quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Os saberes e os falsos saberes





"E não tenham medo, salomão está triste, mas não está zangado, tinha-se habituado a vocês e agora descobriu que se vão embora, E como o soube ele, Essa é uma daquelas coisas que nem vale a pena perguntar, se o interrogássemos directamente, o mais certo seria não nos responder, Por não saber ou por não querer, Creio que na cabeça de salomão o não querer e o não saber se confundem numa grande interrogação sobre o mundo em que o puseram a viver, aliás, penso que nessa interrogação nos encontramos todos, nós e os elefantes..." (página 118)

(...)

"uma boa coisa que a ignorância tem é defender-nos dos falsos saberes..." (página 119)

(A viagem do elefante, José Saramago, 2008)


COMENTÁRIO

Gostei dessas duas passagens onde Saramago aborda a questão dos saberes que carregamos conosco, muitas vezes sem explicações. 

Ele faz uma mescla com aquelas grandes perguntas que fazemos sobre alguns animais que têm em seu interior aquele saber de onde ir, como voltar e o que fazer, que nos deixam perplexos.

"uma boa coisa que a ignorância tem é defender-nos dos falsos saberes..."

Por outro lado, achei fantástica a expressão acima, que significa que, às vezes, a ignorância, o não saber e ter consciência e humildade sobre o fato nos protege também da arrogância e do exibicionismo, inclusive daqueles que abusam dos falsos saberes.

É o cuidado com a palavra, com o dizer das coisas, que encontramos nos grandes autores como Saramago.

Veja essa frase abaixo, falando sobre fazer cara de durão, de aqui ninguém passa, que fazemos nos piquetes de greve, é uma forma de dizer fantástica!

"Como comandante, eu me encarregarei dos palratórios, de vocês, nesses primeiros momentos, só desejo que cada rosto seja como um livro aberto numa página onde se encontrem escritas estas palavras, Aqui não entram." (página 126)


William

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