quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Poema 15: Com a palavra, o Hamas


COM A PALAVRA, O HAMAS


        Princípios e políticas gerais (maio de 2017)


Movimento de Resistência Islâmica, "Hamas".

Movimento de libertação nacional, que

confronta o projeto sionista

e não os judeus e o judaísmo.


A Palestina se estende do Rio Jordão, a Leste,

até o Mediterrâneo, a Oeste.

Desde Ras Al-Naqurah, ao Norte,

até Umm Al-Rashrash, ao Sul,

é uma unidade territorial integral.


Palestinos são árabes que viveram (ou vivem)

na Palestina até 1947, incluídos

os expulsos e seus descendentes. 

A identidade palestina é autêntica e atemporal,

e transmitida de geração a geração. 


A Palestina está no coração da Umá árabe e islâmica.

Umá é a comunidade dos muçulmanos do mundo.

Jerusalém é a capital da Palestina. 

A abençoada Mesquita de Al-Aqsa

pertence aos palestinos e à Umá.


A causa palestina é a causa

de uma terra ocupada 

e de um povo deslocado. 

O direito dos refugiados ao retorno

é um direito natural, por leis divinas,

por princípios de direitos humanos

e pelo Direito Internacional. 


E pra finalizar, é importante frisar:

O conflito do Hamas é contra o sionismo, 

não com os judeus e sua religião.

É uma luta contra a ocupação sionista,

da sagrada terra Palestina. 


William 

13/02/25


(Com informações do livro "O Hamas conta seu lado da história", edição geral Rui Costa Pimenta, 2024.)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Vendo filmes (XXVI)


Cena de "A flor do meu segredo", de 1995.


Refeição Cultural

O universo de Pedro Almodóvar (II)


ANOS 90

Após o mergulho nos primeiros filmes do ator, roteirista e diretor Pedro Almodóvar, tendo visto quatro filmes dos anos oitenta (comentário aqui), embarquei na incrível viagem das personagens almodovarianas dos anos noventa... e que viagem foi essa!

Fiquei impressionado com as histórias dramáticas e muitas vezes engraçadas que Pedro Almodóvar nos conta através de seus filmes. 

Cada filme citado abaixo trata diversos temas ao mesmo tempo, tendo como centro o universo feminino e das pessoas LGBT.

Assisti aos filmes "De salto alto" (1991), "Kika" (1993), "A flor do meu segredo" (1995), "Carne trêmula" (1997) e "Tudo sobre minha mãe" (1999). Todos eles muito bons!

Difícil escolher quais gostei mais desta sequência de filmes. Pela emoção, diria que Carne Trêmula e Tudo sobre minha mãe me emocionaram muito. Victor e Manuela são personagens universais entre as classes populares, é gente como a gente lutando pela sobrevivência neste mundo cão.

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FILMES


De salto alto (Tacones lejanos), de 1991

SINOPSE: 

Filha de cantora famosa aguarda no aeroporto a volta de sua mãe após 15 anos vivendo no exterior. Rebeca (Victoria Abril) é âncora em um programa de notícias e sua mãe é Becky del Páramo (Marisa Paredes). Rebeca está casada com Manuel (Féodor Atkine), dono da TV e ex-amante de Becky. Na primeira noite de reencontro, os três vão a uma apresentação da transformista Femme Letal (Miguel Bosé), que tem como repertório central a imitação de Becky del Páramo. Rebeca ama sua mãe, esperou 15 anos por ela, mas guarda mágoa pelo abandono. O reencontro trará acontecimentos inesperados na vida de todos os personagens. 

COMENTÁRIO:

Roteiro impecável! Gostei muito do filme. 

Além das belas interpretações musicais das personagens Becky del Páramo e Femme Letal, o enredo nos aproxima por empatia à filha carente Rebeca.

A amarração da trama e a forma como termina a história são geniais. Não dá pra dar spoiler aqui.

Lógico que no filme estão todas as questões tratadas por Almodóvar: a condição das mulheres, traição, paixão, abandono, drogas, personagens do mundo periférico e toda a hipocrisia da sociedade humana. 

Revejo o filme tranquilamente. 

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Kika (Kika), de 1993

SINOPSE: 

Kika (Verónica Forqué) é uma maquiadora ingênua contratada pelo padrasto de Ramón (Àlex Casanovas) para maquiar o rapaz morto. Ela o desperta porque ele não estava morto e sim num estado catatônico. Kika havia dado seu cartão ao escritor estrangeiro Nicholas Pierce (Peter Coyote) por ter se interessado por ele. Após "ressuscitar" Ramón, ela acaba ficando com o fotógrafo. Ramón suspeita que Nicholas é responsável pela morte de sua mãe. Ramón é um fotógrafo com hábito de espiar pessoas; Nicholas está escrevendo um romance sobre um assassino de mulheres; e tem ainda na trama uma apresentadora de programa de TV que é doida de doer, Andrea Caracortada (Victoria Abril), que foi psicóloga e amante de Ramón, se automutilou por ele e ainda o persegue.

COMENTÁRIO:

O filme é uma comédia misturada a outros gêneros, pois temos crimes a serem esclarecidos, amores e traições, traumas psicológicos das personagens e psicopatias sérias no enredo. 

A amarração de Almodóvar é muito boa e da mesma forma que nos filmes anteriores, o final surpreende o espectador. 

Os papéis desempenhados por Santiago Lajusticia (personagem Paul Bazzo, maníaco sexual e ex-ator pornô) e Rossy de Palma (personagem Juana, empregada de Kika), irmãos na história, impressionam a gente. Imagino ainda em 1993 o choque das cenas protagonizadas pelo estupro de Kika.

Bom filme!

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A flor do meu segredo (Flor de mi secreto), de 1995

SINOPSE: 

A escritora de romances de amor, Leo Macías (Marisa Paredes), que escreve sob o pseudônimo de Amanda Gris, está passando por crise conjugal e não quer mais escrever aquele gênero literário. Só que ela tem contrato para escrever cinco romances por ano e sem poder falar de questões sociais, políticas e politizantes (tipo o "sertanejo universitário" bancado pelo agro no Brasil). Seu marido militar, Paco (Imanol Arias), quer o divórcio e sua amiga principal, Betty (Carme Elías), é amante dele. Para completar a trama, Leo conhece o editor Ángel (Juan Echanove), do jornal El País, que a quer como crítica literária. Ela lhe entrega uma cópia de seu novo romance, e ele quer publicá-lo, só que o romance aparece no mundo literário antes: quem plagiou? Como termina esta história?

