nossos inimigos de classe.

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3. NEM DE DIREITA NEM DE ESQUERDA

Tive a oportunidade de participar de reuniões políticas em bases comunitárias nos últimos dois anos. Naqueles espaços de reflexões populares me lembrei muito dos tempos de representação sindical nos bancários e também dos ambientes familiares de muita pobreza e simplicidade.

Sempre que começam as reuniões nas comunidades, as pessoas que se atrevem a se inscrever para falar vão logo marcando suas posições dizendo que não gostam de política, nem dessa coisa de partido A ou B. Aí sim falam da questão do ônibus, do posto de saúde, das carências em casa, da falta de vaga na escola, segurança no bairro etc.

A questão de se classificar alguém como sendo de esquerda ou de direita e outras classificações comuns na boca da militância orgânica dos movimentos sociais ou de acadêmicos e intelectuais passa longe do dia a dia da ampla maioria das pessoas. O povo em geral não gosta de gente de esquerda "cagando" regras para ele.

Se voltar ao tempo em que fazia a base do sindicato, visitando locais de trabalho da categoria bancária ou participando de reuniões, plenárias e assembleias, poderia dizer a mesma coisa em relação a classificações de trabalhadores como de direita ou de esquerda.

Buscando na memória lembranças dos ambientes onde nasci e cresci, a parentada toda e os amigos e conhecidos na adolescência e na primeira fase de adulto jovem é a mesma coisa. Ninguém que conheci tinha esses papos de ser de direita ou de esquerda. 

É evidente que identificar fenômenos sociológicos e definir as coisas do mundo humano é importante para nós que nos interessamos em compreender e mudar a realidade social não natural. 

A desigualdade social, a injustiça contra as pessoas, o privilégio de poucos em contraposição à miséria da maioria, tudo isso são fenômenos não naturais. E podemos mudar a realidade porque somos seres históricos e fazemos a história diariamente.

As ciências humanas que se debruçam sobre os fenômenos sociológicos são necessárias, repito. O mestre Paulo Freire diz que só se educa gente. Ou seja, é possível educar e politizar as pessoas.

3.1. ALGUMAS LEITURAS INTERESSANTES

Eu, particularmente, gosto dos estudos e das conclusões do professor e sociólogo Jessé Souza a respeito do comportamento das classes dominantes e das classes subalternas. Concordo que as elites são corruptas e manipuladoras do povo. Entendo os motivos para ele definir um segmento do povo como "o pobre de direita".

Por outro lado, também apreciei as definições que ouvi dias atrás do professor e historiador marxista Valério Arcary, em entrevista ao Mauro Lopes, ao dizer que não concorda em se chamar um segmento do povo como "pobres de direita". 

Ele alegou na entrevista que importantes camadas da população estão em condições tão precárias de subsistência diária que elas não podem se dar ao luxo de recusar uma cesta básica, um telhado novo, alguma ajuda de políticos que lhes pedem o voto em troca de algo essencial.

Aí, penso na análise do professor Alysson Mascaro, jurista e filósofo do direito marxista, que em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, após o primeiro turno das eleições, disse que a direita e a extrema-direita politizaram o povo, que agora teria uma consciência de direita. Já a esquerda fica defendendo o sistema capitalista, a ordem estabelecida e fazendo coraçãozinho. 

Por fim, cito a tese "Os sentidos do lulismo" do professor e cientista político André Singer como um estudo que fez muito sentido para mim. De maneira geral, gostei das reflexões dele sobre as características do povo brasileiro e o comportamento dos diversos estamentos sociais ao longo das eleições para presidente entre 1989 e 2010. Fiz uma leitura do livro com postagens comentadas. (ler aqui)

Entendi que o que menos pesou no voto das pessoas foram questões como "esquerda" ou "direita" em relação aos candidatos Collor e Lula, FHC e Lula, Lula e Serra, Lula e Alckmin, Dilma e Serra. Os eleitores decidiram de forma muito prática seus votos em relação ao que era melhor para eles e da forma como viam o mundo, incluindo crenças, medos, cultura, preconceitos etc.

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4. QUAL A MINHA OPINIÃO SOBRE O CENÁRIO E SOBRE O FUTURO?

Vivemos um momento histórico com ferramentas tecnológicas que não existiam em outras fases da história humana. O ser humano é um animal movido à paixões e sentimentos, uma espécie que organizou o mundo a partir das abstrações criadas pela mente humana. 

O livro "O verdadeiro criador de tudo", do professor neurocientista Miguel Nicolelis, nos explica isso. A comunicação virtual e as redes sociais dominadas por algumas corporações, as big techs, sincronizam milhões de seres humanos em frações de segundos. 

Num mundo plataformizado e baseado na economia da atenção, viramos commodities e não mais seres livres. O professor e sociólogo Sérgio Amadeu, da UFABC, fala bem sobre o tema.

Quando as ideias que nos movem são inoculadas em nossa mente de forma sistêmica e intencional para ditar nosso comportamento como se dá hoje, questiono se ainda temos "livre-arbítrio".

O sistema capitalista está por trás da organização e movimentação da sociedade humana global. Não vou discorrer sobre isso. Seria exaustivo neste artigo que precisa terminar. Conto com o conhecimento que as leitoras e leitores desta reflexão já possuem.

Como identificação de fenômeno social, concordo com os professores Jessé Souza e Alysson Mascaro. A direita tem sido exitosa em estabelecer suas ideias no cotidiano das pessoas em todos os segmentos da sociedade, inclusive entre as classes subalternas e exploradas. Eu entendo que ser proprietária dos meios de produção e de criação de ideias tem peso central na prevalência das ideias de direita no mundo.

