quinta-feira, 19 de maio de 2022

"Já pensou se cercam e botam fogo?"

Em 2014, neonazistas da Ucrânia perseguiram
e carbonizaram sindicalistas e esquerdistas.
Créditos: Revista Fórum (rep. de redes sociais)


E pensar que eu estive por tanto tempo em mesas de negociações com gente que pensa em cercar e queimar pessoas...

No dia 2 de maio de 2014, grupos de neonazistas ucranianos cercaram sindicalistas, comunistas e pessoas que defendem um mundo mais justo e solidário, que defendem direitos trabalhistas, previdenciários, direitos em saúde pública, direitos humanos e demais pautas das causas dos grupos de esquerda e progressistas. Os neonazistas cercaram os sindicalistas e botaram fogo na Casa dos Sindicatos em Odessa, Ucrânia.

Foi terrível! 39 pessoas morreram carbonizadas. Jovens, mulheres, crianças, adultos... seres humanos com visões de um mundo mais justo e solidário, um mundo com direitos sociais, civis e políticos como defendem os sindicatos e partidos de esquerda.

Algumas pessoas que tentaram fugir do incêndio se jogando ou saindo pelas portas eram espancadas com porretes, correntes e outras armas para se exterminar sindicalistas e esquerdistas. Foi um dia de muita vergonha para a humanidade. Foi um dia de glória para aquelas pessoas que pregam o ódio, a intolerância, o extermínio de quem pensa diferente.

Aí eu entro em uma rede social e vejo por acaso uma postagem de um colega da comunidade Banco do Brasil fazendo uma espécie de piada ou ironia sobre não ter sido convidado para o casamento do presidente Lula e Janja no dia de ontem. A postagem é equivocada na minha opinião porque confunde pagamento de impostos com a questão privada do casamento do cidadão Lula. Mas é uma postagem normal, dentro das regras da democracia e da livre opinião.

No entanto, o primeiro comentário que vejo na postagem do colega é de uma personalidade conhecida na comunidade Banco do Brasil, uma pessoa com funções públicas porque ocupa cargo de presidência em entidades associativas de nossa comunidade de trabalhadores do Banco do Brasil. A pessoa teve a coragem de escrever:

"Já pensou se cercam e botam fogo?"

É demais pra mim! É demais!

Que gente é essa? Que gente é essa com as quais convivi por tanto tempo em mesas de negociações lutando por direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários? Direitos de colegas da comunidade que só existem porque existe um banco público e funcionários da ativa e aposentados desse banco público. Direitos de previdência complementar que milhares de nós da comunidade usufruem e têm direito neste momento porque sempre houve lutas sindicais, de esquerda! Que gente odiosa é essa?

Que gente odiosa é essa que sonha em cercar e queimar pessoas como eu e diversos companheiros e companheiras que lutamos pelos direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários de toda uma coletividade? Que gente doente é essa?

Cara, é por coisas como essa que estou cansando do mundo, da vida, da existência. Uma senhora que teria tudo para defender a solidariedade de classe, os direitos de todas as pessoas porque ela é representante de trabalhadores de ontem e de hoje - ela tem benefício de previdência complementar por causa de nossas lutas coletivas - e ela sonha repetir aqui com o presidente Lula e com uma centena de convidados o que os neonazistas da Ucrânia fizeram com sindicalistas ao cercar e queimar dezenas de lutadores por um mundo melhor.

Que mundo é esse? Que gente é essa?

William


Post Scriptum: é um print triste de se guardar... de novo, eu não me conformo em ver gente com quem estive tanto tempo lutando por direitos coletivos defendendo cercar e queimar pessoas como o Lula, eu e meus colegas de luta.

E só pra registrar no meu espaço de opinião: ladrão e corrupto é quem acusa Lula de ladrão porque este cidadão é investigado há quase 50 anos e se está livre e com seus direitos políticos é porque nunca acharam uma agulha roubada por Lula. Já quem chama ele de ladrão... com certeza já pagou propina pra alguém, já burlou o imposto de renda, já fez das suas corrupções, mas é gente hipócrita! É o que mais se tem nesta terra bárbara!


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