COMENTÁRIO:

Neste filme de Almodóvar, a comédia dramática dá lugar ao melodrama. 

As crises diversas da vida cotidiana dominam o enredo. Até as cenas de briga entre a irmã Rosa (Rossy de Palma) e a mãe da protagonista (Chus Lampreave) nos fazem lembrar de nosso cotidiano familiar, inescapável!

A escritora quer mudar o estilo de texto e não pode porque é paga para fazer romances água com açúcar, que não quer mais... mas o sustento dela e de seus dependentes vem daquela forma de escrever antiga.

Gostei dos temas e da amarração da história. Faz a gente pensar. Final redentor.

Genial - Muito interessante em um filme de 1995 a personagem descrever uma história que só viria ao mundo uma década depois ("Volver"). Numa discussão entre a escritora e sua equipe editorial, a editora critica uma história cuja filha mata o pai, que tentou violá-la, a mãe coloca o corpo do marido em um refrigerador etc. A editora diz que isso não é uma história de amor, tema previsto no contrato. A escritora discorda, dizendo que nada é mais forte do que essa cena, o amor de mãe... Cara, muito legal!

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Carne trêmula (Carne trémula), de 1997

SINOPSE: 

Janeiro de 1970, Madri. A cena inicial do filme se passa na Espanha franquista, sob estado de exceção. Uma jovem pobre (Penélope Cruz) tem um filho dentro do ônibus e lhe dá o nome de Victor. Vinte anos depois, agora adulto, Victor (Liberto Rabal) desce de um ônibus em busca de Elena (Francesca Neri) que conheceu num rolê, eles transaram e Victor ficou apaixonado pela jovem (foi a primeira transa dele). Elena não quer nada com o rapaz, e como ele entrou em seu apartamento, ela o ameaça com uma arma. Na discussão, aparecem dois policiais, David (Javier Bardem) e Sancho (José Sancho). Na confusão, David toma um tiro e fica paraplégico. Victor pega seis anos de prisão. Elena casa com David. Sancho é alcoólatra e é casado com Clara (Ángela Molina), que é espancada por ele com frequência. Victor é solto e vai prestar homenagem a sua falecida mãe no cemitério da cidade. Ela morreu de câncer, deixando pra ele uma pequena quantia de herança: ela era prostituta. Estando no cemitério, ele vê o enterro do pai de Elena, e vai até ela cumprimentá-la. Após a cerimônia funeral, Clara pede ajuda a Victor para sair do cemitério, está perdida. Eles se tornam amantes. Daí adiante, as vidas das personagens vão se cruzar de forma dramática.

COMENTÁRIO:

Achei o filme extraordinário! Surpreendente enredo e final eletrizante. Foi um dos melhores filmes que vi de Almodóvar até agora.

Nada é tão simples como parece ser. Essa é a chave do enredo. Davi é o mocinho da história? Dá pra dizer que no casamento de Sancho e Clara tem algum culpado pelo fim da relação? Victor é um stalker obcecado por Elena? Na vida real das pessoas comuns o cotidiano é complexo. Todo mundo tem que dar seus pulos pra sobreviver.

E não poderia faltar as cenas de sensualidade numa história de Almodóvar, só que o diretor caprichou neste filme!

Demais! A mensagem final numa Espanha liberta do obscuro fascismo de Franco emociona a gente.

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Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre), de 1999

SINOPSE: 

Manuela (Cecilia Roth) é uma enfermeira que supervisiona o sistema de transplantes de órgãos. Ela é mãe solteira de Esteban (Eloy Azorín), garoto que quer ser escritor e passa o tempo todo com seu caderno de anotações. No dia do aniversário de 17 anos de Esteban, eles vão comemorar assistindo a uma peça clássica de teatro "Um bonde chamado desejo". A atriz principal é Huma Rojo (Marisa Paredes), que na saída do teatro, sob forte chuva, vê um garoto bater no vidro do carro pedindo um autógrafo. Ela não o atende. Ele sai correndo atrás do táxi e morre atropelado. Assim começa a trama, com Manuela chorando a morte do filho sob chuva no dia de seu aniversário. Minutos antes, ela havia prometido contar a ele quem era seu pai e sua história... 

COMENTÁRIO: 

Um filme essencial para conhecer e compreender o universo de Almodóvar. Filme belíssimo. Difícil não se comover com as histórias das personagens criadas por ele.

O filme trata temas centrais do complexo mundo humano das últimas décadas: a Aids, a dependência das drogas, as questões de identidade de gênero, a condição da mulher, as diversas formas de fé e religiosidade, e por que não dizer as questões existencialistas da vida.

Tudo sobre minha mãe foi considerado um dos melhores filmes do ano de 1999 e um dos melhores filmes espanhóis do século XX. Aliás, 1999 foi um ano excepcional no lançamento de grandes histórias do cinema.

A grandeza da personagem Manuela é algo tão cativante, que toca o coração da gente. Em meio a tragédias cotidianas, ela não titubeia em ajudar cada pessoa que precisa dela naquele momento. Que figura incrível!

Outra personagem apaixonante é Agrado (Antonia San Juan), uma trans trabalhadora do sexo que traz uma leveza incrível em um enredo dramático.

Adorei o filme. É de arrepiar!

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Comentário final

Ufa! Agora falta a postagem sobre alguns filmes que vi dos anos dois mil. Já sou fã de carteirinha de Pedro Almodóvar!

O texto anterior desta série pode ser lido clicando aqui.

William


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Poema 14: O grande bufão


O GRANDE BUFÃO


         (Poetando CartaCapital 1345)


Delírios imperiais de Trump:

tarifaço pra todo mundo, 

imigrantes caçados e expulsos,

comunicação totalitária e censura.

Vaticina Belluzzo: "De Adolf a Donald".

O império resistirá ao grande bufão?


Vem aí a COP-30 na bela Belém.

Estrutura, hotéis e mobilidade

adequados, ela não tem. 

O maior desafio, porém,

não é a infraestrutura local,

e sim construir consensos... 

Como salvar o clima sem bom senso?


