domingo, 24 de dezembro de 2017

Feliz Nascimento a vocês da classe trabalhadora!


(atualizado às 9h52 de 25/12/17)


Refeição Cultural - 25 de dezembro

Que dizer a vocês que nos acompanham através deste Blog nesta data de 25 de dezembro?

Em meu coração se apertam vários sentimentos ao mesmo tempo, emoções difusas e antagônicas que se misturam e marejam os olhos e dão nó na garganta. Data que faz menção ao nascimento do filho de Deus. Estou triste e decepcionado com os seres humanos e ao mesmo tempo estou muito focado e obstinado em não desistir desses mesmos seres humanos, atuando diariamente para mudar as atitudes das pessoas porque assim podemos mudar o mundo para melhor.

Eu tive educação católica. Cresci num mundo duro e convivi com violências e misérias, principalmente após os dez anos de idade. Como diz o personagem do Grande sertão: veredas, Riobaldo Tatarana, corajoso eu não era muito, mas tive que me fazer. As condições duras me fizeram endurecer e enfrentar o mundo.

A referência num Deus onipresente, onipotente e onisciente me freou de fazer muitas merdas na vida ao longo da adolescência. Tenho certeza que me fizeram superar vivo aquela fase da vida. Os dogmas sobre os pecados apontados pelo cristianismo, os mandamentos do próprio Deus, não fazer aos outros o que não se quer para si mesmo etc, tudo isso balizou a formação de meu caráter, a minha ética.

Aí chego ao início dos anos dois mil e vejo mudanças positivas para o povo brasileiro ao qual pertenço, o povo mais simples, o povo da classe trabalhadora. Como militante social, ajudei a construir em quase vinte anos aquele país que vinha melhorando. Aí chego perto dos cinquenta anos de idade e vejo a merda que virou o mundo em pouco mais de dois anos de virada política após novo golpe de Estado contra a democracia em meu país.

A abertura da Caixa de Pandora, por parte dos golpistas bandidos, que libertaram todos os males e maldades para ganharem o mundo, o nosso mundo, vai mostrando a cada semana, a cada mês, que as maldades contra as pessoas simples, contra os trabalhadores, contra o povo ao qual pertenço, não têm fim. A cada dia, maldades inimagináveis são realizadas, em todos os meios públicos e privados. O Estado Nacional ferrando o povo em benefício do pequeno grupo que aplicou o golpe. Desfazimento de nosso país com entrega de nosso patrimônio para outros países imperialistas. Pessoas se sentindo à vontade para exercitar as novas maldades antes refreadas e agora incentivadas. Racismo, violências contra mulheres, minorias, trabalhadores, idosos, pessoas sem posses.

A construção do golpe contra os avanços que vinham ocorrendo para o povo brasileiro começou antes das eleições de 2014. A estratégia da anti-política colocou no Congresso Nacional o pior grupamento de parlamentares da história da República, grupo que executaria toda a desgraça que se desenhava para o caso de um quarto governo do Partido dos Trabalhadores: foi avisado pela elite e pela oposição política que o PT não poderia ganhar, e se ganhasse, não iria governar. A organização do golpe estava bem estruturada desta vez.

Os apoiadores do golpe contra a democracia e o povo brasileiro contaram também com uma organização de fortes interesses corporativos nos órgãos do terceiro poder da República, setores da Justiça. E nada seria possível sem a maior e mais fantástica máquina de manipulação ideológica desde o advento dos meios de comunicação de massa a partir dos anos 30 e 40 do século passado. No mundo do século 21, onde a vida é baseada nas redes sociais e no mundo virtual, ter todas as formas de comunicação dominadas por poucas pessoas (famílias e corporações do PIG) vai nos levar a um mundo totalitário jamais imaginado sequer por Huxley, Orwell e outros autores dos clássicos de ficção de mundos distópicos como "1984".

Ao ver dominados pelos golpistas os poderes da vida social em forma de República - executivo, legislativo, judiciário e mundo empresarial, incluso o da grande imprensa -, e o que esses poderes estão fazendo com a maior liderança do povo brasileiro, o presidente Lula, numa avalanche de parcialidade* estatal para eliminar da vida política aquele no qual o povo deposita esperanças da volta de dias melhores é de uma dor imensa, é de causar uma indignação que nos faz reviver todos os sentimentos negativos que tivemos na adolescência e que gastamos anos para superar: trocar o sentimento pessoal de raiva e ódio contra as injustiças sociais pela fé nas lutas coletivas, pela democracia e pela Política.

Ao se instalar um Estado de exceção, parcial, que favorece uma casta privilegiada e que atua contra todo o restante do povo, seus direitos sociais, suas lideranças e suas instituições, vivemos hoje uma vida cotidiana que incentiva algumas corporações, alguns grupos e algumas pessoas a praticarem o mau, a canalhice, a fraude, a incivilidade, a barbárie e a injustiça contra os mais fracos, contra os que não estão na condição de poder, ou que estão no poder defendendo a classe trabalhadora. Isso não pode seguir assim.

Eu vejo com preocupação todos os casos de injustiças contra instituições, contra cidadãos e contra os direitos coletivos e individuais do povo; vejo com preocupação casos como o deste simples cidadão que vos fala: após quase quatro anos de total e absoluta dedicação à causa que represento, como gestor eleito pelos trabalhadores associados de uma entidade de autogestão em saúde, estou terminando o ano vendo a construção de uma injustiça que ainda não posso divulgar por causa de ritos formais da instituição em que atuo. 

Como manter a fé na humanidade e nas instituições da sociedade perante tudo o que temos visto, vivido e combatido tanto nestes quatro anos de dedicação fiel aos direitos dos associados que represento na Cassi quanto de dedicação às causas dos trabalhadores e do Brasil para todos que ajudamos a construir? Eu respondo: enquanto estivermos vivos e tivermos uma causa a defender, as causas dos trabalhadores e do povo, não haverá desistência de nossa parte. A gente faz o que tem que ser feito. 

NATAL É NASCIMENTO, É ESPERANÇA!

Nas próximas semanas estaremos no ano de 2018, o ano que exigirá mudança de comportamento dos trabalhadores e do povo que está sofrendo as consequências da destruição de nosso país e dos nossos direitos por parte do pequeno grupo que tomou conta dos poderes do Estado Nacional.

Como Natal é Nascimento, é uma data que nos lembra do filho de Deus, que pregou a compaixão, a solidariedade, a divisão das riquezas da sociedade entre todos, o amor ao próximo, o perdão e a tolerância aos diferentes, enfim, que cada um de nós da classe trabalhadora receba o espírito desse Nascimento para lutarmos por um mundo que represente tudo isso que o filho de Deus pregou, independente da fé de cada um em alguma religião.

Eu preciso ter fé na humanidade porque sou ser humano, sou um ser social, preciso dos outros, preciso de um mundo onde possa viver em paz, com justiça, com oportunidades, com liberdade, com tolerância, com segurança, amor e fraternidade.

Feliz Natal a cada um(a) de vocês que nos leem e acompanham!

William Mendes
Cidadão brasileiro


*Post Scriptum:

Ao reler o texto pela manhã, vi que havia escrito a palavra errada. Quis dizer parcialidade e não imparcialidade como estava escrito. Corrijo e aviso em respeito às pessoas que já haviam lido a mensagem de Natal.

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