No entanto, tendo a concordar com as impressões dos professores Valério Arcary e André Singer em relação ao comportamento prático que as classes sociais têm na hora de se posicionarem em eleições ou na sobrevivência diária. As pessoas se movem à direita, centro ou esquerda de acordo com seus interesses imediatos e não por adesão ou militância a tais conceitos teóricos.

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ELEIÇÕES MUNICIPAIS BRASILEIRAS: baseado no que estou argumentando, fica fácil compreender o resultado das eleições em 2024, com o domínio amplo dos partidos de direita disfarçados sob a alcunha de "Centrão" em milhares de cidades do país. O dinheiro das emendas do orçamento público irrigando as candidaturas contra nós da esquerda mais os preconceitos e mentiras prevalentes nos meios digitais das plataformas somados aos tradicionais meios da imprensa de direita são bases efetivas da vitória da direita nas urnas. Reconheço, também, a incapacidade atual da esquerda de compreender e representar as necessidades e anseios da classe trabalhadora. Estamos distantes das bases. 

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É verdade que o domínio totalitário dos meios de produção por parte da classe dominante tem pesado para que o mundo experimente essa ascensão das ideias de direita, inclusive sobre as classes vítimas da crise do capital. Somos seres movidos pelas paixões e sentimentos: uma abstração divulgada de forma massiva em segundos pelas redes sincroniza milhões de pessoas - sentimentos como o ódio -, por exemplo. E o ódio cega as pessoas e impede o império da razão.

Na guerra de conquista das ideias, os donos dos meios estão vencendo, mas entendo que nós podemos enfrentar o avanço da direita e extrema-direita, que representam os privilegiados do mundo, nos posicionando a favor da mudança e a mudança está em questionar o sistema vigente - o capitalismo - e exigir outra forma de organização da sociedade humana.

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Contestar o capitalismo e a captura dos recursos públicos em prejuízo do povo e em privilégio de poucos é algo básico para uma liderança ou organização de esquerda.

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5. PARTIDOS, SINDICATOS E ASSOCIAÇÕES

Não acredito em mudanças substantivas e perenes na sociedade humana sem organizações sociais por trás dessas mudanças. Movimentos populares episódicos - uma ocupação, uma greve, uma mobilização por questão A ou B -, por mais que sejam bonitos de se ver, não têm acúmulos crescentes com capacidade de alterar a realidade geral. Eu pensava isso em relação aos Fóruns Sociais Mundiais quando não aceitavam partidos, sindicatos e governos.

É minha opinião que nós temos que ter partidos políticos, sindicatos e associações que liderem movimentos de massas para questionar e forçar as mudanças necessárias para disputar os rumos de uma comunidade humana. 

Temos que ter atuação constante e não só em períodos eleitorais. Ampliar nossa força nos parlamentos deve ser consequência de trabalhos realizados na base o ano todo e com coordenação local e nacional. Temos que mudar essa lógica personalista de nomes e mandatos prevalecerem sobre projetos e coletivos locais, temáticos e programáticos de esquerda, lutas de classe.

Para isso, as lideranças populares precisam exigir as mudanças necessárias das velhas burocracias encasteladas em partidos, sindicatos e associações que são estratégicos para a classe trabalhadora, mas que têm deixado insatisfeitas as bases sociais por completa ausência nas bases.

Tenho visto surgirem novas lideranças nos partidos de esquerda e nos movimentos organizados. Temos que fortalecer e apoiar essa juventude que está dando as caras. 

Se permitirmos que as ideias da burocracia partidária e sindical prevaleçam - ideias de conciliações improdutivas com adversários e inimigos na atualidade e parcerias ruins com nossos algozes -, não mudaremos a realidade na qual as ideias de direita e extrema-direita estão prevalecendo nas camadas populares que, repito, não são nem de esquerda nem de direita.

Nossos partidos de esquerda, sindicatos e organizações populares podem fazer a diferença, mas para isso é necessário que mudem e ouçam as bases e as novas lideranças que estão chegando para fazer história. Que Brasil e mundo queremos em 2035 e 2050? Para pensar 2026 temos que pensar o que queremos para o mundo.

William Mendes


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Quincas Borba - Machado de Assis (2)



Refeição Cultural

"'A culpa foi minha!' suspirou ela consigo. 

A culpa eram as atenções especiais com o homem, carinhos, lembranças, obséquios familiares, e na véspera, aqueles olhos tão longamente pregados nele. Se não fosse isso... Ia-se assim perdendo em reflexões multiplicadas. Tudo a aborrecia, plantas, móveis, uma cigarra que cantava, um rumor de vozes, na rua, outro de pratos, em casa, o andar das escravas, e até um pobre preto velho que, em frente à casa dela, trepava com dificuldade um pedaço de morro. As cautelas do preto buliam-lhe com os nervos." (p. 68/69)


O cenário do romance é o Rio de Janeiro no ano de 1868. 

Sofia avalia consigo mesma o acontecimento da véspera: ela sofreu um assédio por parte de um amigo do casal. 

Na conversa com o marido, após o ocorrido, ele afirmou que a culpa foi dela, a vítima. 

Cristiano, na verdade, não quer cortar relações com o assediador, Rubião, porque lhe deve favores...

E aí? Alguém vai dizer que nunca viu caso parecido?

O tempo passa, o tempo voa, e a condição das mulheres pouco ou nada muda. 

A gente vê a luta das mulheres faz tempo, mas a sociedade machista prevalece. 

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ESCRAVIDÃO ANTIGA, ESCRAVIDÃO MODERNA

E a questão das pessoas escravizadas? (ou na mesma condição de exploração?)

A mesma cena que citei nos serve de reflexão para compreendermos o presente através do passado em nosso querido Brasil varonil.

