domingo, 2 de fevereiro de 2025

Poema 7: Envelhecemos


ENVELHECEMOS


Eu a via andando pela passarela

da estação de trem do Altino,

muito pequenininha que era;

crianças largadas ao destino.


Eu passava por ela indo para o sindicato.

Ela e a família mulambenta

iam e vinham brigando e brincando;

vidas sem oportunidades.

Quede o governo, o Estado?


O tempo foi passando... seguimos pelas ruas;

um quarto de século de encontros e desencontros:

"Tio, paga um lanche pra mim?"


A criança envelheceu rápido, sobreviveu como pode.

Quando a via pelas ruas, já no corpo adolescente,

na lembrança via a carinha da infância, sempre.


Hoje quando a vi, se levantando da calçada,

doeu fundo o coração ao ver aquela senhora.

Ia eu com minhas dores no quadril,

vinha ela toda encolhida e mulambenta.


Envelhecemos pelas ruas.

As oportunidades que tive

não teve aquela criança. 

Dois animais humanos

numa sociedade desumana.


Podemos mudar tudo isso.

A sociedade do amanhã depende

das oportunidades oferecidas 

para as crianças do presente.


William 

02/02/25


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