Por onde ir? Cada passo, por aqui ou por ali, uma possibilidade. Foto: William Mendes |
Diário - 190116
"Em férias".
Não pude dormir ao sabor do corpo. Tinha que ler algumas súmulas importantes para dar minha opinião ao meu substituto na reunião de Diretoria Executiva que iria começar às 10 horas lá na Cassi. Por sinal, faltava parte das leituras ainda pela manhã porque consegui ler duas súmulas grandes ontem à noite. Aliás, só li parte das súmulas porque passei o dia todo em reuniões políticas sobre a nossa entidade de saúde.
Barriga roendo porque não quis ir buscar pão antes de acabar as leituras e fazer o contato telefônico para os apontamentos finais.
Saio para ir à padaria. Ao chegar à porta da padaria, num repente de decisão, prefiro entrar na porta ao lado, a farmácia, porque tinha que comprar um remédio recomendado a mim pelo médico de família onde estou cadastrado, um remédio como auxílio para ver se volto à condição ideal de pressão arterial.
Não tinha quase ninguém na farmácia, mas o atendimento demora horrores. Fiquei vários minutos para poder pagar o bendito do remédio.
Saio da farmácia e entro na padaria. Tem uma pessoa antes de mim sendo atendida no balcão dos pães. Ela sai com um saquinho contendo cinco ou seis pães. Pergunto à atendente se vão repor o cesto praticamente vazio de pães. Ela diz que acabaram e que só à tarde, depois das duas horas.
Olho no cesto e tem um pão com aparência satisfatória. Os outros quatro eram horríveis, como verduras de fim de feira. Olho o cesto, olho a atendente, e saio.
Tive que ir bem mais longe, ao supermercado, para poder comprar pães para fazer um agrado a minha esposa, que fica feliz quando consigo comprar pães de manhã.
Durante o caminho, fiquei meditando sobre a questão das escolhas, das veredas constantes em nossa vida. O que aconteceu naquele instante que não entrei na padaria e fui ao lado primeiro e depois voltei e vi alguém pegar os últimos pães na minha frente, acontece o tempo inteiro, a vida inteira e com todo mundo, com todos os seres vivos.
Eu não tenho crença alguma hoje, como tive no passado, sobre destino, carma e darma, retorno e recorrência etc. Para mim, a existência, o funcionamento de tudo no Universo, é assim. A cada instante, decidimos conscientemente ou não sobre tudo, sobre o instante seguinte de nossa vida, ou decidem por nós, e vamos indo ou deixamos de ir a qualquer momento em nossa jornada existencial.
Por fim, refletindo sobre a mesma temática e ritmo das veredas que escolhemos a cada instante, após andar mais, demorar mais, acabei passando em frente à doceria que vende uma torta chamada "Fantasia" que minha esposa adora e que não comia há quase dois meses. Dias atrás, fui comprar e não tinha. Hoje entrei e perguntei e tinha.
Vejam como são as coisas. Não comprei pão onde fui buscar. Perdi um tempão que não poderia, porque apesar das "férias" estou atrasado para escrever um boletim e sair correndo para uma mesa de negociação com o Banco do Brasil sobre a nossa entidade de saúde, onde sou gestor eleito.
Mas com tudo isso a minha esposa ganhou com essa vereda um belo pedaço da torta Fantasia que ela tanto queria.
Veredas...
William
"Em férias" (mentirinha deslavada... é um truque de autoengano)
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