Rick Azevedo, idealizador do

Vida Além do Trabalho (VAT),

na luta pelo fim da escala 6x1

recomenda aos progressistas:

aprendam a resumir o que pensam!

- Atualizem a CLT, já!


Negócio arriscado no futebol

a candidatura do fenômeno Ronaldo...

Na CBF cheira-se no ar

a ideia de mudar pra não mudar...

Jesus... chamem o VAR!


William 

11/02/25


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Poema 13: Parabéns, PT!


PARABÉNS, PT!


Para melhorar a vida do povo,

A consciência política da militância

Radicalizou na democracia partidária.

Assim surgiu o PT há 45 anos.

Bens e direitos sociais vieram, então.

Estratégico nas conquistas populares,

Nossa causa e razão de ser 

Segue sendo o Brasil dos brasileiros!


Partido dos

Trabalhadores!


William 

10/02/25


Leituras Capitais - O grande bufão



Refeição Cultural 

CartaCapital n° 1345


O GRANDE BUFÃO

Os delírios imperiais de Trump


CAPA

SANGUE NOS OLHOS

Nos últimos dois meses, Trump distribuiu ameaças e promessas. Agora é a hora do vamos ver

Caquistocracia - Segundo a "The Economist", o termo significa o governo dos despreparados e inescrupulosos. 

Esse é o governo de Trump e seus parças bilionários. 

Segundo a articulista Clarissa Carvalhaes (de Nova York), o presidente terá uma estratégia de "choque e pavor". O alvo prioritário serão os imigrantes. 

GAZA - A matéria diz que a solução de dois Estados vai "ficar para as calendas".

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DE ADOLF A DONALD

Artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo

"Malgrado as diferenças históricas, são inequívocas as semelhanças entre os programas econômicos de Trump e do nazismo"

No artigo, Belluzzo faz observação interessante: "A onipresença dos poderosos das plataformas e das finanças no gabinete de Trump mimetiza o poder da Siemens e da Krupp na política econômica do III Reich."

Pois é... basta saber ler para perceber no que estamos enfiados. Enquanto isso, a esquerda segue toda dividida em guetos, bolhas e grupos de puxa-saquismo.

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LIBERDADE SEQUESTRADA

The Observer: Os senhores do algoritmo, como Elon Musk, ditam o destino de nossos desejos

"As alegações das plataformas de rede social de apoiar a liberdade de expressão são vazias. Pouco antes de decidir atacar Starmer, Musk foi pego em um escândalo doméstico. Quando influenciadores do Maga o atacaram devido ao seu apoio a um certo tipo de visto de imigrante, a plataforma X parece ter suprimido suas contas." (p. 17)

Boa a matéria de Pedro Pomerantsev. O texto explica a forma como as plataformas atuam, algo que eu conheço relativamente bem: bloqueiam, censuram e invisibilizam o que querem e exponenciam o que é de interesse delas e dá lucro para os donos. Ódio na veia de todo mundo e apagamento do que é positivo às coletividades. Tudo sob a falsa alegação de "liberdade de expressão".

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À SOMBRA DO RADICALISMO

A Flórida e a política para a América Latina

Por Juan Gabriel Tokatlian

A revista apresenta a 1a parte de um artigo muito esclarecedor: o peso e a importância da Flórida no extremismo do Partido Republicano e no trumpismo.

A depender dos grupos de pensadores da região (os think tanks), os dois séculos de Doutrina Monroe serão comemorados tocando o terror na América Latina para que ela se faça o quintal dos EUA. 

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NO QUINTAL DE CASA

Trump ameaça retomar o Canal do Panamá, país invadido outras vezes pelos EUA 

Reportagem de Murilo Matias

Foram 13 intervenções militares dos Estados Unidos entre 1856 e 1990. Faz 25 anos que os panamenhos controlam o complexo do Canal do Panamá. 

Vejam o tamanho dos números:

"Inaugurado há mais de cem anos, o Canal do Panamá conecta 170 países, 2 mil portos e 180 rotas marítimas, além de gerar milhares de empregos e permitir o transporte de milhões de toneladas das mais diversas mercadorias." (p. 22)

Agora, Trump ameaça tomar a gestão do Canal à força, se necessário... (culpa dos chineses, diz ele)

Pois é...

Invasão norte-americana em 20/12/89 - Soube pela matéria, que 25 mil soldados do império desembarcaram no país matando centenas de panamenhos. Que foda! Eu tinha 20 anos à época, era bancário e não me lembrava disso.

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SEU PAÍS 

CONTRA O RELÓGIO 

COP-30: Da falta de hotéis a graves problemas de mobilidade, Belém acumula problemas há poucos meses da Conferência do Clima 

Por Fabíola Mendonça 

Ao ler a matéria, fiquei me lembrando do FSM em Belém (2009), principalmente na questão da infraestrutura inadequada da cidade para receber dezenas de milhares de pessoas por duas semanas em novembro de 2025. (Foi o caos em 2009... rsrs)

Os desafios do Brasil e da organização do evento são enormes. Espero que dê tudo certo. 

"Para ambientalistas, o maior desafio não é a infraestrutura local, e sim a dificuldade de construir consensos na agenda climática" (p. 26)

Concordo com a afirmação acima.

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LEMBRANÇAS COM LULA 

Artigo de Maria Rita Kehl

"Em uma entrevista nos anos 70, quando eu ainda trabalhava nas redações, o então líder sindicalista me deu uma aula de como a máquina do capital produz desigualdade"

Como sempre, os artigos da psicanalista e escritora fazem a gente viajar. Adorei o texto! É um filme sobre o Brasil da casa-grande e da senzala dos anos setenta pra cá, tendo Lula como personagem principal. 

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A PRIMEIRA CRISE

GOVERNO: Sidônio Palmeira assume a Secretaria de Comunicação em meio às mentiras sobre o Pix

Por André Barrocal

A reportagem descreve bem o imbróglio que os Estados nacionais e governos estão enfrentando com a interferência das plataformas digitais (big techs) na política e na soberania dos países. 

Faz anos que defendo que os países devem criar suas plataformas públicas de comunicação porque toda a burocracia estatal JAMAIS deveria usar meios das big techs

Pelas plataformas inimigas, o Lula e o PT podem entregar uma Suécia que o povo será manipulado a perceber o Haiti por aqui.

