quinta-feira, 16 de julho de 2020

Nunca é tarde para aprender e criar coisas novas





Neste instante em que escrevo, uma manhã fria de quinta-feira, me questiono sobre as coisas que faço. Por que levantei cedo, se poderia ficar no quentinho da cama? Não me faltam os recursos básicos para me deixar levar por tal prazer, o prazer da preguiça, o prazer do instante imediato que insiste em predominar sobre o desejo do novo, do incerto, do criar; o prazer imediato é o senhor supremo de nossas rotinas humanas e só será freado e vencido se nos insurgirmos contra ele. Buscar o novo, aprender algo a mais do que já sabemos, do que achamos que sabemos, é um desafio existencial diário. 

Ouço uma jovem que nos ensina como aprender novas línguas. Ela nos dá dicas de como aprender a aprender. Me lembro que décadas atrás já me interessava por técnicas de como aprender melhor as coisas. Na época o interesse eram provas de concursos públicos. Mas aprender a aprender é algo para a vida toda. Se aprendemos técnicas de memorização, de como derrotar a preguiça interna e confortável de nossa mente e de nossos corpos, só teremos a ganhar como seres humanos, seres que são dotados de mais capacidades físicas que outras espécies, principalmente por causa de nossos cérebros.

Os acontecimentos no mundo nos levaram a uma condição quase insustentável de sobrevivência neste instante e no próximo período. Milhões de pessoas estão neste instante com fome, com sede, com frio, com medo, com dor, com dores diversas... e isso não pode ser aceito por um ser humano decente. Costumo dizer a mim mesmo que o imponderável pode mudar tudo de uma hora para outra, penso isso como estratégia mental de enfrentamento ao desânimo que nos dominou. Mas uma coisa é fato: nenhuma mudança em favor de nossa classe social vem sem luta. Nenhuma! 

Se um meteoro cair no local onde se reuniam 500 desgraçados que nos dominavam e nos exploravam e faziam nossas vidas um martírio, e se todos eles deixarem de existir naquele instante da catástrofe natural, e se nós não estivermos organizados para mudar a situação que estava colocada antes, outros desgraçados próximos daqueles que nos dominavam farão com que tudo volte ao "normal". Entenderam? Qual "normal" nós queremos após a pandemia de Covid-19, por exemplo? Aquele normal em que 1% acaba com o planeta e nos faz lixo?

Permitimos que o mal avançasse sobre nossa vida cotidiana de forma intolerável, por preguiça, por prazer imediato, pela rotina, por falta de vontade de aprender e criar, permitimos que se tornasse normal mil pessoas morrerem por dia por uma doença que pode ser enfrentada; permitimos que uma pessoa detenha os recursos que seriam suficientes para manter com direitos básicos milhões de outros seres humanos. Permitimos ser normal a mentira dominar a pauta de nossas vidas e não fazemos nada a respeito.

Por que ter interesse em aprender a aprender neste momento do mundo? Porque é o melhor a se fazer. Temos que aprender a usar nossa inteligência para podermos ser criativos e acharmos soluções para essa tragédia social em que nos encontramos. A educação pública está morrendo. A saúde pública está morrendo. Os direitos de cidadania estão morrendo. Vamos morrer sem os direitos básicos de cidadania. Não podemos aceitar como rotina morrermos sem direitos básicos de cidadania. Então temos que superar a preguiça de pensar, de aprender, de criar. Estudar e aprender algo novo é um ato de resistência e de mudança. Mudando a gente, a gente muda o mundo que está nos matando.

Estudem. Façam algo por vocês mesmos. Aprendam alguma coisa nova hoje.

William

2 comentários:

Gouveia disse...

Vamos resistindo às preguiça e vamos tentando algum tipo de organização social diferente dessa que faz da vida um fardo.

William Mendes disse...

Sim, meu amigo, vamos resistindo! A mudança é a única certeza das coisas. Tudo muda. E mudando, pode-se estabelecer novas realidades, melhores ou piores. Cabe a nós atuarmos para serem melhores. Abração!