Quando os governos do PT estabeleceram direitos para as empregadas domésticas, a tal "classe média", gente como a que me dá a honra da leitura no blog, talvez, precisou pôr a mão no bolso para pagar algum direito básico para as pessoas que lavavam nossa privada... parte da classe média ajudou a derrubar aquele governo "corrupto" etc.

Aí o Temer e o Bolsonaro acabaram com praticamente todos os direitos da classe trabalhadora e as empregadas domésticas voltaram a lavar nossas privadas por quase nada... A classe média não derrubou Temer nem Bolsonaro, provavelmente por achar que eles não eram "corruptos".

Aff! 

Sigamos lendo Machado de Assis. A prática da leitura faz a gente pensar tanta coisa, viu!

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Só para terminar a reflexão sobre o excerto citado acima: faz tempo que li Quincas Borba, não me lembro mais da estória. Aquela frase de Sofia ficou martelando na minha cabeça... "aqueles olhos tão longamente pregados nele"... 

Machado sempre surpreende leitoras e leitores, apronta das suas em seus contos e romances. Vamos ver se esse olhar longo de Sofia vai dar em algo ou não no correr do romance. 

William 


domingo, 27 de outubro de 2024

Diário e reflexões

 


Refeição Cultural

A semana decisiva foi de muita energia e sentimento de mudança nas ruas de São Paulo

Domingo, 27 de outubro de 2024.


Opinião


ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Esta semana foi de muitas atividades da militância para conversarmos com eleitores indecisos e conquistarmos os votos necessários para elegermos Guilherme Boulos e Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo. E o próprio candidato fez algo inédito: ficou a semana toda nas ruas junto à população paulistana.

Nós da militância da Zona Oeste de São Paulo, fizemos atividades praticamente todos os dias. Num dos dias, a professora Ione, minha companheira, ficou horas conosco e o time da vereadora Luna Zarattini virando votos na Avenida do Rio Pequeno, Butantã. Vejam vocês, até pessoas que não estão acostumadas a abordagem popular, entraram em cena pelo vira voto e muda São Paulo. Muita energia no ar!

Estivemos nas imediações dos metrôs da região, onde panfletamos nos últimos meses. A percepção que eu tive foi muito positiva. Diferente de outras fases da campanha, muita gente nos pedia adesivo, trabalhadores de aplicativos colocaram adesivos em suas motos: é Boulos 50 pra mudar São Paulo. Até motoristas de ônibus se aproximaram e de dentro do veículo me pediram adesivos. Clima de virada no ar!

E, no sábado, para fechar a campanha pela eleição de Guilherme Boulos 50 prefeito de São Paulo, fizemos uma ótima caminhada da vitória, saindo da Avenida Paulista e descendo a Rua Augusta até a Praça Roosevelt. Que energia! 

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CRIME ELEITORAL DO GOVERNADOR DE SP

A certeza de impunidade por parte da casa-grande brasileira não tem limites. Eu acompanho e estudo política e história do Brasil há tempos. Já vi muita coisa e sei de muitos abusos dos poderosos no país explorado há séculos pelos imperialismos e por seus lacaios daqui - a burguesia vira-latas.

Hoje a casa-grande se superou. O governador Tarcísio de Freitas, parceiro do candidato Ricardo Nunes a reeleição em São Paulo, ousou no dia da eleição a praticar um crime absurdo de ir à imprensa declarar que a maior facção criminosa do país, o PCC, havia declarado voto e apoio à candidatura de Guilherme Boulos... (sem apresentar provas, e mesmo se as tivesse não poderia ter feito isso)

É tão chocante e descabido o que fez o bolsonarista Tarcísio, de uma forma torpe para que sua declaração influencie os eleitores sem chance de desmentido pelo candidato opositor, que se não houver punição rápida e severa a essa interferência de poder político nas eleições, podem decretar o fim dos processos eleitorais! Que se declare que não há democracia no país e chega de farsa!

Vamos ver o que acontece nas próximas horas.

William Mendes

(Domingo, 17:40 horas)


Post Scriptum: a plutocracia prevaleceu, como se espera em processos de consultas como esses baseados em poder do dinheiro e da máquina estatal pela manutenção do status quo. A candidatura de Guilherme Boulos obteve o apoio de 40% dos eleitores que se dispuseram a votar. A luta deve continuar, não há alternativa para nós que pensamos nas pessoas e no planeta Terra.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Quinta-feira, 24 de outubro de 2024.


Opinião

Como militante de esquerda e como cidadão brasileiro, experimento nestes tempos sentimentos complexos, intensos e até antagônicos.

Em relação às lutas para elegermos Guilherme Boulos e Marta Suplicy para mudarmos para melhor a cidade de São Paulo, sei que poderia fazer mais, pois sempre é possível fazer mais nas ações das lutas de classe. 

Luna Zarattini virando votos no Rio Pequeno.

Sei, no entanto, do meu esforço para participar nos últimos meses das atividades políticas nas ruas e locais públicos para elegermos nossos projetos e nossos representantes políticos. Foi assim que elegemos Luna Zarattini vereadora de São Paulo e colocamos Boulos no 2º turno.

A professora Ione agita a bandeira de Boulos e Marta.

Foi emocionante e um momento ímpar ver hoje na campanha pela eleição de Boulos minha companheira de bandeira em mãos, adesivos e conversando com comerciantes e pessoas nas ruas virando votos no Rio Pequeno, bairro onde nascemos na Zona Oeste de São Paulo. A professora Ione não tem o hábito de fazer campanha de rua, corpo a corpo.

Muitos eleitores pediram adesivos 50 para mudar São Paulo.