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NEGÓCIO ARRISCADO 

FUTEBOL: A candidatura de Ronaldo à presidência da CBF esbarra em evidentes conflitos de interesse 

Por Maurício Thuswohl

Excelente e esclarecedora a matéria do articulista. 

Que nojo virou o nosso futebol brasileiro! 

Aécio, Romário, partidos de direita, SAF, cassinos BET... 

Mudar para não mudar, é o que penso nas alternativas entre a situação e a oposição de direita nas eleições da CBF. 

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PONTO DE PARTIDA 

ENTREVISTA: O vereador Rick Azevedo quer impedir a Prefeitura do Rio de acelerar contratos com empresas que exploram trabalhadores na desumana escala 6x1

A Mariana Serafini

Entrevista muito boa. Rick Azevedo, que idealizou o movimento Vida Além do Trabalho (VAT) está empenhado numa pauta que diálogo com a realidade concreta de cada pessoa que trabalha para sobreviver. 

Comunicação - Fica o alerta feito por ele: a esquerda parece incapaz de resumir o que pensa nas redes sociais. 

COMENTÁRIO: É verdade! Eu até poesia passei a criar para buscar novas formas de comunicar de forma resumida nossas ideias de mudança. O blog Refeitório Cultural agora poetiza também.

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FOCO NO MOSQUITO 

DENGUE: Sem estoque para ampliar a vacinação, o Ministério da Saúde propõe reforço de ações preventivas 

Por Mariana Serafini 

Talvez essa seja a matéria mais significativa desta edição da revista. 

- A dengue matou em 2024 mais que a Covid-19 (foram 6.041 óbitos)

- Só o Brasil tem vacinação em sistema público (SUS), mas só há 1 fornecedor (farmacêutica japonesa Takeda: vacina QDenga). Forneceu 6 milhões de doses. Insuficiente!

- A boa notícia: vem aí a vacina do Instituto Butantan (imunizante Butantan-DV), que poderá oferecer 100 milhões de doses em 3 anos. Faltam aprovações finais da Anvisa.

- O combate ao Aedes Aegypti segue prioridade na prevenção, pois ele transmite outras doenças graves como a Zika e a Chikungunya.

Enfim, todos nós temos que evitar focos de água parada!

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ECONOMIA 

NEGÓCIO DA CHINA?

RELAÇÕES COMERCIAIS: O acordo entre Brasília e Pequim ainda carece de uma estratégia de longo prazo  

Por Carlos Drummond 

A questão central é se vamos seguir exportando commodities, sendo um pasto e buraco de minérios, e importando produtos com tecnologia e valor agregado ou se vamos MUDAR essa relação com a China (e o resto das metrópoles capitalistas).

"(...) Entre 2010 e 2023, a participação de produtos básicos nas exportações nativas aumentou de 44,9% para 58,9%, enquanto a parcela de bens manufaturados caiu de 39% para 28,9%..." (p. 43)

Cadê nossa diplomacia (e economia) ativa e altiva?

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A ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA 

CÂMBIO: O governo tem condições de normalizar os mercados e retomar o percurso bem-sucedido de 2023 e 2024

Por Paulo Nogueira Batista Jr

O economista dá sugestões importantes de mudanças possíveis na economia do governo petista. 

Eu gostaria de ter visto o articulista ser o nosso presidente do Bacen do 3o governo Lula. 

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CRÉDITO DIVERSIFICADO

FINANCIAMENTO: A LCD oferece isenção fiscal, segurança e acesso ampliado às empresas de menor porte

Por Allan Ravagnani

Interessante informação: um novo produto de investimento focado no financiamento de infraestrutura, indústria e inovação. 

As Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCD) vão se somar as LCIs e LCAs, letras de crédito tradicionais, do setor Imobiliário e do agronegócio.

"Os bancos de Desenvolvimento planejam emitir 40 bilhões de reais dos novos títulos" (p. 46)

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PLURAL

GERIR O IMAGINÁRIO 

ENTREVISTA: Para Lyara Oliveira, presidente da Spcine, a política audiovisual tem de ser feita para o cidadão e não só para o setor

A Ana Paula Sousa 

A matéria me trouxe informações que não sabia sobre a existência e funcionamento da empresa pública Spcine, criada na gestão do prefeito Haddad e mantida até hoje.

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NARRADORES DE SI E DO BRASIL 

LIVROS: Dois personagens ficcionais capturam a profunda mudança trazida pela chegada dos cotistas à universidade 

Por Ana Paula Sousa 

Delícia de matéria sobre novos livros de autores que estão reescrevendo a história do Brasil, autores como Jeferson Tenório ("De onde eles vêm") e Andressa Marques ("A construção"), contando histórias de cotistas e do povo periférico que fazem de fato o nosso país. 

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A VIDA RECONTADA EM VELHAS IMAGENS 

Por Ana Paula Sousa 

FILME 1: Luiz Melodia - No Coração do Brasil repassa a vida e a arte do cantor de uma forma que só cinema poderia fazer 

O cantor é mais uma de minhas lacunas culturais. Preciso conhecer melhor sua obra. 

UMA IMPROVÁVEL HISTÓRIA DE AMOR 

Por Ana Paula Sousa 

FILME 2: Meu Bolo Favorito é um retrato sutil da sociedade iraniana e uma ode à capacidade humana de buscar a alegria 

Outra dica cultural que deixa o leitor com vontade de ir ao cinema. Pra variar, os diretores e o filme foram censurados no Irã.

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AFONSINHO 

TEMPORADA ABERTA

Das declarações da dirigente do Palmeiras ao suposto aliciamento de um garoto de 14 anos pelo Corinthians, o ano começa agitado 

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DRAUZIO VARELLA 

NÃO É UMA DOR QUALQUER 

A OMS estima que, no mundo, haja 1 bilhão de pessoas com enxaqueca. Em 20 milhões delas, a patologia é crônica 

Excelente artigo esclarecendo a doença e apontando formas de lidar com ela.

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COMENTÁRIO FINAL 

Leitura esclarecedora e política das questões que foram notícia no início deste ano e novidades boas na cena cultural. 

Gostei da edição 1345 de CartaCapital

William 


domingo, 9 de fevereiro de 2025

Poema 12: Enquanto comia em silêncio


ENQUANTO COMIA EM SILÊNCIO


Pensava no quanto se perde

de pensamentos e reflexões

por não se comer em silêncio

durante nossas refeições. 


