Tudo por ler ainda... |
Dias atrás, quando fui a Minas Gerais visitar a família, aconteceu-me o fato de reencontrar-me com uma antiga coleção de livros de meu primo Jorge Luiz. Como ele iria doá-los, perguntou-me se eu queria dar uma olhada e pegar alguns deles.
Recusei a princípio, mas após lembrar-me das palavras de Alberto Manguel, no meu livro de cabeceira "Uma história da leitura", mudei de ideia e fui dar uma espiada nos livros.
Cara, assim que comecei a ver os volumes que eu li quando era adolescente, volumes que me tiraram um pouco da rua e me fizeram tomar gosto pela leitura e depois pelos estudos, já comecei a separar alguns deles. Acabei pegando umas três sacolas de plástico. Acho que peguei uns 30 livros. Isso porque vivo prometendo a mim mesmo que não vou adquirir mais nada porque não tenho onde pôr e nem tempo de ler o que já tenho.
Mas lembrando de novo das palavras de Manguel, cada leitura tem uma história. Cada livro tem uma história. A edição é única, o volume que você leu também.
Trouxe aqueles velhos volumes que li nos anos oitenta: "O poderoso chefão" de Puzo, "Lolita" de Nabokov, "Admirável mundo Novo" de Huxley, "A boa terra" de Buck, "Mar morto" de Jorge Amado, "Fausto" de Goethe, "O processo" de kafka, trouxe a fita de VHS de "Cidadão Kane" de Welles, mais um monte de livros da coleção antiga "Círculo do livro".
Na verdade, como disse, são livros que têm para mim um valor subjetivo, da relação livro-leitor (eu na adolescência).
Para manter também a tese do capítulo do livro de Manguel "Por que ler os clássicos?" trouxe alguns que meu primo tinha e que nunca consegui ler. A ideia do livro de Manguel é de que devemos ter uma estante com livros que já lemos e não vamos voltar a ler, de livros que ainda queremos ler, e aquela especial de livros que esperamos reler.
A parte disso tudo que me deixa meio desconsolado é saber que tive e tenho muito pouco tempo na vida para dedicar à leitura compenetrada, crítica e exegeta. Terminarei minha existência com quase tudo por ler daquilo que precisaria saber nesta vida sobre literatura, sociologia, filosofia, política, história e sobre as culturas e grandes produções da sabedoria humana.
Se eu pudesse, confesso que deixaria todas as obrigações de lado para poder ler, estudar, escrever e viver do estudo e conhecimento, com uma renda adequada para sustentar a família.
Post Scriptum (17/1/16):
Releitura da postagem. A sensação segue a mesma em relação ao desejo de poder ler os clássicos.
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