sábado, 25 de agosto de 2012

Ulisses – James Joyce


Minhas edições de Joyce.

ULISSES – JAMES JOYCE

CLÁSSICO IRLANDÊS de 1922

Li esta obra única em estilo e novidade literária faz dez anos. Foi uma leitura difícil e ela exigiu engajamento do leitor.

Cheguei a começar e parar várias vezes e cheguei a ler até lá pela página trezentos e depois voltei para entrar no ritmo adequado da leitura e seguir até o fim.

Já fiz isso com outras obras de leitura exigente como Os lusíadas e Dom Quixote de la Mancha.

A versão que li e tenho é aquela traduzida décadas atrás pelo filólogo Antônio Houaiss. Confesso que fiquei muito curioso para ler as duas versões novas que existem, feitas por literatos.

ESTILO – ATENÇÃO A QUEM FALA OU PENSA

Dias atrás reli o primeiro capítulo e hoje reli o segundo. A leitura exige muita atenção porque ela reveza discurso direto com discurso indireto livre o tempo todo. Quando não há diálogos, há fluxo de pensamento, ora de um dos personagens, ora do autor demiurgo. Você leitor tem que saber quem está falando ou pensando.

QUADRO ESQUEMÁTICO DA OBRA

Joyce, e a tradução de Houaiss, divide a obra em três partes:

I – Telemaquia
II – Odisseia
III – Nostos

Além da divisão em partes, há um quadro com divisões em:

Episódios (18), Cenas, Horas, Órgão, Arte, Cor, Símbolo, Técnica e o número da Página.

EPISÓDIO I

“Sobranceiro, fornido, Buck Mulligan vinha do alto da escada, com um vaso de barbear, sobre o qual se cruzavam um espelho e uma navalha. Seu roupão amarelo, desatado, se enfunava por trás à doce brisa da manhã. Elevou o vaso e entoou:

- Introito ad altare Dei.

Parando, perscrutou a escura escada espiral e chamou àsperamente:

- Suba, Kinch. Suba, jesuíta execrável.

Prosseguiu solenemente e galgou a plataforma de tiro. Encarando-os, abençoou grave três vezes a torre, o campo circunjacente e as montanhas no despertar. Então, percebendo Stephen Dedalus, inclinou-se para ele, traçando no ar rápidas cruzes, com grugulhos guturais e meneios de cabeça. Stephen Dedalus, enfarado e sonolento, apoiava os braços sobre o topo do corrimão e olhava friamente a meneante cara grugulhante que o bendizia, equina de comprimento, e a cabeleira clara não tosada, estriada e matizada como carvalho pálido.

(...)” (JOYCE, 1983, p. 9)

Aqui já percebemos o espaço inicial da obra. A torre, a visão da baía lá embaixo e os campos ao redor.

Pela hora do dia temos por volta de 8 horas da manhã.

“Subiu ao parapeito de novo e mirou para a baía de Dublin, os louros cabelos carvalho-pálido agitando-se de leve.

(...)

Stephen subiu e aproximou-se do parapeito. Apoiando-se neste olhava para as águas e para o barco-correio surgindo na boca da angra de Kingstown.

(...)” (p. 12)

Neste primeiro episódio, descobrimos que Stephen carrega lembranças da morte da mãe, que penou em um leito de morte, e cujo pedido final não foi atendido pelo filho (rezar por ela):

“- Você podia ter-se ajoelhado, que diabo, Kinch, quando sua mãe lhe pediu isso moribunda – Buck Mulligan dizia. – Sou tão hiberbóreo quanto você. Mas imaginar sua mãe suplicando-lhe no seu último alento que você se ajoelhasse e rezasse por ela. E você recusar. Há alguma coisa de sinistro em você...” (p. 12)

CRÍTICAS EXPRESSAS NA OBRA

Aos irlandeses (Buck Mulligan, ao provar leite puro servido por uma anciã):

“- Se ao menos pudéssemos viver de bom alimento como este – dizia-lhe ele, algo gritado – não estaríamos com o país cheio de dentes cariados e de intestinos podres. Vivendo num pântano de lama, comendo alimentos ordinários e com as ruas cobertas de poeira, de bosta de cavalo e escarros de étegos.” (p. 22)

Aos judeus:

“- Sou um britânico, é verdade – dizia a voz de Haines – e isso me sinto. Nem quero ver minha terra tombar nas mãos dos judeus alemães tampouco. E neste momento, creio, esse é o nosso problema nacional.” (p. 30)

O Episódio Primeiro ou Cena Um termina com Stephen Dedalus deixando-os (Buck Mulligan e Haines) na praia e indo para a escola.

PESQUISEI HISTÓRIA DOS JUDEUS

Ao reler o segundo episódio hoje, vi novamente forte crítica aos judeus e acabei me dedicando um pouco à questão judaica. Assisti ao documentário da Coleção Grandes Dias do Século XX – "Êxodo, nascimento de Israel".

Eu não havia assistido ainda ao vídeo e fiquei impressionado com a qualidade e as informações contidas ali. Além de ser quase uma hora com imagens originais em preto e branco dos anos quarenta, há informações que vão desde o fim da 2ª Guerra Mundial até a criação do Estado de Israel em 1948.

Cara, fiquei novamente pensando porque será que atualmente os judeus massacram os palestinos, já que eles deveriam pensar no que fizeram com eles no passado...

É isso, por enquanto.

Clique aqui para ler a parte dois de meus comentários sobre a obra Ulisses.


Bibliografia:

JOYCE, James. Ulisses. Tradução de Antônio Houaiss. São Paulo, Editora Abril, 1983.

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