domingo, 31 de dezembro de 2023

São Silvestre 2023 - Minha história de superação


Fui, corri, completei os 15 Km.

Refeição Cultural

E no fim, corri para fazer uma pessoa feliz, alguém com o coração apertado... eu mesmo! A sensação de concluir o percurso da prova é incrível! Desejaria a emoção a todas as pessoas do mundo!


"Daqui alguns dias teremos no Brasil mais uma edição da tradicional Corrida de São Silvestre. Queria correr a prova. Não dou conta. A natureza e a realidade são implacáveis com os seres naturais. Fui para o Sabiá conversar com o meu corpo. Corri, andei, senti minhas energias. Para me arriscar numa empreitada que exigisse a quantidade de energia que o percurso da prova exige, teria que ser algo cuja finalidade fosse um feito grandioso, que valesse para a coletividade, ou para um coração apertado; gastaria toda essa energia para salvar uma vida, para lutar contra uma injustiça, para mudar o mundo, para fazer uma pessoa feliz." (minha reflexão em 23/12/23, em Uberlândia)


No filme icônico Forrest Gump - O contador de histórias (1994), o personagem Forrest (Tom Hanks), após uma grande tristeza em relação à mulher amada, decide pegar seu tênis, calçá-lo e sair correndo para lidar com a dor que está sentindo em seu peito. Corre, corre, corre de uma ponta a outra do país, vai de um oceano ao outro e volta. Depois, quando sua amada Jenny diz que gostaria de ter estado lá com ele, Forrest diz a ela que sim, ela estava lá... é uma das cenas mais lindas do cinema que eu conheço!

São Silvestre 2009.


Uma vez eu corri a São Silvestre como o personagem Forrest... teve até pessoas que gritaram pra mim - "run Forrest, run!". Foi legal!

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11ª participação na São Silvestre

Eu não corria a São Silvestre desde 2019, ano anterior à maior pandemia que o mundo viu em um século. Nós que estamos aqui sobrevivemos ao genocídio empreendido pelo governo brasileiro à época. Infelizmente, 700 mil pessoas morreram, muitos amig@s e pessoas queridas de cada um de nós. Somos pessoas de sorte! Eu sou uma pessoa de sorte, como diz a música I'm Lucky Man, da banda The Verve. Eu sempre registro isso, porque entendo que é uma realidade.

A minha condição física após a pandemia regrediu bastante. Percebi isso.

Neste ano, tentando retomar um pouco do condicionamento físico, pensando na saúde e na qualidade de vida, voltei a praticar algum tipo de atividade física. A corrida de rua é o meu esporte favorito. Apesar de saber que tenho desgaste na estrutura do quadril, decidi retomar a caminhada e a corrida em trote leve.

Fiz um treinamento intensivo de caminhadas antes de agosto para fazer uma romaria de cerca de 80 Km (ver aqui), romaria que não fazia também desde 2019. Deu tudo certo e acabei me animando no final de setembro para voltar à São Silvestre.

Assim que me inscrevi no início de outubro, vi que a coisa seria mais complicada para mim. Fiz um planejamento para treinar nos três meses até a prova no dia 31 de dezembro e na segunda corrida do treino (8/out) senti uma contusão. Fiquei arrasado... andar 80 Km sim, correr 15 Km, não!

Repensei tudo ainda em outubro. Passei semanas me recuperando e sem poder correr. Pedalei um pouco, fiz um pouco de musculação e andei, andei, andei. Decidi que precisaria diminuir meu peso para ficar mais leve para minha estrutura física. Cortei algumas coisas que sempre comi, o pastel da feira, carnes muito gordurosas, o pãozinho, diminuí o arroz, doces e chocolates etc.

Quando voltei a correr meus trotes no meio do mês de novembro, aí foi que vi que o buraco era mais embaixo... que dificuldade da porra pra correr pequenas distâncias. Não era só a estrutura musculoesquelética que estava ruim, a cardiorrespiratória também. Ferrou geral!

Meio que desistindo sem desistir, corri três vezes em novembro, distâncias bem pequenas, só para avaliar batimento cardíaco, energia corporal, músculos e tendões das pernas etc. E segui andando bastante e emagrecendo um pouco. Corri mais duas vezes na primeira quinzena de dezembro. Diminuí 3 Kg no peso. E assim fui para o Natal com a família em Uberlândia. Já não pensava mais correr a São Silvestre neste ano.

Pq. do Sabiá, o paraíso.


Aí, em Uberlândia, tudo mudou entre os dias 22 e 26 de dezembro. Sou apaixonado pelo Parque do Sabiá! Quem não conhece precisa conhecer um dia aquele lugar. Pista de 5K, banheiros limpos em diversos pontos, água gelada, natureza impecável. Sério, acho que se eu morasse lá, até uma maratona eu ainda correria, mesmo fodido do quadril.

No feriado do Natal, decidi ir para lá nos dias 22, 24 e 26. Queria ficar algumas horas lá. Além da questão mental que se cura lá, tem a pista pra correr e caminhar.

No dia 22, me concentrei e decidi correr um pouco. A ideia era ver se corria 5K e sentir minha energia. Corri a volta e andei mais uma. Terminei relativamente bem. Mas pensei nos 15 Km e decidi não correr a São Silvestre. Foi o dia que joguei a toalha (citação acima).

Aí no dia 24, fui pro Sabiá pensando em outra estratégia de treinamento e para encontrar minha energia vital perdida. Amig@s, corri 9 Km acompanhando a pulsação e andando alguns metros sempre que estava alta, para voltar ao aceitável. Fiquei tão admirado que pensei que se tivesse mais algumas semanas, eu correria os 15K da São Silvestre.

No dia 26, antes de ir embora, acordei bem cedo, tomei um café, e fui para o Parque do Sabiá me despedir daquele paraíso. Meio pesado do café, andei rápido o 1º Km sem trotar. Depois mergulhei no trote, chuva leve, silêncio e pouca gente naquela manhã. Completei os 10K de boa. A alegria que senti internamente, só quem corre pode entender...

Chegando em São Paulo, fui retirar o Kit da prova no dia 29. Aquele clima das pessoas na maior expectativa me deu uma comichão incrível! Fiquei daquela hora em diante pensando se iria ou não para a Paulista pelo menos para correr um pouco e parar caso achasse que estava sem energia para a prova toda.

Av. São João. BB, Banespa e
Martinelli. Parte de minha vida
está ali para sempre.


Amig@s, fiz minha corrida concentrado, tranquilo, andei um pouquinho quando precisou. Curti o percurso e a festa como todo mundo curtiu. O centro de São Paulo é lindo!!!

Subi a Brigadeiro correndo a maior parte do trajeto. Cheguei com tanto arrepio e emoção no corpo que repito o que disso no início. Desejaria que todas as pessoas do mundo sentissem o quanto é gostosa a sensação que os corredores e corredoras têm quando terminam uma prova... É de encher os olhos... de alegria, não de tristeza.

É isso! Depois de uma superação dessas, a gente termina o ano sonhando até em correr provas maiores em 2024, do jeitinho que a gente pode.

Feliz Ano Novo a todas, todos e todes! A gente pode muita coisa, basta acreditar e perseverar!

William


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