terça-feira, 16 de setembro de 2025

O último poema

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O ÚLTIMO POEMA


O primeiro poema foi um balanço dos trinta anos.

A infância feliz e depois infeliz, do amor ao ódio.

Exploração infantil na venda do seu trabalho.

As relações de afeto, sempre regadas com lágrimas.


Aos trinta, já era pai e funcionário de banco público.

Formado, por acaso, em Contábeis. Não se formou

em Educação Física porque o salário não deu.

Passou no vestibular e entrou nas Letras...


A vida andou. Virou sindicalista. Se politizou.

Por duas décadas, outra vida, um novo homem.

Aos cinquenta, virada radical nos papéis sociais.

Saiu do BB. Da representação. Do espaço de atuação.


Aos cinquenta e seis anos, o mundo se desfaz.

Na política e na economia do seu país e do mundo, 

a extrema-direita e o capitalismo em crise estrutural

estão colapsando a sociedade humana e a mãe Terra.


No pessoal, o balanço da vida se parece com o mundo.

A saúde: bomba-relógio: genética e veredas da vida.

As relações: o retrato dos tempos: incomunicabilidades.

Teria contribuições a fazer... sente que não vai rolar.


William Mendes

16/09/25

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