Leitura de Ilusões Perdidas, d'A Comédia Humana, de Honoré de Balzac.
"As pessoas que, no interior, gozam de certa consideração, e que ali a cada passo encontram provas de sua importância, não se acostumam de modo algum a essa perda total e súbita de seu valor. Ser algo em sua terra e nada ser em Paris são dois estados que requerem transições; e aqueles que passam muito bruscamente de um para o outro caem numa espécie de aniquilamento" (página 201)
Essa descrição dos costumes franceses da primeira metade do século 19 é algo que não mudou na sociedade atual, nem cá no Brasil, nem em lugar algum.
A coisa mais difícil para as pessoas que estão no poder, que são o centro das atenções, famosos e ricos e que-tais, é sair de seu reino ou pseudo-domínio e de uma hora para outra ser só mais um na multidão num grande centro, de maneira que possa se sentir "alone in the crowd".
Também é por causa disso que quase ninguém quer largar o osso quando se encontra nos espaços de poder. É o esquecimento e perda de importância no dia seguinte ao fim de sua posição ocupada antes.
Seria algo para se rir, se não fosse trágico ver o quanto essa necessidade do ego prejudica projetos coletivos, pessoas e os espaços sociais.
William
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