Luiz Gama |
Refeição Cultural
Osasco, 18 de novembro de 2022. Sexta-feira.
"Ao regulamento de 1859, cf. especialmente art. 85. 'São bens do evento os escravos, gado e bestas, achados, sem se saber do senhor ou dono a quem pertençam; o seu produto líquido deve ser recolhido à recebedoria do município da Corte.'" (Trecho da nota 13 do texto "Porque sou abolicionista sem reservas", em: Liberdade - Luiz Gama)
Estou lendo um dos volumes das Obras Completas de Luiz Gama (Editora Hedra), trabalho fenomenal organizado pelo pesquisador Bruno Rodrigues de Lima, que passou uma década coletando e identificando mais de 600 textos inéditos do advogado e jornalista Luiz Gama, uma figura fantástica na luta contra a escravidão, o racismo e as injustiças contra os povos do Brasil e do mundo.
Às vezes, nos sentimos cansados das lutas e até do viver. Isso acontece com parte de nós que passamos a vida nos dedicando às causas populares e ao próprio sobreviver por sermos das classes subalternas do Brasil. Mas quando conhecemos figuras humanas como Luiz Gama, nos sentimos até envergonhados por estarmos pusilânimes certos dias ao saber que pessoas como ele tiveram muito mais dificuldades que nós e persistiram a vida toda no bom caminho e nas causas populares e humanísticas que ressignificam diariamente o viver.
Até o mês passado eu só conhecia Luiz Gama de nome, de ouvir dizer, e olha lá. Por mais que tenha passado duas décadas nas lutas sindicais da categoria bancária, somos sempre lacunas culturais porque a vida é muito rápida, muito imediata, muito prática, e quase todo mundo tem um pequeno estoque de saber ligado ao seu dia a dia, ao seu viver. Uma pequenina parcela das pessoas tem conhecimento enciclopédico do mundo. Nunca fui uma dessas raridades humanas. Sou um simples mortal da classe trabalhadora.
Por estar associado ao Instituto Conhecimento Liberta (ICL) e estar fazendo alguns dos cursos dessa faculdade aberta fui estimulado a ler alguns autores novos e mergulhar em algumas temáticas que ainda tenho pouco ou nenhum conhecimento. Não sou um completo ignorante (não sabedor) na questão do racismo e das causas dos povos negros, não sou. Mas tenho um caminho todo pela frente para conhecer melhor essa tragédia humanitária, o racismo e suas consequências. Tenho muito que aprender.
Já consegui ler um terço desse volume - Liberdade (1880-1882) - que adquiri das Obras Completas de Luiz Gama. Recomendo muito a leitura sobre esse homem fantástico.
As aulas do ICL têm me estimulado a novas leituras. Vou ler Carolina Maria de Jesus, assim que o livro Quarto de Despejo chegar. Estou terminando meu primeiro livro de Jessé Souza, grande estudioso do Brasil e da história do racismo nessa terra na qual vivemos.
É isso! Sigamos lendo e estudando. O mundo atual, que enaltece de forma direta ou de forma velada a ignorância, a burrice e a idiotia dos seres humanos, esse mundo besta precisa de cada um de nós que não aceita o rumo que a vida humana e o planeta Terra estão tomando por causa de uma maioria de gente sem consciência e sem oportunidade de informação e formação libertadora.
William Mendes
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