sábado, 28 de março de 2020

280320 - Diário e reflexões




Hoje é sábado. Tivemos um dia ensolarado em nossa querida Osasco, São Paulo.

O mundo enfrenta uma pandemia do novo coronavírus (Covid-19) desde o início do ano. Até o momento, os números oficiais apontam que já foram contaminados mais de meio milhão de pessoas e já morreram mais de 23 mil. Após a pandemia atingir fortemente países como Itália e Espanha em número de mortos (mais de 10 mil italianos perderam suas vidas), agora é a vez do número de infectados crescer exponencialmente nos Estados Unidos e demais países das Américas.

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ATENÇÃO - Você que neste momento está lendo esta postagem, faça o seguinte: pare um instante. Inspire o ar profundamente... devagar... e expire. Faça mais uma ou duas vezes. E então? 

Eu me arrepiei. Me emocionei... O simples fato de respirar! Essa é uma função biológica básica da vida. E às vezes nem ligamos para isso, já que é algo involuntário à consciência do ser vivente.

Esse vírus invisível, que atravessa vidros de lotéricas à prova de balas (eu juro que o imbecil na presidência do Brasil citou que os trabalhadores das lotéricas estão protegidos pelo vidro... vejam na internet), enfim, esse vírus ataca os pulmões e as pessoas não conseguem respirar, dizem que é como morrer afogado no seco. Que terrível deve ser isso.
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Neste sábado, os números oficiais do Ministério da Saúde (fonte: Carta Capital) apontam para 114 mortos e 3904 casos no país (devem ser muitos mais, só que estão destruindo as instituições de pesquisa de dados); a ampla maioria dos casos é no Estado de SP, e um dos epicentros é onde eu moro, região Oeste da grande São Paulo. (respirei profundamente... como é bom respirar!)

A gente nunca imagina o quanto a vida pessoal e coletiva, social, pode mudar de uma hora para outra por causa das decisões humanas e por eventos considerados naturais, vindos da natureza (vejam o que 57 milhões de eleitores fizeram conosco em 2018!). 

Neste momento, meus entes queridos mais próximos, minha família de uma forma geral, meus amigos, estão respirando. Conhecidos meus já começam a apontar a perda de conhecidos vitimados pelo Covid-19. O amanhã num mundo de pandemia ninguém sabe.

Boa parte dos países fortemente atingidos pela pandemia tem em seus governos líderes e partidos de diferentes matizes ideológicas, mas todos caminham na mesma direção no combate à pandemia; são países com culturas seculares ou milenares e as populações têm civilidade. No Brasil nós temos Bolsonaro, bolsonaros...

O golpe de Estado em nosso país em 2016 foi o divisor de águas para a sociedade brasileira. Para se interromper os governos do PT, os avanços para o povo pobre e trabalhador por mais de uma década, apostou-se na destruição do país. Gente lesa-pátria da elite canalha e seus lacaios instalados no aparelho estrutural e ideológico do Estado dizimou não só o país como também aprisionou as mentes de parte do povo brasileiro.

Desculpem, amig@s leitores, a gente começa a pensar sobre a situação dramática em que nos encontramos e começamos a nos alongar. Estou sem ânimo para isso.

O que registro nestas reflexões de hoje é que o dia lá fora foi bonito. Eu fui ao mercado para comprar algumas coisas para casa. Quis comprar máscaras cirúrgicas para usar nas saídas de casa e não as encontrei em três farmácias. O mercado local em que fui estava lotado, corredores cheios, impossível não trocar o mesmo ar com as pessoas.

A questão de tentar limpar tudo com álcool e produtos de limpeza, a gente faz o que pode, mas como diz a minha mãezinha de 74 anos, é muito difícil porque se o vírus estiver em alguma coisa que entrou na casa, vai ser uma questão de sorte ou azar; ela diz que só Deus para proteger mesmo...

Outro dia ajudei a Rosângela no farol perto de casa. Conversei com ela alguns minutos. Ela pede ajuda naquele ponto já faz um tempo. É dramática a condição dela. Hoje conversei com o Henrique, que também é uma pessoa em situação de rua aqui da região. Com as ruas vazias, tá bem difícil pra eles. 

Quando penso nas pessoas que estão nesta condição, Rosângela, Henrique, os moradores das favelas e periferias, minha família que é muito simples e sempre contou com ajudas diversas uns dos outros, me sinto um privilegiado, e isso porque tive trabalho, tive salário, tive teto pra morar, tive o que comer. Todo ser humano deveria ter esses direitos básicos porque o mundo tem riqueza para isso (só que está na mão de alguns humanos, menos de 1% deles).

Termino essa postagem respirando... respirando. Estou vivo! Estamos vivos. Mas pessoas estão morrendo por causa da miséria, por causa da pandemia, por causa do egoísmo. E tem uns bilionários que querem fazer de mim e de você uma porcaria de número. Dizem que tudo bem morrer "uns 7 mil". Não é possível que o mundo siga assim!

William

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