Vendo essa cena de uma pessoa comum, que não é do mundo da política, no corpo a corpo com estranhos nas ruas, pedindo voto pelo projeto de São Paulo que queremos para a classe trabalhadora, me bate um sentimento estranho de que poderíamos ter feito mais neste segundo turno, poderíamos ter virado mais votos e diminuído a rejeição ao nosso candidato se partes das estruturas das campanhas do primeiro turno não tivessem sido encerradas no domingo dia 6. Acho isso um absurdo, de um egoísmo indevido em nosso lado da classe. A eleição de São Paulo é um projeto coletivo e não de fulana ou ciclano, de partido "a" ou "b".

Nasci nesta rua, no Rio Pequeno.

Por ter uma vida vivida no movimento organizado sindical e partidário, sei que ocorreram mudanças nas estruturas de campanha após o resultado das eleições no primeiro turno. Pode ser comum acontecer essa desmobilização após a não eleição de vereadores, mas não é correto diminuir a estrutura nas três semanas que definem a vitória de nosso projeto ou a derrota para nossos adversários.

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DIPLOMACIA BRASILEIRA DECIDIU NÃO SER MAIS "ATIVA E ALTIVA"

Aí, vejo aos 55 anos de idade, trinta anos mais politizado que na adolescência, o governo brasileiro, o nosso governo, que desenvolveu um conceito de diplomacia "Ativa e Altiva" nos governos do Partido dos Trabalhadores de 2003 a 2016, voltar a ser uma diplomacia vira-latas como foi nos piores governos do país, os do FHC e dos golpistas Temer e Bolsonaro. Uma diplomacia que fala grosso com os irmãos sul-americanos e de países subdesenvolvidos e fala mansinho com os países imperialistas e do Norte, ou do chamado "Ocidente".

O Brasil teve a desfaçatez de vetar a participação da Venezuela nos BRICS nesta semana. Nosso governo ficou do lado dos golpistas (EUA e o candidato laranja) na versão de que no país vizinho não há democracia. 

Democracia mesmo deve ser aquela dos Estados Unidos da América, onde quem tem mais votos não é eleito presidente. 

Ou então a França, onde o presidente (Macron) perde em julho uma eleição vergonhosamente, sendo salvo de ter que entregar o governo para a extrema-direita (Le Pen) pelo povo francês que elegeu uma coalização de centro-esquerda (Nova Frente Popular) para salvar o país. Que fez o presidente derrotado? Deu um golpe nos vitoriosos... O Brasil falou alguma coisa contra a França nos últimos meses depois desse golpe antidemocrático do direitista Macron? 

E as humilhações do governo de Israel ao governo Lula, tendo até embaixador sionista se encontrando com Bolsonaro para expor nosso presidente? Nosso embaixador que vetou a Venezuela nesta semana disse que o Brasil não vai romper com o governo que está promovendo a maior matança de crianças, mulheres, idosos e civis da história recente do planeta Terra.

Eu me senti tão sem graça ao conversar com um amigo cubano hoje. Ele sempre foi um grande admirador do presidente Lula e me disse que estava com uma dor profunda em seu coração ao ver o que o Brasil fez com a Venezuela em relação ao BRICS. Senti vergonha...

Post Scriptum: imagino que o senhor Luis, lá em Havana, tenha claro que ao vetar e prejudicar a Venezuela, o Brasil está, na prática, "bloqueando" o país que mais ajuda(va) Cuba na questão do combustível, essencial na vida do povo bloqueado cubano. Aí vem o Brasil falar em favor de Cuba contra o bloqueio norte-americano... palavras, palavras, palavras! Já que o Brasil vetou a Venezuela, o país vai enfrentar os EUA e fornecer combustíveis às termoelétricas de Cuba? (com diplomacia vira-latas, eu duvido)

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NA LUTA PARA ELEGER BOULOS E MARTA E MELHORAR A VIDA DO POVO PAULISTANO 

Enfim, como disse, sentimentos complexos, intensos e antagônicos.

Até domingo, as nossas energias estão focadas em salvar o povo paulista e brasileiro do projeto da extrema-direita bancada pelos donos do dinheiro do mundo.

Militância com Luna.

Tentei contribuir nestes meses para eleger nosso projeto de uma cidade mais humana e acolhedora para o povo. Não sei com o que vou me ocupar após as eleições municipais.

Sou uma pessoa que sabe de política. Mas talvez eu me esforce para deixar de vez essa dimensão tão importante da vida humana.

Amigas e amigos leitores, votem 50 Boulos e conversem com seus familiares e conhecidos até domingo 27. Vamos melhorar São Paulo?

William


Boulos não deve se expor às armadilhas do "coach"



Eleições em São Paulo 

Opinião 

Marçal "sabatina" Boulos: casca de banana?


Faz anos, falo e escrevo sobre o poder de manipulação e alteração da vontade popular por quem domina os meios virtuais, big techs e redes sociais (É uma questão de dinheiro, capital, poder, inclusive os algoritmos). 

Boulos está em ascensão, o adversário não. Faltam menos de 4 dias para as eleições. 

Eu acho um erro Boulos sair de sua estratégia na reta final para se expor às montagens do cara responsável por ampliar a rejeição de Boulos com fake news. 

O poder do dinheiro (plutocracia) representado pelo grupo que o "coach" Marçal representa é incalculável. 

Guilherme Boulos deveria seguir sua agenda sem cair nesta casca de banana. 

Por que o cara que aumentou a rejeição a Boulos reapareceu no momento em que Boulos cresce e a militância está empolgada?

Essa "sabatina" é uma roubada!

É minha opinião. 

William Mendes

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Memorial de Aires - Machado de Assis (6)



Refeição Cultural  

"13 de julho (de 1888)

Sete dias sem uma nota, um fato, uma reflexão; posso dizer oito dias, porque também hoje não tenho que apontar aqui. Escrevo isto só para não perder longamente o costume. Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando se não vê nem pensa nada."


Interessante este registro no diário do personagem Conselheiro Aires. 

Machado de Assis experimentou de tudo em sua literatura. Aqui, um romance na forma de diário. 

