quarta-feira, 10 de julho de 2019
100719 - Diário e reflexões - Luto
Refeição Cultural
Meus blogs já me salvaram de processos de assédio moral e lawfare durante meu mandato na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, quando representava a classe trabalhadora como dirigente eleito. Depois de inventarem mentiras a meu respeito para me prejudicarem, foi através da transparência que mantive de meus mandatos através dos blogs que desfiz as mentiras e maledicências montadas contra mim.
Neste espaço público - este blog de cultura e o blog que mantinha para prestar contas das lutas bancárias -, registrei ao longo de uma década uma prestação de contas dos mandatos de representação. Onde estava, o que fazia e o que defendia enquanto representante de classe. Por persistência, mantive uma disciplina absurda na confecção de textos e postagens. Para isso, abri mão inclusive de dormir o suficiente por anos de militância. Valeu a pena!
Hoje, este blog é um espaço público que ainda busca um sentido num mundo que mudou completamente. Falo para quase ninguém, mas ao menos posso expressar o que penso ou sinto. Neste sentido, registro agora meu pesar, meu luto, pelas perdas deste dia para o Brasil, para os brasileiros e para a militância social que luta para construir um mundo melhor, mais justo, igualitário, democrático e com liberdade.
A morte do jornalista Paulo Henrique Amorim é um golpe duro para o movimento que luta por liberdade de expressão e por uma regulamentação nos meios de comunicação, monopolizados por alguns barões desde sempre. PHA, será muito difícil não ter você amanhã e depois e depois. Sinto muito! Sinto mesmo! Companheiro Paulo Henrique Amorim, presente! Desejo que a família encontre forças para lidar com a perda.
As perdas de pessoas que contribuíam para um mundo melhor, através de suas áreas de atuação foram impactantes para nós. Faleceu o professor Chico de Oliveira, sociólogo aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Passei a ouvir e ver o professor Chico de Oliveira, logo depois que entrei na Faculdade de Letras, da FFLCH, em 2002. Me lembro das posições firmes dele nos debates no auditório da História/Geografia sobre a reforma da previdência levada adiante pelo governo do PT em 2003. Grande pensador! Perdemos muito com sua ausência.
Nestes dias, perdemos também o cantor e compositor João Gilberto e o ex-guerrilheiro Carlos Eugênio da Paz, conhecido como comandante Clemente, último líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), militante que assumiu o comando após o assassinato de Carlos Marighella pelo regime de exceção que vigorou por duas décadas no Brasil, antes do atual regime de exceção, com o golpe de 2016.
E para completar as perdas por morte de cidadãos que honraram a raça humana, os canalhas no Congresso Nacional, com o apoio de seus asseclas nas demais instâncias do poder estatal, passaram por cima de qualquer garantia de bem estar social que fora conquistada na Constituição Federal através das lutas populares nos anos oitenta e liquidaram a previdência social brasileira e a aposentadoria de dezenas de milhões de pessoas. Essa traição ao povo brasileiro equivale a assassinar milhares de pessoas a partir de agora e pelos próximos anos. Essa terra miserável pode se igualar em miséria à grande maioria dos países do continente africano.
O Brasil nunca mais será o mesmo. Algumas poucas pessoas conseguiram destruir a vida de milhões de pessoas. Eu cheguei aos 50 anos de idade sem entender por que as pessoas de minha classe são tão alienadas, tão manipuláveis, e tão passivas frente à humilhação de poucos seres humanos que são mortais como nós, mas que conseguem subjugar a massa idiotizada e bovina.
Morte a todos nós, que permitimos nos tirarem tudo sem lutar, sem nenhuma reação à altura nas ruas e praças do país. Derrubaram uma presidenta eleita por 54,5 milhões de votos e não fizemos nada. Acabaram com os direitos trabalhistas e com todos os avanços dos governos do PT para milhões de pessoas e não fizemos nada. Prenderam o presidente Lula numa masmorra, e mesmo com toda a comprovação (já sabíamos) das fraudes processuais através das matérias do The Intercept, que vem divulgando há semanas que os sujeitos responsáveis pela Lava Jato montaram toda a fraude e que o processo contra Lula foi para destruir o país e os direitos do povo, não fizemos nada!
Não fizemos guerra alguma. Não reagimos. Seguimos passeando nos shopping centers da vida, assistindo futebol e televisão, seguimos nos mi-mi-mi de nossas redes sociais imbecilizantes. O fim dos direitos do povo e da soberania do país, levados adiante por poucos seres humanos, mortais como nós, só nos enche de vergonha - quem a tem -, e nada mais! Eu não sei como aguentamos tudo isso, como não explodimos ainda. Alguns corações, e artérias e veias, estão explodindo, na verdade...
Estou de luto neste dia 10 de julho de 2019 pelas perdas de grandes combatentes por um mundo melhor como Paulo Henrique Amorim e Chico de Oliveira. Estou oco e sem sentimento em relação ao fim da previdência e do sistema de seguridade brasileira. O povo não fez nada para manter esse direito básico à vida, não fez nada! Acho que merecemos o fim de tudo.
Viva a lei dos mais fortes e mais adaptados.
William
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