terça-feira, 7 de setembro de 2010

Refeição Cultural 56 - O SOM DO CORAÇÃO

foto divulgação do filme

O som do coração, a música e as vidas


Assisti ao filme “August Rush” ou na versão em português – O som do coração –, filme de 2007. Adorei o filme.

Enquanto você está dentro do filme, viajando, não dá muito tempo de assistir ao outro filme, o da sua vida. Às vezes dá e vamos vendo os dois filmes ao mesmo tempo.

Quando o filme acabou, fui procurar um texto que fiz há quase uma década, onde eu declarava o quanto a música mexia comigo, com meu estado de ânimo, com meus impulsos. Achei o texto. Ele é de 2001, da época em que eu não era sindicalista, porque mudei muito depois de 2002, me freei demais, acho.

Toda a minha vida, ao menos aquela que aparece desde as lembranças mais remotas, toda ela foi perpassada ao som de alguma música ou banda que a marcou. A vida toda, toda a vida. Cada momento feliz, triste, duro... cada momento.

Vou vendo meu filme e lembrando cada fase.

Quando mudei para Uberlândia aos 10 anos e trabalhei em vários serviços braçais e morava em um barracão com meus pais...

Quando gostava de alguma garota...

Quando ouvia rock para estudar matemática sozinho...

Quando brigava com meus pais...

Quando fui embora de casa aos 17 anos...

Quando vim para São Paulo e morei com minha avó e primos...

Quando morei sozinho em vários lugares...

Quando juntei... quando separei... quando escureceu... quando veio a luz...

Sempre houve uma música que marcou certa época da minha vida.

De certa forma, quase não ouvi mais música na última década. Quando raramente ouço, algo em mim aflora e a vontade é de sair fora e sumir por aí. Esse é o receio.

Hoje sou uma pessoa, digamos, formatada socialmente. Cidadão adequado ao contrato social, no que diz respeito à família, porque em relação ao status quo sou sindicalista e quero quebrar toda a ordem burguesa que aí está.

Mas, sou cidadão ordeiro no quesito família e agregados.

De vez em quando, saio para uma introspecção, sozinho, e aí curto um som e curto o silêncio e me ouço. É o que faço quando saio para fazer uma romaria como recentemente em Minas Gerais. Andei um dia e uma noite, ao som de muita música e me ouvi muito.

O que importa, é ouvir o som do coração, porque sem dúvida, se ficarmos em silêncio ou se ouvirmos as músicas que aí estão e que nos dão sintonia, acessaremos o nosso som, o som do nosso coração!

Um comentário:

SOCORRO OLIVEIRA disse...

Olá sou nova no seu blog, peço licença!... o mais surpreendente é que estava fazendo uma pesquisa na internet sobre " CETERIS PARIBUS"...Acabei parando aqui, e o mais engraçado foi justamente meus olhos repousarem sobre seu post, onde você com uma visão clara e lúcida, nos faz; na verdade me fez, voltar a ouvi a musica que toca dentro de nós, essa musica que nos transcende e dignifica já que nosso cotidiano exaustivo e sufocante, nos leva a ser quem na verdade não somos, à assumir posturas, rótulos que não condizem com nosso verdadeiro eu.
Quero agradecer, porque algo em mim mudou, a sua musica despertou em mim o que já a muito estava adormecido.

E vou ver o filme também!
Até mais.