sexta-feira, 24 de julho de 2020

Elevadores em tempos de pandemia de Covid-19




Refeição Cultural

(atualizado às 21h47)

Os dois elevadores do prédio têm cartazes avisando que as pessoas devem evitar compartilhar aquele pequeno espaço com outras pessoas, a não ser que sejam membros da mesma família... francamente, parece que a mensagem é feita para cidadãos que moram em qualquer país do mundo, menos no país jabuticaba do bolsonarismo. Falo isso porque o barbarismo venceu! Não existe educação, solidariedade, consciência, respeito e preocupação com o próximo nesta terra.

Abro a porta de casa e encontro no hall um vizinho. Ele havia chamado um dos elevadores. Já de cara chamo o outro e digo uma daquelas frases de puxa-conversa, dizendo que desceria no outro para seguirmos as orientações em tempos de pandemia do novo coronavírus. Como moramos no 17º andar, o tempo de espera exige que os dois mascarados troquem mais algumas frases de puxa-conversa. Chegam os elevadores quase juntos. O vizinho entra em um e eu no outro.

O elevador nem bem começou a descer e já parou. Alguém em outro andar aguardava e nem pestanejou ao entrar no elevador em que eu estava. Eu já disse até para minha esposa que eu não tenho as manhas de pedir para alguém esperar o próximo. A pessoa deveria ter essa consciência. Enfim, a pessoa entrou. Cada um no seu canto no elevador.

O elevador nem embalou e já parou de novo. Uma terceira pessoa não pensou duas vezes e já foi entrando. Agora já estávamos meio que num transporte público. Que dizer? Pra completar, ao chegar lá no térreo, fui passar um álcool em gel nas mãos e imaginem se tinham reposto o produto na parede entre os dois elevadores? Essa cena foi ontem.

Hoje foi diferente. Foi mais incomum que a cena acima, mas a sensação de ser idiota foi a mesma ou pior, porque as pessoas não se importam com regra alguma e as que seguem... pelo menos não são responsáveis pela tragédia que vivemos, afinal de contas, Bolsonaro é presidente! Sem essa de cidadania, educação, respeito pelo outro. Leis e regras gerais para todos é coisa de esquerdista, de socialista, comunista, petista. Regras e ética são para os mortais. Para os apoiadores do mito a regra é a não regra, é a carteirada, é o clientelismo, é o nepotismo. É o "- Sabe com quem tá falando?" 

Chamo o elevador de serviço. Estou com sacolas de lixo. Eu não concordo com a classificação imposta a todos ao estabelecer que um prédio tenha um elevador social e outro de serviço. Até pode ser para o caso de mudanças, mas para outras coisas, acho um exagero. Mas quando não tem nenhum elevador parado, porque às vezes só tem um funcionando, tento seguir as regras. O mostrador indicava que ele estava no térreo. Estava demorando... chamei o outro. Nada. Depois de um tempinho, o de serviço começou a subir. Ufa!

Quando me preparava para entrar no elevador, ele passa pelo meu andar e vai para o 18º. Lá vem... ao parar no meu andar, já tinha gente dentro. Era um dos trabalhadores que está fazendo manutenção na pintura do prédio. Acionei minha tecla de paciência e disse que aguardaria a próxima subida do elevador. O outro continuava sem subir, também estava no térreo.

Passados vários minutos depois de sair do apartamento, e ainda no hall, finalmente o elevador de serviços subia para encerrarmos aquele momento de espera. Será? Gente, o elevador não parou no 17º... juro! Foi para o 18º. Ao parar no meu andar, estava nele uma família que mora no andar de cima! Acionei em mim a tecla de mute, fiz um gesto à família, indicando que esperaria para descer depois e deixei a porta fechar de novo. Tchau elevador!

O outro continuava parado no térreo... No instante em que fiquei só de novo olhando para as portas dos elevadores, dei alguns resmungos, tipo - "merda!", "cacete!"... - abri a porta da escada de emergência e desci os 17 andares com as quatro sacolas de lixo. Fala sério! 

Chegando lá no térreo, vi que o elevador social estava parado no 17º andar. Percebi, por ver os baldes e panos ainda no hall, que o pessoal estava fazendo a limpeza do elevador social naquele momento em que eu o esperava lá em cima.

Cenas cotidianas em tempos de pandemia. O pior é saber que talvez mais da metade das pessoas desta terra bárbara em que vivemos não está nem aí para a pandemia, o vírus, as 85 mil mortes que já ocorreram até hoje, máscara, isolamento social, higienização, nada disso. Essa tal de Covid-19 não passa de uma "gripezinha".

A gente é meio que idiota, imbecil, meio trouxa misturado com politicamente correto. Sei lá! Acho que tinha que descrever essa cena cotidiana!

Seguimos, pois a vida segue e queremos que as coisas mudem. Essa tortura que sofremos com o país capturado não vai durar para sempre. Não vai. Os comuns estão agindo assim por causa da má referência que nos capturou. O resto da cena foi azar ou coincidência. Normal.

Esses sujeitos que estão cometendo crimes contra o país, destruindo a natureza, matando os índios, roubando o patrimônio público, ferrando o povo e causando mortes e mais mortes serão julgados e condenados em tribunais políticos e penais. Falo dos golpistas e maus políticos. Eles serão julgados. Se não aqui, nos tribunais internacionais.

Estamos firmes! Quero ver essa gente do mal, que capturou o país, julgada e condenada!

William

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