quinta-feira, 19 de maio de 2022

O Brasil racista - Um mundo de exclusões



Refeição Cultural

Ao assistir "Medida Provisória", um turbilhão de coisas circulou na minha cabeça: vivemos num mundo de exclusões em favor da superacumulação de poucos


Saí da sala de cinema com o coração doído, apertado. Uma vontade imensa de chorar muito, como se fosse um choro que aliviasse o coração. Mas nem chorando estou ultimamente. Mau sinal. O filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, é um filme catártico. 

Impossível não se situar naquele cenário humano: quem somos nós? Eu sou o branco privilegiado... mesmo tendo a consciência de onde vim, da pobreza, o mal-estar não passa. Sou um branco num país racista! Fui um privilegiado por isso nos diversos momentos decisivos de minha vida nesta terra. Fui escolhido mesmo nos piores empregos por minha cor branca, é assim no Brasil.

Mil pensamentos correm pelos pulsos elétricos de meus 86 bilhões de neurônios. Lá fora, a lua ilumina uma noite pra lá de fria sob milhares de pessoas sem teto e sem segurança alimentar. É o Brasil do racismo estrutural e da desigualdade social.

Somos mais de duzentos milhões de pessoas nesta ex-colônia de exploração, nesta ainda colônia de exploração. Nunca fomos uma colônia de povoamento. Uma terra continental à mercê de uma pequena elite branca, má, ignorante, vulgar e violenta. A elite do atraso.

Aliás, por que estou escrevendo? Por quê? Todo dia não quero escrever mais. Será que é pra não gritar e ser preso por incomodar os outros? Nem gritar podemos! Estou cansado. Não quero mais escrever, não quero mais quase nada. E alguma coisa dentro de mim me faz abrir o blog e escrever algum lamento, alguma revolta. Mas tô cansado disso. No fundo, quando olho ao meu redor, cansei de viver! Não tem paz nem amor em lugar nenhum, dentro e fora de casa... é só ódio, intolerância, ódio, raiva, ódio, intolerância... que cansaço da porra!!!

Todo dia, todo dia, fico pensando em deletar tudo que me coloque em contato com essa merda de mundo dos poucos abastados, dos poucos donos de tudo. Odeio ser commodity do Zuckerberg ou da bosta do Twitter, mercadoria de uns desgraçados donos dessas ferramentas de manipulação.

Um mundo de exclusões... a bilheteria do cinema não tem mais vendedor: te vira e compra em máquina; não tem ninguém pra cobrar a merda do estacionamento: pague na máquina! (e se fosse o meu pai? como faria pra pagar e sair do shopping?); o ônibus não tem mais cobrador: te vira motorista! Dirija e cobre ao mesmo tempo; não tem mais atendente em lugar nenhum: foda-se você, trouxa! Isso num país com 100.000.000 de pessoas sem salário e renda para comer no dia seguinte!

Por que essa gente não se revolta e ataca os endinheirados? Porque existem ferramentas de manipulação até para deixar os miseráveis tristes, fracos, conformados... Temos diversos comprimidos de Soma nesse Admirável Mundo Novo!

Não sei tudo, na verdade não sei nada. Mas com o tempo e a experiência, compreendi alguma coisa. 

Imaginem o filme Medida Provisória aplicado a esta colônia: a maioria dos humanos das forças de repressão são pretos ou melaninados... na hora de capturar os melaninados as forças de repressão teriam um nó na cabeça, um policial agressor teria que olhar pro seu parça e seria um preto olhando outro... como faríamos com mais da metade da população melaninada do país?

Aqui é um lugar tão desgraçado pelos 5 séculos de manipulação mental contra os povos que é provável que se daria um jeito de sumir com essa metade de melaninados com ajuda dos próprios melaninados...

William


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