São inúmeros meus registros nos blogs de cultura e sindical parecidos com este do Aires. Quando era pessoa pública, os fazia até para prestar contas. 

No futuro, ou seja, anos depois dos registros de pensamentos, atos ou banalidades, meus registros diários publicados me salvariam de um processo de lawfare que sofri na empresa onde atuava como gestor eleito. 

Meus defensores ficaram admirados à época por nunca terem visto um mandato eletivo tão público e transparente. Com meus registros, desmontaram todas as mentiras que haviam tramado contra mim.

Que bom que sempre gostei de refletir em diários. A prática é bem antiga entre nós humanos que gostamos de pensar e dialogar, ainda que seja conosco mesmo.

William Mendes 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Terça-feira, 22 de outubro de 2024.


VAMOS MELHORAR SÃO PAULO?

Hoje, no diálogo com a população da classe trabalhadora nas imediações da estação de metrô no Morumbi, usei uma abordagem de comunicação que aprendi em um texto de linguística de Noam Chomsky.

Pelo que me lembro, o especialista em linguagem explicou no texto as formas como as pessoas eram abordadas pelo governo dos Estados Unidos para que elas deixassem de ser contrárias à participação do país em uma guerra.

As abordagens devem ser sempre na forma positiva e genéricas, de maneira que as pessoas abordadas de supetão não tenham motivo para discordar. Frases do tipo "apoia nossos soldados?", "apoia nosso país?" etc.

Peguei um pacote grande de panfletos de nosso candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos, e fui para uma área de fluxo contínuo de pessoas. Foi interessante o processo de abordagem. 

Eu perguntava para as pessoas "vamos melhorar São Paulo?", "vamos mudar São Paulo", "nos ajude a melhorar São Paulo?", "vamos melhorar a vida da classe trabalhadora?". Foram essas frases que variei por mais de duas horas.

Foi bem legal! Muitas pessoas pararam para uma ou duas palavras, além de pegarem o panfleto.

Encontrei pessoas indecisas, pessoas que não gostam do Boulos, mas também não gostam do Nunes. Aí é caso a caso e de acordo com o que a pessoa fala que se argumenta.

Amigas e amigos leitores, estamos há meses nesse trabalho militante nas ruas, feiras e locais de movimentação. As pessoas podem estar com as caras nas telas dos celulares, mas com jeito, ainda é possível conversar com nossos semelhantes.

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MILITÂNCIA, AJUDA A GENTE?

Faltam poucos dias para a eleição no domingo 27. 

Eu confesso a vocês que sinto falta de mais militância nas ruas, principalmente da estrutura partidária e sindical que nos apoiou nas ruas no primeiro turno.

Eu não me conformo de ter havido redução de nosso lado no apoio estrutural para virarmos votos nestas três semanas de segundo turno.

Enfim, talvez eu escreva a respeito após dia 27... 

Por enquanto, quero que Guilherme Boulos e Marta Suplicy governem a maior cidade do país a partir do ano que vem.

Nossa militância pode fazer toda a diferença. Nossos propósitos são ou deveriam ser muito diferentes dos da direita e dos representantes dos ricos e poderosos.

Experimentem as ruas nesses 4 dias até a eleição de Boulos prefeito! 

São Paulo pode ser mais humana e o povo pode estar no orçamento da cidade mais rica do país.

Vamos melhorar São Paulo?

William

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Quincas Borba - Machado de Assis (1)



Refeição Cultural 

"(...) mas filosofia é uma cousa, e morrer de verdade é outra..." (p. 5)


Machado de Assis publicou este romance em 1891. É um dos grandes clássicos do Bruxo do Cosme Velho. 

O personagem principal, Quincas Borba, apareceu no romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de 1881.

Quincas é o célebre criador da doutrina filosófica Humanitismo. A famosa frase "Ao vencedor, as batatas" vem dessa doutrina. 

Eu diria que Machado brinca um pouco com as novidades científicas da época através do personagem Quincas e o Humanitismo ao fazer coro com a teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin. 

No romance, temos como personagens Quincas Borba, Rubião, Maria da Piedade, Cristiano Palha e Sofia. E o cão Quincas Borba. Depois vão aparecendo personagens secundários como o Freitas e o Carlos Maria e outros.

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ENREDO

Em breve sumário, podemos perceber o seguinte nos primeiros capítulos:

Rubião está no Rio de Janeiro, no ano de 1868, sede da Corte. Reside na Praia de Botafogo. Ele era professor e agora é "capitalista". Está bem de vida por ser o herdeiro dos bens de Quincas Borba, que não tinha família quando morreu. Quincas, por sinal, foi uma pessoa sem posses até que recebeu herança de um parente. Sabemos do passado de Quincas porque Machado nos remete ao outro romance, o Memórias Póstumas de Brás Cubas, quando ele dormia nas escadarias da igreja e teve contatos com o Cubas. Quincas foi viver em Barbacena, se enamorou de Maria da Piedade, irmã de Rubião, mas não casaram, pois ela morreu antes. Rubião deu um jeito de ser o herdeiro do Quincas. Ele agora tem um novo casal de amigos, Cristiano e Sofia. Rubião cuida do cão Quincas Borba.

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DIÁLOGO COM OS LEITORES

Machado falando com as leitoras e leitores é muito legal:

"Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia. Aqui o tens agora em Barbacena. Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida; mas, tão acanhada que os suspiros no namorado ficavam sem eco. Chamava-se Maria da Piedade. Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los. Piedade resistiu, um pleuris a levou." (p. 3/4 do capítulo IV)

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O NOME DO CÃO QUINCAS BORBA

"Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba, - um cão, um bonito cão, meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto..." (p. 5)

E o filósofo explica por que colocou no cão seu próprio nome:

"- Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro..." 

