Capa do 1º volume do mangá Death Note. |
Refeição Cultural
Os episódios e a trama do anime Death Note (2006/07) são muito bons e instigantes. Assisti aos episódios 7 (Tentação), 8 (Linha de vista) e 9 (Contato).
A estória é sobre um jovem que encontra um "Caderno da Morte" de um Shinigami (Deus da Morte) e passa a ser o dono do caderno. O adolescente de 17 anos começa a utilizar o poder do Death Note para matar criminosos e livrar o mundo dos crimes. Mas passa a querer ser o novo deus do mundo e começa a matar pessoas inocentes que possam prejudicar seus planos ou descobrir que ele é Kira, o assassino.
O episódio 7 nos envolve muito pela revolta ao ver Kira matar mais uma pessoa inocente. Os episódios 8 e 9 mostram o quanto Kira e "L" são jovens inteligentes, mas cada um usa sua inteligência de forma distinta. "L" é outro jovem que está auxiliando a polícia para tentar descobrir quem é Kira.
Da ficção, refletindo a realidade
A professora de filosofia Marilena Chauí, aborda em uma entrevista concedida ao livro Leituras da Crise (2006) a importância da Política na vida em sociedade e eu nunca me esqueci de um trecho onde ela explica a necessidade das instituições sociais serem fortes e eficientes, com regras e normas que evitem ou dificultem que as pessoas façam sem limites o que os seus desejos lhes instigam.
É da natureza humana ser falível porque somos movidos a desejos e paixões, e as instituições que regulam o convívio em sociedade não podem ser falíveis ou passíveis de serem usadas pelos desejos "falíveis" dos humanos.
A história do jovem que adquire um Death Note e pensa inicialmente em eliminar bandidos e os crimes da sociedade e, em seguida, o poder do Death Note acaba virando uma arma para um super vilão, impiedoso e com desejos de dominar o mundo, é bem o retrato do que a filósofa Marilena Chauí fala sobre nossa natureza falível.
O mesmo fato estamos vivendo em nosso país, que agora é o brazil do golpe midiático-jurídico-parlamentar. O Partido dos Trabalhadores buscou de forma correta fortalecer o aparelho do Estado em relação aos órgãos de justiça, criando novas instituições e ampliando a estrutura das já existentes e dando autonomia para atuarem: CGU, MPF, TCU, PGR, PF etc.
Hoje, no brazil, setores dos órgãos de justiça e polícia - uma parte constituída de jovens oriundos da elite tupiniquim ao chegaram às carreiras por concurso público -, que por sinal só voltaram a existir graças ao Governo Lula e ao PT (FHC/PSDB acabaram com a máquina pública), enfim, setores dos órgãos de justiça e polícia estão destruindo perigosamente a democracia brasileira, se organizaram para auxiliar de forma politizada e partidarizada a grande mídia e a oposição ao governo do PT para retomarem o poder Executivo sem vencerem eleições.
Vivemos neste momento num Estado de exceção. Pode ser que alguns jovens inteligentes até quisessem praticar o bem, mas o poder lhes subiu à cabeça e estão destruindo o país, vidas inocentes, instituições públicas e privadas, permitindo que a iniquidade seja a regra no País, só para que nada nem ninguém impeça o desejo de poder desses segmentos que sequestraram a coisa pública - todos eles, integrantes ou representantes da plutocracia secular brasileira.
Vejam o perigo de não se trabalhar na formação da juventude do mundo pós neoliberalismo dos anos oitenta e noventa conceitos clássicos como ética, solidariedade, direitos humanos, tolerância e respeito à alteridade, humildade e fraternidade. Não basta ser inteligente, é necessário ensinar muito mais aos seres humanos.
Acabei refletindo sobre isso desde que comecei a assistir ao Death Note.
William
Post Scriptum (31/7/16):
Comentários sobre os episódios 1, 2 e 3, clique AQUI.
Comentários sobre os episódios 4, 5 e 6, clique AQUI.
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