terça-feira, 28 de julho de 2020

Lendo Eichmann em Jerusalém - Hannah Arendt




Leitura feita sob a máscara do imprecador...

Refeição Cultural

Comprei o livro de Hannah Arendt em agosto de 2019. Já estávamos sob o novo regime no Brasil. O subtítulo do livro é "Um relato sobre a banalidade do mal". Não sei por que esse subtítulo me coçou a mão ao ver o livro na livraria. Comprei e comecei a ler. Cheguei a ler três capítulos e parei como faço com tantas obras.

As coisas pioraram muito do ano passado para cá. Se já estávamos sob o regime do mal, agora estamos sob os efeitos do regime do mal e o mundo ainda passou a enfrentar desde o início do ano uma pandemia mundial que piorou drasticamente a vida do povo pobre, do povo explorado e humilde, e as coisas não poderiam ser piores. A pandemia de Covid-19 facilitou a vida dos capitalistas. Ficaram 34 bilhões mais ricos no Brasil nesses meses de pandemia. O povo ficou mais miserável e se lascou com o golpe que tirou o Partido dos Trabalhadores do poder.

O regime do mal no Brasil está avançando com seu projeto e até o momento não se acumularam forças populares internas para barrar o avanço do mal e reverter tudo o que estão destruindo. Direitos trabalhistas e previdenciários foram perdidos. As empresas públicas seguem sob destruição e ameaça de desfazimento. Saúde e educação são alvos preferidos do regime do mal. A Amazônia e outros biomas e os povos indígenas estão sendo extintos.

Esta destruição de tudo é projeto do regime do mal que se instalou no Brasil. A pandemia só veio a facilitar a vida dos fascistas no poder. Ao vermos os desumanos que controlam o novo regime agindo contra as recomendações mundiais de quarentena e isolamento social, vemos que o vírus passou a ser estratégico para o regime: o vírus contamina e mata os segmentos da população que os poderosos mais odeiam: pretos e pobres, doentes e idosos. Não à toa, o governo não usa sequer a verba destinada à pandemia e deixa um país continental sem insumos básicos no Sistema Único de Saúde.

Os índices da pandemia mostram que são os mais pobres e com menores recursos que mais se contaminam e morrem; quanto mais rico e com mais recursos, menos morte. Quem tem plano de saúde privado, tem mais chance; quem depende da saúde pública com orçamento congelado, tem menos chance. Menos de 25% da população tem algum plano de saúde no Brasil. Quanto mais o vírus contaminar e matar pessoas idosas pobres e pessoas afastadas por problemas de saúde, menos gasto o Estado terá com essa parte da população. O vírus se tornou uma oportunidade para o novo regime do mal.

CONCLUSÃO, o relato acima me leva a crer que os criminosos que estão no poder em nosso país serão julgados e condenados em algum momento da história; é o que penso e ao olhar para a história da humanidade temos vários exemplos de contextos como esse.

O primeiro capítulo do livro de Arendt, descreve o cenário político em que se deu a captura e o julgamento do nazista Adolf Eichmann, quinze anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial. As coisas já estavam meio "pacificadas" em relação aos crimes de guerras e genocídios praticados pelos nazistas. Tinha nazista de alto escalão que só tinha pego 4 anos de prisão por matar 15 mil judeus, 40 mil judeus etc. O julgamento de Eichmann reacendeu a discussão sobre o mal praticado como ato cotidiano por pessoas nas estruturas do poder.

Quando a gente vê frases como aquela do sujeito "ministro" com seus planos de "passar a boiada" e destruir a Amazônia; quando a gente vê aquele outro "ministro" que destruiu a educação do país; quando a gente vê presidente de banco dando carteira de crédito a 10% do valor para o amigo "ministro"... e quando a gente vê as coisas do inumano no poder e as coisas que cercam seu clã...

Uma hora o vento vai virar e o mundo civilizado terá tribunais internacionais existentes ou criados para julgar crimes cometidos na América Latina após a onda de lawfare que derrubou governos democráticos no início do século XXI e instalou regimes de destruição e mortes. Essa gente vai pagar por tudo isso que estão fazendo conosco. É uma imprecação.

Estou fazendo como o imprecador no livro de René-Victor Pilhes. Vou ver esses caras caírem. Serão julgados e condenados por seus crimes contra os índios, contra a natureza, contra o povo, contra o patrimônio nacional.

Mesmo que eu indivíduo não veja, meus pares vão ver, minha geração vai ver esses caras condenados.

William

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