O motivo doutrinário para nomear o cachorro com o nome do dono é que o princípio da vida, "Humanitas", reside em toda parte, estando também no animal, que pode ter assim nome de gente. 

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QUINCAS, O MAIOR HOMEM DO MUNDO 

"(...) Crê-me, o Humanitismo é o remate das cousas; e eu, que o formulei, sou o maior homem do mundo. Olha, vês como o meu bom Quincas Borba está olhando para mim? Não é ele, é Humanitas..." (p. 8)

E para finalizar o capítulo seis, Quincas lança sua teoria de "ao vencedor, as batatas".

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AO VENCEDOR, AS BATATAS

"(...) Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." (p. 9)

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FALECIMENTO DE QUINCAS BORBA 

Neste romance, o autor mantém uma relação interessante com o romance anterior, do personagem Brás Cubas. 

Rubião recebeu carta de Brás Cubas dando notícias da morte de Quincas, que estava hospedado em sua casa no Rio de Janeiro. 

Machado de Assis inovou em tudo na literatura brasileira. 

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A BELA SOFIA

"(...) Ia muita vez ao teatro sem gostar dele, e a bailes, em que se divertia um pouco, - mas ia menos por si que para aparecer com os olhos da mulher, os olhos e os seios. Tinha essa vaidade singular; decotava a mulher sempre que podia, e até onde não podia, para mostrar aos outros as suas venturas particulares. Era assim um rei Candaules, mais restrito por um lado, e, por outro, mais público." (p. 41/42, Cap. XXXV)

Lendo a respeito da personagem Sofia, de 1891, me lembrei do clássico "A mulher de trinta anos", de Balzac. Não sei se Machado leu Balzac, mas pode ser que tenha lido seus livros. 

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Enfim, que delícia ler Machado de Assis!

Sigamos!

William Mendes 


domingo, 20 de outubro de 2024

Operação Cavalo de Tróia (14) - J. J. Benítez



Refeição Cultural 

"Jesus havia-se desembaraçado do manto. Sua esplêndida túnica branca aparecia agora, cingida por um cordão. Entre a algaravia dos pequeninos, o Mestre, vez por outra, abria seu riso, limpo e aberto, como aquela luminosa manhã. Em verdade, o que mais me emocionou foi ver como aquele homem feito e perfeito, capaz de desafiar os sumos sacerdotes e de ressuscitar os mortos, saltava, corria ou caía ao solo, entregue incondicionalmente às exigências daquela gente miúda." (p. 135)


O Diário do Major descreve uma cena matinal das cercanias de Jerusalém, no sábado, 1° de abril do ano 30. 

Imaginem vocês a emoção que seria ter a oportunidade de se sentar ao lado de Jesus de Nazaré e conversar com ele. Foi essa cena que li agora no livro de Benítez. 

Jasão, o astronauta da Operação Cavalo de Tróia, dialogou com Jesus, após este brincar com as crianças no pátio da casa onde estava.

Ao final do primeiro diálogo com o "gigante", a forma como Jesus é descrito no Diário, o Nazareno diz a Jasão:

"- O segredo para possuir a Verdade só está em meu Pai. E em verdade te digo que meu Pai sempre tem estado em teu coração. Tens apenas de olhar 'para dentro'... Bem-aventurado o que busca, conquanto morra crendo que jamais encontrou. E ditoso o que, à força de buscar, encontra. Quando encontrar, perturbar-se-á. E, havendo-se perturbado, maravilhar-se-á e reinará sobre tudo." (p. 137)

É ou não é um livro muito bem escrito este de Benítez?

Sigamos sem pressa. 

William 

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Zé Dirceu: memórias (3)



Refeição Cultural 

"Do outro lado, uma péssima novidade: consolidam-se, à sombra da ditadura, as Organizações Globo, de Roberto Marinho, apoiador de primeira hora dos golpistas e do regime militar, dos órgãos de repressão e de tortura, favorecidas em troca pelo fechamento e o cerco aos diários Correio da Manhã e Jornal do Brasil." (p. 157)


Opinião

A história do companheiro José Dirceu, do Partido dos Trabalhadores, é leitura fundamental para qualquer militante das causas populares que queira compreender um pouco melhor a história do Brasil. 

O Brasil, por exemplo, das eleições municipais em disputa neste momento no qual escrevo, faltando pouco mais de uma semana para o segundo turno entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes, em São Paulo. Nunes é o candidato da casa-grande, da Globo e de todos os donos do poder escravocrata e racista que mandam nesta colônia há 524 anos.

Zé Dirceu, em poucas linhas, nos conta o que é a Globo, desde sempre, a voz manipuladora da casa-grande brasileira, a voz que chegava a quase 100% dos lares até recentemente e que ainda consegue manipular as massas formadoras de opinião da "classe média", aquela gente pobre e remediada que acha que é rica, fenômeno que Jessé Souza explica em seus livros. Marilena Chauí também explica bem o que é a "classe média". 

Instrumentos como a Globo são usados pela casa-grande para fazer os menos pobres - a "classe média" - odiarem os pobres e miseráveis. Dividindo essa gente pobre, mais de 90% do populacho, a elite segue na boa, e tirando sarro da nossa cara.

"A Rede Globo, concessão pública, construída por Roberto Marinho com recursos ilegais de origem estrangeira do grupo Time Life, como prova fartamente à época Assis Chateaubriand, que comandava os Diários Associados, concorrente da Globo, beneficiara-se não apenas dos investimentos federais na infraestrutura de comunicações, como no controle de um sistema nacional de repetidoras e afiliadas..." (ainda p. 157)

Neste momento, as máquinas de manipulação Globo e suas correlatas atuam para desestimular o nosso lado a lutar para eleger Guilherme Boulos e tirar da casa-grande a gestão do maior colégio eleitoral do país. Estamos nas ruas conquistando e virando votos, e a diferença entre os candidatos diminuiu, mas os aparelhos de manipulação estão forçando a narrativa de que a virada é impossível...

