Refeição Cultural
LEITURAS
A leitura é um ato humano transformador. É uma das formas de transmissão de conhecimento e de educação. Todas as pessoas no mundo deveriam ter acesso a alfabetização e às diversas opções de meios de leitura. Tive o privilégio de ser um leitor desde muito pequeno. Porém, sei que não li quase nada ainda...
Quando garoto, lendo gibis, aprendi sobre as moscas tsé-tsé que causam a doença do sono. Há 50 anos, começava a ler e aprender...
Mais recentemente, ao ler o livro O verdadeiro criador de tudo, do neurocientista Miguel Nicolelis, compreendi melhor a vida e me livrei de vários questionamentos que fiz por décadas.
Hoje, sei que muitas coisas são como são. Mas sei que somos sujeitos históricos e podemos mudar o mundo e criar novos mundos.
Leituras... aprendizados...
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ISAAC ASIMOV
"(...) O Sr. Daugherty diz que naqueles dias todos aprendiam a fazer os rabiscos quando eram crianças e como decifrar aquilo, também. Fazer rabiscos era chamado 'escrever' e decodificar os rabiscos 'ler'. Ele diz que havia uma espécie diferente de rabisco para cada palavra e eles costumavam escrever livros inteiros em rabiscos..." (ASIMOV, Isaac. "Um dia" in: Os melhores contos, 2018)
De minhas imensas lacunas culturais, infindáveis, Isaac Asimov era uma delas. Havia chegado a mais de meio século de existência sem ter lido um texto sequer do cientista e escritor.
Neste fim de semana li dois contos de Asimov. Ontem li "Um dia" e hoje "Amor verdadeiro". As estórias são incríveis! Gostei muito!
Seus contos nos apresentam personagens e cenários futurísticos meio impensáveis na vida cotidiana de meados do século passado. Uma máquina eletrônica que cria estórias para contar às crianças ou um computador pessoal inteligente que dialoga com o dono e busca para ele no mundo todo uma namorada ideal.
Perceberam o quanto ele antecipou o que qualquer pessoa tem hoje com essas geringonças de IA?
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GRACILIANO RAMOS
"Ninguém veio, meu pai me descobriu acocorado e sem fôlego, colado ao muro, e arrancou-me dali violentamente, reclamando um cinturão. Onde estava o cinturão? Eu não sabia, mas era difícil explicar-me: atrapalhava-me, gaguejava, embrutecido, sem atinar com o motivo da raiva. Os modos brutais, coléricos, atavam-me; os sons duros morriam, desprovidos de significação." (RAMOS, Graciliano. "Um cinturão" in: Infância, 1995)
Graciliano Ramos é um dos mestres da literatura brasileira para mim, junto com Machado de Assis e João Guimarães Rosa.
Minha edição do livro Infância (1945) me acompanha há décadas (ela é de 1995), já se mudou comido diversas vezes, e repousa na estante atual de casa.
Li nestes dias os primeiros textos do livro, podemos dizer capítulos, mas são textos independentes, poderíamos chamá-los também de contos porque têm início, meio e fim. Cada texto é uma viagem ao passado de todos nós que fomos crianças no Brasil do século passado.
Os textos são de uma riqueza impressionante! Leio um deles e paro. Aquelas cenas ficam comigo até a próxima leitura.
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MEMÓRIAS DE TODOS NÓS
As leituras devem ser feitas, temos que seguir lendo. Enquanto lemos, aprendemos, conhecemos os mundos, criamos novos mundos.
Até meu livro de Memórias, que está aos poucos indo parar em algumas estantes do mundo, já foi lido por algum leitor ou leitora, e eu mesmo fico relendo os capítulos para me certificar, talvez, de que tenha escrito algo que valesse a pena ser compartilhado.
Cada capítulo é um pequeno conto também, com início, meio e fim, uma lembrança de fazeres sindicais dos trabalhadores da categoria bancária.
Sigamos lendo e nos esforçando para nos mantermos humanos. A leitura é um ato humano, de humanos e para humanos.
William
19/10/25
Domingo


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