ENVELHECEMOS
Eu a via andando pela passarela
da estação de trem do Altino,
muito pequenininha que era;
crianças largadas ao destino.
Eu passava por ela indo para o sindicato.
Ela e a família mulambenta
iam e vinham brigando e brincando;
vidas sem oportunidades.
Quede o governo, o Estado?
O tempo foi passando... seguimos pelas ruas;
um quarto de século de encontros e desencontros:
"Tio, paga um lanche pra mim?"
A criança envelheceu rápido, sobreviveu como pode.
Quando a via pelas ruas, já no corpo adolescente,
na lembrança via a carinha da infância, sempre.
Hoje quando a vi, se levantando da calçada,
doeu fundo o coração ao ver aquela senhora.
Ia eu com minhas dores no quadril,
vinha ela toda encolhida e mulambenta.
Envelhecemos pelas ruas.
As oportunidades que tive
não teve aquela criança.
Dois animais humanos
numa sociedade desumana.
Podemos mudar tudo isso.
A sociedade do amanhã depende
das oportunidades oferecidas
para as crianças do presente.
William
02/02/25
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