Eu mesmo viajei nas ideias 

sobre meu livro, o que fazer,

pra quem enviar, o que dedicar;

pensei nomes, lembrei-me de histórias, 

referências de lutas, modelos que segui.


Mudei no passado pelas oportunidades que tive.

Os nomes que por minhas lembranças passaram, 

frearam instintos e o novo homem moldaram. 

As instituições de classe, idem.


De Marcos Martins a Deise Lessa,

de Sérgio Rosa a gente à beça,

fui mudando pela prática e ensinamento

de amigos feito Recoaro e Carlão: bom exemplo!


Até no abraço de despedida,

Alicinha me mudou na vida.


Num almoço em silêncio, 

sem o inferno do zumzum da política,

lembrei-me de muita gente

que ainda hoje considero querida.


William 

09/02/25


sábado, 8 de fevereiro de 2025

Vendo filmes (XXV)


"Sudário" alternativo de Almodóvar
(em Maus Hábitos, de 1983)


Refeição Cultural 

O universo de Pedro Almodóvar (I)


ANOS 80

Já tinha visto filmes de Almodóvar no passado. Me agradou à época a poética do diretor espanhol. Gostei bastante de "Volver" (2006) quando o vi pela primeira vez. 

No entanto, minha relação com filmes era diferente da condição atual. Assistia a filmes e raras vezes ficava impactado a ponto de ficar pensativo por um tempo. Quase não me lembro dos finais de filmes que vi faz tempo.

De cada dez que via, acho que um ou outro me pegava de jeito, do tipo "Natureza selvagem", do ator e diretor Sean Penn (2007), "Uma história real", dirigido por David Lynch (1999), "Tomates verdes fritos", de Jon Avnet (1991), e outros. 

Depois que passei a escrever comentários e impressões sobre alguns filmes que vejo, minha sensibilidade melhorou em relação a esta forma de cultura e arte.

Ao verificar a lista de filmes de Pedro Almodóvar que iriam sair do streaming que assino, a Netflix, decide assistir a alguns deles. Eram muitos filmes, então tentei ver por ordem cronológica de produção do diretor.

Pedro Almodóvar 

O espanhol é um artista completo. Seus filmes são escritos, roteirizados e dirigidos por ele mesmo. Almodóvar tem uma criatividade impressionante! Suas obras são bastante autorais.

Ele faz parte da geração de artistas que surgiu após a queda de Franco na Espanha. O país viu nascer um movimento de libertação e contracultura desde meados dos anos setenta e com o auge nos anos oitenta, a "Movida Madrilenha".

Transgressão - a palavra que poderia resumir bem o movimento e a contracultura espanhola do período seria "transgressão". É o que vemos nos primeiros filmes de Pedro Almodóvar. 

São frequentes em seus filmes: o uso de drogas em todos os cenários, mulheres e gays na luta por seus lugares ao sol, a denúncia do uso da fé e das religiões para enganar pessoas e manter privilégios.

Enfim, diria que os filmes da primeira década de Almodóvar seguem bastante atuais, as temáticas foram e voltaram ao longo do tempo como pautas e agendas em todos os espectros políticos da sociedade humana.

Neste quarto de século XXI, o mundo vive uma nova disputa global entre progressistas de um lado e conservadores e reacionários de outro.

Cultura e educação podem nos salvar. A arte é uma forma de nos fazer pensar e sentir, até quando a técnica é chocar e causar espanto.

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FILMES 


Maus hábitos (Entre tinieblas), de 1983 

SINOPSE: 

Yolanda Bell (Cristina Sánchez Pascual), uma jovem cantora e prostituta (diz a personagem no filme), leva uma vida cheia de drogas, exageros e ambiguidades, até que assiste a seu namorado morrer de overdose de heroína. Apavorada, ela busca refúgio no convento das "redentoras humilhadas", que se dedica a salvar jovens moças da "perdição".

COMENTÁRIO: 

Um dos primeiros longas de Almodóvar, o filme deve ter causado o furor da igreja católica e de autoridades públicas e privadas na Espanha. 

O convento tem a Madre Superiora (Julieta Serrano) viciada em cocaína e heroína, a monja Sor Rato de Rua (Chus Lampreave) que escreve romances sob pseudônimo, a monja Esterco (Marisa Paredes) que se martiriza de formas horríveis, a monja Sor Perdida (Carmen Maura) meio doida e que cuida de um tigre, e outras monjas nada convencionais.

A Espanha vivia um novo momento político após o fim do franquismo, e a poderosa autoridade da igreja católica agora era alvo de questionamentos e denúncias. 

Almodóvar vai na raiz da questão da hipocrisia representada pelas autoridades religiosas associadas ao Estado com esse filme. Achei bem interessante. 

Já se vê que as mulheres e pessoas periféricas e excluídas serão o universo retratado em seus filmes.

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O que fiz eu para merecer isto? (¿Qué he hecho yo para merecer esto?), de 1984

SINOPSE: 

A diarista Gloria (Carmen Maura) divide o minúsculo apartamento com o marido Antonio, motorista de táxi (Ángel de Andrés López), e os filhos desajustados. Glória é viciada em anfetaminas, o marido é apaixonado por uma cliente alemã e os filhos consomem e traficam drogas. Tem ainda a sogra (Chus Lampreave) em casa, parceira do filho mais velho. Nesse universo, se cruzam ainda a vizinha prostituta (Verónica Forqué), um policial com disfunção erétil e uma criança paranormal. Um lagarto é personagem também.

COMENTÁRIO: 

Almodóvar mescla em uma comédia dramática os percalços da vida real de uma mulher das classes populares que faz de tudo para sobreviver e manter uma casa na qual ninguém faz nada para que aquilo seja um "lar". O marido é um machista de merda, que vive de arrotar lições morais, mas é um fdp.

O cenário eu conheço bem, apesar de ter vivido os anos oitenta no Brasil. A Espanha saía do período franquista, no qual a igreja católica era mancomunada com o poder estatal. O povo era massa de manobra das superstições e a hipocrisia era a lei.

O bairro pobre onde Gloria morava com a família não era muito diferente do bairro Marta Helena onde vivi nos anos oitenta, em Minas Gerais.

