sábado, 18 de julho de 2020

Vamos vencer o mal




Algumas cenas marcaram meu sábado e ainda agora no fim da noite me deixam pensativo, taciturno, sem capacidade de concentração para estudos; no entanto, a obrigação de um guerreiro é ter gana de criar, de lutar, de guerrear, de botar pra fora o mal que infestou nosso mundo, mal criado para interromper os processos políticos que estavam melhorando a vida do povo miserável brasileiro.

Uma entrevista com a filósofa Marcia Tiburi no portal Brasil 247 me deixou pensando profundamente em tudo o que estamos enfrentando. Ela mexeu comigo, com meu pensamento. Acho que esse é o papel da filosofia. Pegou na veia a abordagem dela sobre o Brasil e o mundo, sobre Bolsonaro e o bolsonarismo, sobre a questão do "ridículo político" em que nos colocaram, sobre Hannah Arendt e a questão da banalização do mal. Sobre os comuns como Eichmann.

O filme Central do Brasil com Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra e direção de Walter Salles. O filme foi lançado em 1998. Assistimos ao filme meio que por acaso, ao zapear canais na TV. O filme mexeu muito comigo. Ele mostra um Brasil miserável, de gente miserável, um mundo de mentiras, um Brasil dos tucanos, dos partidos que participaram do novo golpe de Estado que interrompeu a melhoria de vida daquele povo miserável retratado no filme; povo sem educação, sem emprego, sem direitos, sem casa, sem cultura, sem esperança. 

Entre a posse de Lula e a derrubada de Dilma, a vida daquele povo melhorou como nunca antes na história desgraçada dessa colônia de exploração. E o Brasil também passou a ser referência no mundo. Virou protagonista. O povo nunca havia sido tão feliz. Felicidade gratuita. Nossa autoestima brotava no sorriso dos pretos e dos pardos. As cores se misturavam ao branco dos espaços da casa grande. Hoje, o país voltou a ser aquele de séculos antes dos governos do PT. E somos piores que antes, com raiva, ódio, medo. Bichos feras. Miseráveis ao quadrado.

Encontrei na internet, as cenas gravadas ao vivo do julgamento de Adolf Eichmann, em 1961. Cenas em preto e branco. Burburinho no cenário, a cabine de vidro onde ficou aquele homem que viria a influenciar Hannah Arendt a aperfeiçoar suas ideias filosóficas e legar ao mundo a questão da banalidade do mal. Um homem comum, capaz de participar de um sistema burocrático que praticou as maiores atrocidades que a humanidade conheceu: a eliminação em escala industrial de seres humanos. O holocausto.

Estou com essas cenas na cabeça. Marcia Tiburi apresentando ideias concatenadas sobre o momento que o Brasil atravessa. O Brasil miserável de antes dos governos do PT e do que viramos após a destruição da soberania do país através da Lava Jato e do golpe de Estado, que contou com setores da casa grande lesa-pátria e que odeiam o Brasil e os brasileiros. E a figura daquele homem comum da Alemanha nazista: Adolf Eichmann. Ele poderia tranquilamente ser nos tempos atuais um ministro brasileiro de educação, de direitos humanos, de saúde, de meio ambiente, de economia, de cultura... um presidente de empresa pública...

Não é papel de alguém como eu, que ocupou posições de liderança nos movimentos de lutas da classe trabalhadora, transmitir desânimo, desilusão, ou desesperança aos meus amigos, aos meus pares, ao meu lado da classe, a classe trabalhadora. O que digo ao meu filho, sobrinhos, familiares, amigos, colegas da comunidade Banco do Brasil, conhecidos e leitores que às vezes nos leem?

Nós vamos vencer o mal. O nazismo foi derrotado. Aquele Brasil que maltratava o povo começava a mudar com as eleições de governantes que se importavam com o povo, com a soberania nacional e com a solidariedade de classe. Eu vi e vivi na miséria dos anos 70, 80 e 90. Vimos juntos o Brasil dar oportunidades ao povo e dezenas de milhões de pessoas melhorarem de vida e elas foram mais felizes. Faz poucos anos (leio isso em meus registros de blog) que nossa pauta era aumento real de salários, mais direitos, mais educação, mais saúde, menos horas de trabalho, mais oportunidades.

Ânimo! Vamos vencer o mal! Vamos ver esses canalhas que representam o mal e destroem nosso país em tribunais penais sendo julgados por seus crimes contra o Brasil, crimes contra os brasileiros, crimes contra a natureza, crimes contra os povos indígenas, crimes contra os pobres, crimes contra o patrimônio nacional. Serão julgados por seus crimes contra a vida. Vamos ver esses canalhas nos bancos dos réus ainda.

William Mendes

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