Refeição Cultural
Osasco, 29 de novembro de 2022. Terça-feira.
Quando acordei nesta manhã de terça percebi que estava sonhando com o universo do movimento sindical do qual saí faz alguns anos e no qual me transformei na pessoa que sou. O tempo passa e quando me apercebo de mim estou às voltas com aquilo que sou, uma pessoa comum que teve a oportunidade de ser um sindicalista e que voltou ao seu universo dos comuns retirados do dia a dia do mundo do trabalho.
Outro dia, um companheiro do movimento me contatou e me pediu que lhe enviasse alguma coisa, algum material ou algum roteiro formativo a respeito de concepção e prática sindical. Como atuei na área de formação sindical por dois mandatos na confederação dos bancários poderia ter algum material disponível para ser usado como referência ou como um esboço a ser atualizado para os objetivos pretendidos pelo dirigente e seu sindicato.
Material do movimento sindical e da história da categoria bancária tenho um monte, tenho quantidades grandes de materiais com a história de nossa categoria. Depois do contato com o companheiro dirigente dei uma olhada em meus guardados e fiquei ali viajando para o passado de uma categoria que foi muito vanguarda na organização da classe trabalhadora. Os bancários tiveram lideranças criativas e que contribuíram muito na luta entre capital e trabalho e na criação e ampliação de direitos sociais do povo brasileiro.
Ao mesmo tempo em que avaliava um pouco dos materiais que tenho percebia que não tinha algo pronto e sintético a respeito do tema concepção e prática sindical. Para organizar um curso sobre essa temática seria interessante que pessoas do movimento e da área de formação se sentassem juntas e discutissem um pouco a respeito do que querem para o curso, qual o objetivo, qual o público participante e questões do tipo para estabelecer o que seriam as questões centrais no momento atual do mundo do trabalho, sindical e político.
O Dieese seria um excelente parceiro dos dirigentes sindicais para desenvolver um programa de formação a respeito de concepção e prática sindical; o mundo acadêmico também teria contribuições importantes. E lideranças do passado e do presente também podem contribuir muito para juntos com os parceiros da área de educação, história e formação pensarem um programa que preparasse as lideranças da classe trabalhadora para os desafios do momento atual de um mundo com o declínio do trabalho formal e sem direitos sociais e com a redução drástica da necessidade de mão de obra humana em diversas áreas da vida social.
A quantidade enorme de materiais que tenho sobre a construção da estrutura sindical bancária desde o final dos anos setenta e início dos anos oitenta, o chamado período do Novo Sindicalismo, a criação do PT, a criação da CUT e do DNB e depois CNB e atual Contraf-CUT etc seriam subsídios à disposição da parte histórica de um curso de concepção e prática sindical, principalmente no âmbito da CUT e da categoria bancária.
É isso. Ao olhar para trás vejo que fui um trabalhador que teve a sorte ou o acaso de ouvir a militância e os dirigentes sindicais durante as três décadas que passei na categoria bancária e com essa oportunidade que a vida me proporcionou pude me politizar e ter um viver um pouco fora da curva do meio onde nasci e vivi, um ambiente despolitizado e de pessoas que acabaram sendo capturadas pelos donos do poder e se tornaram aquele segmento da classe trabalhadora que apoia a classe dominante. Fui salvo pelo mundo sindical e sou grato por essa oportunidade que tive.
William
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