O mais interessante do filme de Almodóvar é que passadas quatro décadas do lançamento, o enredo continua atual.

O mundo segue dominado pelas drogas, que só mudaram de características com o passar do tempo. O machismo continua o mesmo, apesar de décadas de lutas das mulheres para ocuparem seu legítimo espaço social (o lugar da mulher é onde ela quiser). As religiões e superstições que dominam as massas seguem mancomunadas com a política: vejam as igrejas neopentecostais com seus projetos de poder estatal.

O filme é uma denúncia sobre a condição da mulher, sempre submetida à violência da sociedade dos homens e do capital.

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A lei do desejo (La ley del deseo), de 1987

SINOPSE: 

O cineasta Pablo Quintero (Eusebio Poncela) começa um relacionamento com Antonio Benítez, fã obcecado por ele (Antonio Banderas), após terminar relação com outro jovem - Juan Bermúdez (Miguel Molina) - que decide ir embora. Pablo é apaixonado por Juan. Tina Quintero (Carmen Maura), irmã transsexual de Pablo, é atriz e será protagonista da próxima obra de Pablo. Ela cuida da garota Ada (Manuela Velasco) como se fosse sua filha. Antonio não aceita a ideia de Pablo ser apaixonado por Juan e isso trará consequências trágicas na vida de todos.

COMENTÁRIO: 

O filme é forte na temática de gênero e orientação sexual. E lembro aqui que Almodóvar está em sua primeira década de longas-metragens nos anos oitenta. O tema era muito sensível para os conservadores e reacionários.

Os primeiros minutos do filme já chocam os espectadores. Um homem jovem nu recebe ordens de um outro homem para tirar as roupas e encenar cenas eróticas na cama.

É de se admirar a ousadia e a capacidade de Almodóvar de pautar já naquela época as questões mais comezinhas do cotidiano das pessoas "caídas" ou periféricas: a condição da mulher; a violência e a intolerância contra a liberdade sexual e a questão LGBT; o mal causado pelo mundo das drogas e a hipocrisia na forma como a questão é tratada pelas elites e pelas autoridades estabelecidas; e a questão da religião misturada à política estatal.

Interessante ver filmes de Almodóvar como estou fazendo, porque é possível perceber a evolução do ator e diretor e a forma como ele vai pautando os temas centrais da vida das pessoas comuns.

Lógico que seu estilo com cores fortes nos cenários, o vermelho principalmente, vai se impondo a cada filme. A forma teatral como se desenha as histórias, idem. Estou gostando bastante dos filmes.

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Mulheres à beira de um ataque de nervos (Mujeres al borde de un ataque de nervios), de 1988

SINOPSE: 

O filme conta a história de Pepa Marcos (Carmen Maura), dubladora que tenta desesperadamente contatar seu amante Ivan (Fernando Guillén) que decide deixá-la. Ele é casado com Lucía (Julieta Serrano), e Ivan já atuou em vários trabalhos com Pepa. Durante dois dias, a história vai apresentando mais personagens como, por exemplo, o filho de Ivan, Carlos (Antonio Banderas), e sua noiva Marisa (Rossy de Palma). Também conhecemos Candela (María Barranco), amiga de Pepa que acha que está sendo perseguida pela polícia por ter tido um caso com um líder terrorista que promete fazer um atentado em Madri. Ao deixar tanto a amante Pepa quanto a esposa Lucía, Ivan será o catalisador de todos os eventos da história.

COMENTÁRIO: 

Filme muito engraçado, apesar das situações das personagens serem dramáticas. Uma mulher que busca uma resposta do amante para o seu abandono. Outra mulher apaixonada por um homem xiita que a usou para seus objetivos em Madri. Um taxista nos anos oitenta que já apontava o que seria o futuro dos serviços de aplicativos da atualidade, com um carro que vendia de tudo para os passageiros.

Pepa está grávida de Ivan, e seus sentimentos estão à flor da pele. Apesar do abandono, ela demonstra ser uma pessoa de grande coração, pois no meio da bagunça daqueles dois dias de encontros e desencontros é ela quem ajuda cada personagem com o seu problema pessoal. Pepa é a grande mulher da história.

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Comentário final

Vamos ver mais alguns filmes de Almodóvar e apreciar o talento incrível desse ator, roteirista e diretor espanhol. Sem dúvidas, ele é um dos grandes de nossa época!

Nas sinopses, adaptei textos da Wikipédia, Netflix e outras fontes modificando a descrição ao meu gosto.

William


Post Scriptum: o texto anterior desta série sobre filmes pode ser lido aqui.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Poema 11: Normalizaram tudo


NORMALIZARAM TUDO


Gonet almoça com indiciados bolsonaristas!

Itaú Unibanco tem lucro de 41,4 bilhões de reais!

Golpistas planejaram matar o presidente Lula, o vice e Morais!

Congressistas brasileiros discutem anistia geral a golpistas!

Normal?


Ministério Público autoriza "penduricalho" de 1 milhão a promotores!

Juízes recebem mais de 500 mil reais de bônus além dos salários!

Ex-segurança de Tarcísio é afastado por suspeita de envolvimento com PCC...

No dia da eleição, Tarcísio acusou Boulos de envolvimento com PCC...

Tarcísio segue sem processos e elegível.

Normal?


A Alemanha de Hitler criou as leis de Nuremberg

nas quais judeus, ciganos e negros não eram cidadãos.

Os Estados Unidos de Trump assinaram leis

nas quais imigrantes perdem direitos constitucionais.

Normal?


Trump quer anexar Canadá, Panamá e Groelândia.

Hitler e os alemães sonhavam com o "Espaço Vital" alemão.

Unido a Netanyahu, Trump quer realocar 2 milhões de Palestinos de Gaza.

Normal?


Os donos dos meios de comunicação de massa

como as big techs e os barões da mídia comercial

normalizaram tudo. Até Bolsonaro e Lira foram normalizados.


Normalizaram tudo...

O nome disso é ideologia.


William

06/02/25


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Poema 10: Sorry, o Brasil não é dos brasileiros


SORRY, O BRASIL NÃO É DOS BRASILEIROS


Itaú Unibanco tem lucro de 41,4 bilhões. 

Banco Central aumenta selic para 13,25%.

(O "mercado" estava nervoso)

MST na mira da grilagem urbana.

