quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Refeição Cultural - Sobre Liberdade (em silêncio)


São Silvestre 2009.

(atualizado em 4/12/11)

Hoje pela manhã tive raro momento de solidão.

Silêncio pacificador. Até o filtro externo de meu aquário estava sem barulho.

Ficar sozinho às vezes faz bem...

Voltei do planejamento de nosso Sindicato ontem e fui ver meu pai que estava em São Paulo desde o dia anterior. Eu me compadeço muito com a dor daquele homem. Eu juro que sei do que ele está sofrendo.

Na despedida na rodoviária, fiquei olhando para aquele ônibus e ele lá dentro até que o veículo saísse para levá-lo de volta a Uberlândia.

"Uberlândia" - meu pai usa esta palavra e este lugar para tentar achar uma justificativa para a sua infelicidade. Talvez ele tenha razão no que diz respeito à impotência que temos como humanos assim que adquirimos relações com pessoas e coisas. Somos escravos. É um pouco da ideia contida no livro "O pequeno príncipe" - você é responsável por aquilo que cativa!

Fico pensando na questão da "liberdade" em Sartre. O que mais me incomodou quando li "A idade da razão" foi a questão dos personagens dizerem e agirem no intuito de buscarem ser livres, mas faziam coisas contrárias às suas próprias vontades o tempo todo para "provarem" que eram livres (?). Que escravidão do cacete!

Recentemente li "A náusea" e senti a mesma ideia de falsa liberdade na trama de "o-que-fazer-com-a-vida?-já-que-estamos-vivos".

Pai e mãe queridos
Penso em meu pai e penso em mim. O que seguir fazendo com minha vida? Existência escrava que vai fazendo o que chamam de "politicamente correto" e vai sobrevivendo sem buscar realizar os desejos pensados.

Por que não pego para ler a obra toda de um grande escritor e sigo nela até finalizar a leitura lentamente?

Por que não estabeleço como prioridade uma rotina de esporte de maneira a realizar meu desejo de correr e completar uma maratona?

Por que não busco mais momentos de silêncio e isolamento para ter um pouco de paz para poder pensar, escrever e refletir?

Alguma dessas coisas humanas que escrevi acima são impossíveis? São caras? São utópicas? Se não são, por que não as faço?

Não faço pelo emaranhado em que estou metido socialmente enquanto pessoa William no dia de hoje.

E sabemos que a existência da gente pode durar muito, como pode se encerrar no instante seguinte desta escrita (digitada) aqui.

Talvez a liberdade humana não tenha relação possível com as relações humanas e materiais que estabelecemos em nossa própria existência. Mas sem essas mesmas relações não seríamos nada também (?!).

O humano não é um ser livre!

(após esta reflexão, saí e fui correr...)

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