Antes, a Globo usava o Ibope, para calibrar para mais ou para menos, pesquisas de intenção de voto, que influencia bastante eleitores em momentos decisivos como, por exemplo, na hora de optar ou não por um voto útil em candidatos que não seriam a primeira opção dos eleitores. Os partidos de esquerda, odiados pela casa-grande, sempre sofreram muito com essas manipulações. 

O famigerado Ibope não existe mais. Mas o time de "jornalistas" e analistas políticos da Globo estão lá 24 horas por dia fazendo suas leituras de pesquisas eleitorais dizendo que Boulos, da esquerda, não tem a menor chance de ganhar as eleições em São Paulo... blá blá blá. 

Enfim, a postagem é referente à leitura das memórias de Zé Dirceu. Falei do lixo da Rede Globo por ler sobre as merdas dela no passado. 

É que a história deste personagem do mal - Globo - se confunde com a nossa história. Tanto é que estamos com a mesma desgraçada, décadas depois da ditadura, fazendo das suas contra o povo pobre e trabalhador brasileiro. 

Ler e estudar é muito importante para compreendermos o mundo.

William 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Dia das professoras e professores


Colégio Adolfino.

Refeição Cultural

Quarta-feira, 15 de outubro de 2024.


PROFESSOR(A): A PROFISSÃO MAIS NOBRE DO MUNDO!

Minhas lembranças

Eu gostaria de ter sido professor. Entendo que educar as pessoas seja uma das funções mais importantes e nobres da espécie humana. Paulo Freire diz que só se educa gente. Espero que possamos continuar educando as pessoas.

Pelo que me contam, minha primeira professora foi a Jamila, do colégio Adolfino, no Rio Pequeno. Se colocar a memória para funcionar, vou me lembrar de muitos professores e professoras que passaram por minha vida de estudante.

Do Adolfino em São Paulo, só sei da professora Jamila, que me alfabetizou. Não tenho lembrança de outra professora. E é impossível me esquecer das correrias quando alguém gritava "olha a loira do banheiro!"... a molecada saía mijando pelo chão, de medo. Estive dias atrás no Adolfino, é uma nostalgia incrível estar ali nas salas de aula e no pátio onde vivi.

Hortêncio Diniz.

Do Hortêncio Diniz, já em Uberlândia, me lembro do professor Jaime, de Física. Ele era gago e os alunos eram cruéis com ele. Me lembro do rosto dele até hoje, o cara era muito legal, um professor doce e gentil. Nunca me esqueci do Jaime com o apagador na mão explicando o Movimento Retilíneo Uniforme... Professor Jaime, perdoe a todos nós que éramos jovens maus. E nossa professora de Português era a Geni, e ela também sofreu na mão dos alunos.

Me lembro até hoje de uma lição do professor Glicério, de Química. Ele nos dizia para prestarmos atenção nas perguntas e lê-las várias vezes, porque a resposta poderia estar na pergunta. Não me lembro se ele era do Hortêncio, ou do Estadual de Uberlândia (Museu), ou do Américo René Giannetti, as outras escolas onde estudei lá até os 17 anos.

Colégio Daniel.

De volta a São Paulo, em 1987, não achei vaga no Adolfino e tive que me matricular no Daniel Verano Pontes para terminar o colegial, o 3º ano. Não me lembro de nenhum professor ou professora de lá, eu era um jovem muito revoltado e não me dediquei aos estudos naquele ano.

Uns anos depois, 1991, acabei entrando no vestibular da FEAO-FITO, onde me formei em Ciências Contábeis. Dos professores, me lembro do PC, de Matemática. Ele tomava até cerveja com os alunos. Gostava dele. Ele me desafiava a tirar 10 nas provas, e quando eu acertava tudo, ele me tirava alguma coisa da casa da vírgula para não dar 10 redondo, detalhes como, por exemplo, a seta numa reta (risos). 

Nunca me esqueci de uma fala dele dizendo que lá na Fito o professor destrinchava equações na lousa e que, se fosse na USP, seria diferente. O aluno teria uma lista de referências bibliográficas e, então, que estudasse aquilo por conta própria. Mais ou menos isso. Eu tirei minhas conclusões depois que entrei na USP (risos). Me lembro que eu desenvolvia exercícios de Matemática que ocupavam a lousa inteira. Eu era bom naquilo.

Anos depois da Faculdade em Osasco, me peguei estudando de novo. Daquela vez, estava estudando em Mogi das Cruzes, Educação Física, no Náutico Mogiano. Me lembro das aulas de alguns professores. De Anatomia, de Bioquímica e Nutrição, e de História. E me lembro do professor Waltely, de Português. Fazíamos aniversário no mesmo dia. Ele dizia em sala de aula que nota 10 era para Deus, 9 para a mãe dele, 8 para ele e 7 para os melhores alunos (risos).

O respeito pelos corpos e órgãos que estudávamos foi uma lição que nunca me esqueci. A professora falando da percepção da consistência do nosso cocô para sabermos da saúde do corpo e o que comemos também ficou para sempre. E o professor de História falando dos Jogos Olímpicos da antiguidade também foi inesquecível. 

Não me lembro direito dos nomes de todos os professores e nem sei se estou escrevendo corretamente os nomes que me lembro.

Letras, na FFLCH.

Aí, estando eu com mais de trinta anos de idade, acabei decidindo que queria estudar na Universidade de São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Depois de assistir aulas de literatura como ouvinte, a convite de um amigo do BB, o Sérgio, fiquei apaixonado por aquele ambiente universitário. Fazer História ou Letras? Acabei optando por Letras.