Receita não vai monitorar transferências por Pix.

("Empresários" seguem sem pagar impostos)

Lucro do agro vai para paraísos fiscais. 

Os donos da Enel cagam pros paulistas.

O superávit da Sabesp agora é lucro dos parças.


Definitivamente,

o Brasil não é dos brasileiros!

Infelizmente. 


William 

05/02/25


Poema 9: Mudança


MUDANÇA


Acordei com desejo de mudança.

E olha que tenho trauma de mudança 

de endereço físico. 

Durante a vida proletária

mudei uma dezena de vezes

por necessidades. Foi foda!


Há um clamor por mudança.

Meu corpo pede, o contexto impõe, o coração reclama. 

O caos do mundo sugere

que a gente mude pra seguir adiante. 


Quero mudar para ajudar na mudança

necessária à manutenção da vida diversa e plural.


Já estou mudando. 

Vou mudar muito mais. 

Tenho esperança de contribuir ainda

para mudar o mundo. 


Outro mundo é possível!

Mudemos o mundo mudando nós mesmos.


William 

05/02/25


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Poema 8: O Brasil não é um país laico


O BRASIL NÃO É UM PAÍS LAICO

 

          "sob a proteção de Deus..." (CF 1988)


Preâmbulo


Nós, representantes do povo brasileiro,

reunidos em Assembleia Nacional Constituinte

para instituir um Estado democrático,

destinado a assegurar o exercício

dos direitos sociais e individuais,

a liberdade, a segurança, o bem-estar,

o desenvolvimento, a igualdade e a justiça

como valores supremos

de uma sociedade fraterna,

pluralista e sem preconceitos,

fundada na harmonia social

e comprometida,

na ordem interna e internacional,

com a solução pacífica das controvérsias,

promulgamos,

sob a proteção de Deus,

a seguinte Constituição

da República Federativa

do Brasil.


Laico? Em nome de Deus?

O Brasil é uma piada pronta!


William

03/02/25


domingo, 2 de fevereiro de 2025

Diário e reflexões


Nuvens (de PE a SP). 

Refeição Cultural

Osasco, 02 de fevereiro de 2025. Domingo.


Fevereiro

O que fazer? O que não fazer?

Enquanto escritor deste blog de cultura, meu planejamento para as próximas semanas prevê um trabalho diário de algumas horas com meus textos dos blogs, tanto deste de cultura quanto do sindical. 

Tenho um trabalho de fôlego para realizar relendo, corrigindo e diagramando milhares de textos produzidos ao longo de duas décadas. Já encontrei muito texto interessante e que envelheceu bem nos blogs.

CEDOC - O trabalho consiste em organizar cadernos dos blogs por ano de produção textual. Os cadernos farão parte do acervo que estou organizando com os materiais que acumulei ao longo da vida de representação sindical e de estudos.

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Também tenho como meta no mês, a revisão e entrega final dos textos do livro "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT". 

Farei a impressão de algumas unidades para presentear amigos e companheiros que lutaram ao meu lado por décadas no movimento sindical.

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Em termos de leituras para o mês, pretendo terminar o clássico de Umberto Eco, "O nome da rosa".

Pretendo seguir lendo poesias. Com menos frequência do que li em dezembro e janeiro, pois a tarefa com os blogs será pesada.

A novidade é que pretendo escrever mais poesias. 

Poemas são textos literários muito sofisticados e sintéticos. São formas de expressão com o uso conotativo das palavras. Farei experiências com temas cotidianos no meu ritmo poético.

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Enfim, vou diminuir minha participação na política partidária. Faço volume quando me demandam, mas tenho que avaliar a ampulheta do meu tempo e pesar as coisas quando tiver que decidir entre a rua ou meus objetivos de estudos e produção textual.

Como não sinto mais a mesma energia física que tinha, talvez a minha maneira de contribuir para a coletividade e seguir lutando para mudar a realidade horrível na qual nos encontramos seja estudando, criando ideias e opiniões e compartilhando por textos de forma gratuita como faço aqui há anos.

Acredito na educação. Acredito na capacidade humana. Acredito na mudança. Passar adiante de forma honesta e firme o que penso é uma forma de atuar no mundo.

Sigamos na luta por um outro mundo possível.

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Nuvens

A linda foto que ilustra essa postagem - as nuvens - é para lembrar a todas as pessoas para não confiarem suas produções de toda uma vida às tais nuvens das big techs... 

Há uma guerra em andamento no mundo e as plataformas que dominaram a sociedade humana fazem parte dessa guerra de hegemonia global. 

Uma "nuvem" não é o lugar para se guardar a produção de conhecimento humano.

Guardem a produção humana em meios físicos, não em "nuvens". Elas desaparecem ao sabor dos ventos e tempestades.

William


Dom Quixote de La Mancha - Cervantes (3)


Dom Quixote em Toledo, Espanha.

Refeição Cultural

“Contó el ventero a todos cuantos estaban en la venta la locura de su huésped, la vela de las armas y la armazón de caballería que esperaba.” (de “El ingenioso caballero don Quijote de la Mancha. Parte 1 [Spanish Edition]” por “Miguel de Cervantes”)

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CAPÍTULO 3

"Donde se cuenta la graciosa manera que tuvo don Quijote en armarse caballero"


Na sequência da leitura sobre as aventuras do senhor Alonso Quijano, que ficou meio doido de tanto ler livros de cavalarias, lá na longínqua Espanha de 1605, Miguel de Cervantes segue nos contando a história (estória) mantendo-se fiel ao contrato que fez com os leitores no Prólogo da obra.

O livro se trata de uma "invectiva" contra os livros de cavalaria, tão em moda na época. Uma invectiva é uma espécie de repreensão, crítica, insulto.

A essa altura do livro, ainda no início, alguns leitores já vão se apegando ao senhor de uns cinquenta anos que decidiu incorporar o espírito de um cavaleiro andante para sair pelo mundo consertando as coisas tortas e injustas em benefício de sua república e de si mesmo, ganhando com isso fama e o amor da amada Dulcinea del Toboso, outra idealização.

Neste capítulo, Dom Quixote pede ao dono da espelunca (vendeiro) que o abençoe como cavaleiro, realizando a cerimônia tradicional que todo mundo conhece porque está descrita nos livros de cavalaria. O senhor Quijano acha que está em um castelo e o proprietário já percebeu que ele está doido.


