Refeição Cultural
Osasco, 14 de novembro de 2022. Segunda-feira.
"Se um grande homem pode impor-se a um grande povo pela influência deslumbradora do gênio, os degenerados perigosos fascinam com igual vigor as multidões tacanhas." (p. 255)
O clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha, segue explicando o Brasil, para o bem e para o mal. Vejam esse conceito acima desenvolvido por Euclides para explicar o papel desempenhado pelo ser abjeto Moreira César, comandante da 3ª expedição enviada pelo governo do Brasil em 1897 para extirpar a favela de Antônio Conselheiro em Canudos, no sertão da Bahia.
Porém, também podemos ler o conceito acima para explicar a inominável aberração brasileira B... e tudo o que vivemos nos últimos 4 anos. O desqualificado capitão expulso do exército por indisciplina e planos de atentado décadas atrás virou político por 30 anos, mesmo sendo suspeito de roubar o erário público, dizendo e fazendo coisas absurdas e criminosas e, ainda assim, nas eleições recentes, semanas atrás, teve uma votação de 58 milhões de votos (49,1%) e quase continuou a destruição que iniciou em 2019. Moreira César ou esse verme atual... representantes do que somos...
O livro de Euclides da Cunha faz parte da seleção de leituras do curso "13 livros para compreender o Brasil", curso ministrado pelos professores Lindener Pareto e Suze Piza no Instituto Conhecimento Liberta (ICL), ao qual me associei há mais de um ano. O curso tem tido aulas presenciais aqui na grande São Paulo e os autores escolhidos nos ajudam muito a pensar o Brasil e o povo brasileiro.
OS SERTÕES
Décadas atrás, tive o primeiro contato com o livro clássico de Euclides da Cunha. Nunca terminei a leitura. Li as duas primeiras partes do livro, justamente as partes de leitura mais difícil, eu diria.
A 1ª e a 2ª parte do livro, "A terra" e "O homem", são duas descrições e construções ideológicas por parte do autor do que ele entendia ser o Brasil e o povo brasileiro na virada do século 19 para o século 20.
A interpretação de mundo de Euclides é eivada de teorias pseudocientíficas do século passado e o engenheiro e jornalista segue à risca todos os conceitos ridículos da época, um amontoado de invenções preconceituosas sobre tudo e todos.
Tudo o que ele escreve e descreve tem classes e subclasses, tem hierarquia, tem gente melhor e pior que outras, tem lugar melhor e pior que outros etc. É foda ler tudo que ele escreve e ter estômago para tirar o que tem de interessante no seu longo trabalho, porque não posso negar a contribuição de Euclides da Cunha pela obra gigante que ele nos legou.
Com a oportunidade do curso e de pertencer ao ICL acabei retomando a leitura do livro de Euclides. Reli alguns trechos marcantes das duas partes que havia lido e comecei a 3ª parte da obra: "A luta".
Leitores amig@s, que coisa atual o que o governo brasileiro fez com os favelados de Canudos se comparo o que os governos do Brasil fazem ainda hoje com as comunidades e com os povos nos mais diversos locais do país, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, áreas urbanas e rurais, povos originários e tradicionais e povos massacrados nas capitais do país, pretos, pardos, pobres, nós todos povo vindo das mulheres do Brasil, indígenas, negras, mestiças, mães do povo brasileiro.
Enfim, a leitura vale a pena. Estar no ICL vale a pena. Estudar sempre vale a pena. Lutar para libertar o povo e o Brasil vale a pena. Viver vale a pena. Sigamos nos unindo aos que lutam e vivem e educam e sonham com um mundo melhor, mais justo e solidário.
William Mendes
Bibliografia:
CUNHA, Euclydes da. Os Sertões - Campanha de Canudos. Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. 39ª ed. - Rio de Janeiro: Publifolha, 2000.
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