Refeição Cultural
Após passar o dia inteiro nas leituras densas de meu trabalho como Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, senti a necessidade de me desligar por algumas horas e pensar em outra coisa.
Vamos falar de filmes, cultura, política e história.
Assisti neste domingo ao filme do diretor espanhol Carlos Saura "Mamãe faz cem anos" (1979). Domingo foi dia das mães e algo me chamou para esse filme, apesar de não ser nada amoroso o que os familiares planejam para a mamãe que faz cem anos.
Eu estou num clima de leitura e estudos sobre o fascismo e sobre a Guerra Civil Espanhola, que teve como resultado final a ascensão do ditador Francisco Franco, que ficou no poder por quase quatro décadas (até sua morte em 1975).
Os anos vinte e trinta do século passado marcaram ascensões de governos fascistas e totalitários em diversos países. Como leitor de mundo, vejo riscos semelhantes neste momento da história humana.
Estou lendo "Por quem os sinos dobram" (1940) de Ernest Hemingway. A obra retrata a Guerra Civil Espanhola (1936/39), guerra que contou com o apoio dos nazifascistas de um lado, o lado dos conservadores liderados por Franco, e que não contou com o apoio dos governos da Inglaterra, França e outros que estiveram entre os aliados na Primeira Guerra Mundial. Mas pelo menos os Republicanos contaram com o apoio das Brigadas Internacionais.
O filme é muito bom. Eu já assisti a ele três vezes. Carlos Saura, o diretor de cinema engajado politicamente em relação à ditadura franquista, fecha um ciclo de trabalhos com este filme de 1979. As interpretações de Geraldine Chaplin (Ana), Amparo Muñoz (Natalia), Rafaela Aparicio (mamãe) e Fernando Fernán Gómez (Fernando) são marcantes. Todas as personagens retratam os conflitos internos de uma sociedade que ficou parada no tempo e atrasada por gerações devido à ditadura de Franco.
O livro que acompanha a obra traz textos esclarecedores do crítico e professor Cassio Starling Carlos nesta Coleção do Cinema Europeu.
Eu vejo um cenário brasileiro após o Golpe de Estado em 2016 com graves sinais de retrocesso histórico aos direitos e avanços sociais de décadas de lutas do povo e seus diversos segmentos caso não haja uma rápida reação para retomar o País das garras dos golpistas, que se instalaram em todos os aparelhos do Estado nacional, atuando para o 1% que se apropria da coisa pública.
É isso, o filme é muito bom! É só se deixar levar com um olhar atento e perceber o que é uma sociedade antidemocrática marcada por décadas de retrocesso social e conservadorismo em prol de algumas castas, e contra a maioria de seus integrantes, o povo trabalhador.
William
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