“El ventero, que vio a su huésped a sus pies, y oyó semejantes razones, estaba confuso mirándole, sin saber qué hacerse ni decirle, y porfiaba con él que se levantase; y jamás quiso, hasta que le hubo de decir que él le otorgaba el don que le pedía.” 


O capítulo é tão claro nos passos que vão acontecendo, que o dono da espelunca avisa a todos os fregueses que o idoso está doido e pergunta ao senhor Quijano se ele tem dinheiro porque tudo tem custo ali.


“Preguntóle si traía dineros; respondió don Quijote que no traía blanca, porque él nunca había leído en las historias de los caballeros andantes que ninguno los hubiese traído.” 


Nosso ilustre cavaleiro estranha a pergunta porque nunca leu que cavaleiros tinham que pagar as coisas.

O vendedor esperto passa a lábia no velhinho e explica que isso era coisa básica. Poderíamos dizer que a cena clássica de quatro séculos atrás não é diferente do que acontece hoje com os manipuladores e seus manipulados.


“y así, tuviese por cierto y averiguado que todos los caballeros andantes (de que tantos libros están llenos y atestados), llevaban bien herradas las bolsas, por lo que pudiese sucederles; y que asimesmo llevaban camisas y una arqueta pequeña llena de ungüentos para curar las heridas que recebían, porque no todas veces en los campos y desiertos donde se combatían y salían heridos, había quien los curase, si ya no era que tenían algún sabio encantador por amigo, que luego los socorría trayendo por el aire, en alguna nube, alguna doncella o enano con alguna redoma de agua de tal virtud, que, en gustando alguna gota della, luego al punto quedaban sanos de sus llagas y heridas, como si mal alguno hubiesen tenido; mas que, en tanto que esto no hubiese, tuvieron los pasados caballeros por cosa acertada que sus escuderos fuesen proveídos de dineros y de otras cosas necesarias, como eran hilas y ungüentos para curarse; y cuando sucedía que los tales caballeros no tenían escuderos (que eran pocas y raras veces), ellos mesmos lo llevaban todo en unas alforjas muy sutiles, que casi no se parecían, a las ancas del caballo, como que era otra cosa de más importancia; porque, no siendo por ocasión semejante, esto de llevar alforjas no fue muy admitido entre los caballeros andantes; y por esto le daba por consejo (pues aún se lo podía mandar como a su ahijado, que tan presto lo había de ser), que no caminase de allí adelante sin dineros y sin las prevenciones referidas, y que vería cuán bien se hallaba con ellas cuando menos se pensase.”


O interessante é que das explicações que o sacana do vendeiro dá, ele diz que cavaleiros andantes precisam ter um ajudante (um escudeiro) e isso nos dará a oportunidade de conhecer depois Sancho Pança.

Enfim, talvez por isso os leitores vão aos poucos ampliando a empatia com o famoso cavaleiro andante. 


“Hechas, pues, de galope y aprisa las hasta allí nunca vistas ceremonias, no vio la hora don Quijote de verse a caballo y salir buscando las aventuras; y ensillando luego a Rocinante subió en él, y abrazando a su huésped le dijo cosas tan extrañas, agradeciéndole la merced de haberle armado caballero, que no es posible acertar a referirlas. El ventero, por verle ya fuera de la venta, con no menos retóricas, aunque con más breves palabras, respondió a las suyas, y sin pedirle la costa de la posada, le dejó ir a la buen hora.”


Ao final do capítulo, nosso ilustre Dom Quixote está armado cavaleiro e já está apto a enfrentar todos os desafios e agravos que aparecerem diante de si.


“-Dios haga a vuestra merced muy venturoso caballero y le dé ventura en lides.”


Amigas e amigos leitores, se tiverem oportunidade, leiam o clássico de Cervantes.

William

02/02/25


Poema 7: Envelhecemos


ENVELHECEMOS


Eu a via andando pela passarela

da estação de trem do Altino,

muito pequenininha que era;

crianças largadas ao destino.


Eu passava por ela indo para o sindicato.

Ela e a família mulambenta

iam e vinham brigando e brincando;

vidas sem oportunidades.

Quede o governo, o Estado?


O tempo foi passando... seguimos pelas ruas;

um quarto de século de encontros e desencontros:

"Tio, paga um lanche pra mim?"


A criança envelheceu rápido, sobreviveu como pode.

Quando a via pelas ruas, já no corpo adolescente,

na lembrança via a carinha da infância, sempre.


Hoje quando a vi, se levantando da calçada,

doeu fundo o coração ao ver aquela senhora.

Ia eu com minhas dores no quadril,

vinha ela toda encolhida e mulambenta.


Envelhecemos pelas ruas.

As oportunidades que tive

não teve aquela criança. 

Dois animais humanos

numa sociedade desumana.


Podemos mudar tudo isso.

A sociedade do amanhã depende

das oportunidades oferecidas 

para as crianças do presente.


William 

02/02/25


sábado, 1 de fevereiro de 2025

Poema 6: Cenário político desanimador


CENÁRIO POLÍTICO DESANIMADOR


Ushuaia, Praia Grande, Porto de Galinhas.

Semanas sem ouvir política durante as refeições.

A realidade nauseabunda faz mal para a saúde.

Ainda a busca de sentidos para a fase atual da vida.


Fim das férias, das viagens; e rumos a tomar.

Passo em revista manchetes do sábado à noite.

(destaques extras do mundo dos bilionários)


Elenco a seguir o cenário político desanimador.

Registro meu respeito às excelências citadas...

(elas são poderosas e não quero encrenca)

Que os deuses protejam a Natureza     dos homens.


Motta e Alcolumbre são os novos presidentes do Congresso.

Damares é presidenta da Comissão dos Direitos Humanos.

André Mendonça mantém condenação de Marcelo Auler.

O Lira foi normalizado pela "esquerda" e pode ser ministro.


Trump é presidente dos Estados Unidos faz dias.

A maior taxa real de juros do mundo é nossa!

A saudação nazista voltou ao cenário global.

Neymar, Gusttavo Lima e sertanejos estão comprando empreendimentos à beça.


Cenário político desanimador.

No entanto, tudo muda o tempo todo.

Não podemos desistir de mudar o mundo.


William

01/02/25