Foram muitos os professores e professoras que me marcaram na vida estudantil da FFLCH. Difícil citar só alguns. A professora Maitê, de Língua Espanhola, foi um "encontro" legal, pois eu estudava espanhol com ela em um curso que gravei da televisão. Lógico que ter sido aluno do Pasta, do Wisnik e do Medina foi um ponto alto em minha vida de estudante uspiano. Ter visto aulas magnas de Antonio Candido e Marilena Chauí também.

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Professora Ione e alunos formados.

É NOSSO DEVER DEFENDER A EDUCAÇÃO UNIVERSAL E AS CONDIÇÕES ADEQUADAS A TODAS AS PROFESSORAS E PROFESSORES DO PAÍS

Que função social extraordinária essa de educar! 

Eu tive o privilégio de atuar no movimento sindical na área de formação e conheci grandes educadores e formadores políticos.

Tenho amigas e amigos queridos que dedicam suas vidas à educação de crianças, jovens e adultos.

Minha companheira Ione dedicou a vida a alfabetizar e educar crianças. Me lembro sempre emocionado dos períodos de fechamento de semestres e anos letivos quando seus alunos e alunas e muitos pais de alunos reconheciam agradecidos aquele período de ensinamentos e a evolução percebida ao longo da jornada educativa.

Ver alunas e alunos da professora Ione que ainda hoje a reconhecem e a têm como referência, décadas depois do contato diário da relação alunos-professora é algo gratificante.

Eu sou um grande admirador das pessoas que escolheram dedicar suas vidas à educação. Obrigado professoras e professores, sem vocês nós todos não teríamos a oportunidade de desenvolver nossos potenciais enquanto espécie humana, aquela que pode ser educada, segundo o mestre Paulo Freire.

Parabéns, professoras e professores! É nosso dever cidadão lutar pela educação pública e de qualidade e o acesso universal para todas as pessoas, e os profissionais de educação devem ser valorizados com salários dignos e carreiras que lhes permitam trabalhar e evoluir ao longo de suas vidas, incluindo uma aposentadoria justa ao final de suas jornadas laborais.

William Mendes


sábado, 12 de outubro de 2024

Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis (10)



Refeição Cultural 

"(...) Para elas, e para a maioria dos adultos, não haverá mais forma alguma de dizer o que é real e o que é falso. Imagine o quão assustador seria para alguém, criado desde o nascimento ou infância num paraíso virtual, de repente acordar, no meio da sarjeta, cercado de lixo e ratos famintos, sem abrigo, comida, ou meios de sobreviver por si mesmo?" (p. 161)


O ano é 2036. O desemprego no Brasil e no mundo é de mais de 80%. O número de pessoas em situação de rua em São Paulo é de mais de 150 mil homens, mulheres e crianças. 

No Largo do Arouche, centenas de pessoas andam a esmo trombando umas nas outras. São como zumbis digitais. São vítimas de um experimento de controle da mente chamado de Projeto Nirvana.

A necessidade de energia elétrica chegou a um ponto impossível de se suprir com as formas tradicionais que conhecíamos no início do século. Boa parte do consumo de energia é gasto para resfriar milhões de computadores das plataformas digitais que dominaram o mundo.

Esse é o cenário do romance Nada mais será como antes, do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. 

Foi no contexto descrito no romance que os Overlords e seus aliados, os neurocratas e os bankgsters, pensaram no Projeto Nirvana: capturar bioeletricidade de uma espécie animal abundante no mundo: o homo digital...

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Seguimos na leitura! Estou curioso para saber como vai terminar esta ficção distópica.

William 

ICL - O pobre de direita, curso de Jessé Souza



Refeição Cultural

O POBRE DE DIREITA - JESSÉ SOUZA

Assistir aulas ou palestras do sociólogo Jessé Souza é uma oportunidade única na vida de qualquer pessoa que anseia obter ferramentas e subsídios para compreender o mundo no qual vivemos e a sociedade humana e suas diversas formas de organização social.

O curso no Instituto Conhecimento Liberta (ICL) é dividido em quatro partes e nos esclarece como os donos do poder do dinheiro nos Estados Unidos organizaram um sistema ideológico que naturaliza o domínio de pequenos grupos humanos sobre o conjunto das populações do mundo. 

As explicações do professor são incríveis, Jessé Souza não poupa ninguém na hora de se posicionar em relação aos corruptos da Faria Lima, grupos de latifundiários do "agro pop" etc. O sociólogo explica de forma clara como os poderosos organizam as ideias para manipular os pobres a defenderem que os ricos continuem ricos.

Após conhecer "O pobre de direita" a pessoa terá uma leitura mais clara do racismo brasileiro e da corrupção secular da burguesia canalha do Brasil.

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Apresentação do curso que consta na plataforma de ensino do ICL:

"Nesta série de aulas inspiradas no livro O pobre de direita, o sociólogo Jessé Souza apresenta, inicialmente, o surgimento da extrema direita nos Estados Unidos, país do qual o Brasil importou a mesma lógica política. Jessé traz também uma análise inovadora do fenômeno do apoio popular à extrema direita no Brasil, explorando as complexas intersecções entre estratificações sociais, fervor religioso e regionalismo.

Afinal de contas, por que uma parcela significativa de pobres decide apoiar políticas que contrariam seus interesses? Convidamos você a esta reflexão sobre o desafio de construir um Brasil verdadeiramente democrático e igualitário.

Aulas:

1. As raízes históricas da extrema direita no Brasil são americanas

2. O branco pobre do Sul e de São Paulo e o preconceito regional no Brasil

3. O negro evangélico

4. Considerações finais"

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Amigas e amigos leitores do blog, experimentem participar do ICL, vocês terão muitas oportunidades de conhecimentos novos. 

Abraços,

William