sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Filme: METROPOLIS - Fritz Lang, Alemanha, 1927

Minha edição de Metropolis.


METROPOLIS – FRITZ LANG, ALEMANHA, 1927


“Einen mittler brauchen HIRN und HÄNDE”
A CABEÇA e as MÃOS precisam de um mediador

“Mittler zwischen hirn und händen muss das herz seint!”
O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração!


INÍCIO DE CONVERSA

Acredite se quiser, mas finalmente assisti pela primeira vez ao filme Metropolis, de Fritz Lang.

Com o filme, fica mais fácil compreender porque naquela época surgiram tantas obras apocalíticas, utópicas e distópicas como, por exemplo, Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley em 1931.

O mundo vivia um período posterior à Revolução Industrial e à 1ª Guerra Mundial. O capitalismo e o poder das corporações nos governos daquele período já mostravam que o mundo vivia uma crise de democracia e de falta de solidariedade e prioridade nos valores humanos.

Comecei meu feriado buscando algo que eu não conhecesse ainda das inúmeras coisas que tenho em casa – livros, revistas, filmes etc. Peguei um dos 22 filmes que comprei da Coleção Folha CINE EUROPEU.

A edição é muito boa. Ela traz 25 minutos de cenas inéditas encontradas recentemente na Cinemateca Argentina em 2008.


PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Poster de 1927.
As imagens do filme nos deixam paralisados de tão espetaculares que são.

As expressões dos atores são algo só visto naquela época mesmo. Um ator de cinema hoje não faz mais aquilo, por melhor que seja sua técnica.

O filme é feito com imagens e encenação teatralizada. Expressões fortes, lentas e para envolver o espectador.

A trilha sonora é como se você estivesse ouvindo uma ópera ou uma peça de concerto clássico. É uma apreciação à parte. Aí, quando você junta com cada imagem que acompanha a música (ou o inverso) é o êxtase!

Enquanto você assiste, dá vontade de mandar todos os amigos e conhecidos verem aquilo na hora!

Ou seja, o filme tem imagem, enredo e música de arte, mas com grande produção já nos anos vinte.

O filme está dividido em três partes: Prelúdio, Intermezzo e Furioso.


REFLEXÕES RÁPIDAS

“Grande é o mundo e o seu criador, e grande é o homem”

(no entanto, enquanto a personagem Maria pregava aos operários nas catacumbas o episódio da Torre de Babel, ela lhes dizia que naquela época falava-se a mesma língua, mas aqueles homens não se entendiam...)


Imagem da edição Cine Europeu.
Dias atrás, vi meio sem querer, a regravação do filme O dia em que a terra parou. O extraterrestre vem à terra com a missão de exterminar a raça humana para que ela não destrua o planeta por ele ser um dos poucos habitáveis no universo.

Lembro também de algumas frases críticas legais vistas em filmes como, por exemplo, aquela do Smith em Matrix dizendo a Morfeu que o ser humano é como uma praga que destrói tudo por onde passa.

Voltando ao filme Metropolis, passados oitenta e cinco anos do seu lançamento, estamos em um mundo real que não mudou nada em relação às críticas sociais feitas no filme.


UM SÉCULO DE SOCIEDADE DO CONTROLE (E AUTODESTRUIÇÃO)

Imagem eternizada do robô-gente (gente robô hoje?)

Quando vi a primeira cena do escritório de Joh Fredersen na Torre de Babel, onde os seus funcionários acompanhavam e anotavam cada número de produção e controlavam tudo no mundo Metropolis, lembrei-me da tela do monitor do meu colega do Banco do Brasil.

Ontem, após uma reunião com os bancários, um colega mostrava a tela que controla tudo dentro da agência e que acende a luz vermelha quando algum índice ultrapassa um número determinado e tolerável – número de pessoas na fila do caixa, na fila das mesas de atendimento, na fila do telefone etc.

Olhar de Maria... o clone.
Os operários no filme que vão até o esgotamento total nas máquinas são iguaizinhos aos trabalhadores hoje, tanto nas fábricas, nas centrais de atendimento telefônico e nas agências bancárias.

Que merda e que lixo de mundo é esse que todos acham que está errado, mas poucos dão um pouco de si para mudá-lo!

A gente acaba dando razão para os extraterrestres dos filmes de ficção que chegam aqui para nos eliminar já que a gente só vai parar de destruir o mundo quando não houver mais mundo mesmo!


LUDISMO

“Lasst die maschinen verhungern jhr narron! Lasst sie verricken!!”
Deixemos as máquinas famintas seus idiotas! Acabem com elas!

“Schlagt sie tot – die maschinen!”
Acabem com elas... acabem com as máquinas!


Mundo das máquinas...
Numa referência aos círculos do inferno de Dante, os operários vivem entre os subterrâneos das máquinas, onde está o coração delas ou máquina-mãe, e o mundo mais abaixo, onde fica a vila dos operários. Lá na superfície vivem os herdeiros e filhos daqueles que detêm a propriedade e desfrutam das maravilhas tecnológicas produzidas pelas máquinas.

Por antagônico que possa parecer na história, quem incitou os operários a destruírem as máquinas foi o cientista Rotwang (através da robô-clone Maria, cujas expressões são fantásticas) e não a líder dos oprimidos Maria (que consegue ser totalmente diferente na expressão em relação à robô), pois esta pregava a paz e a conciliação de classes através de um “mediador”, que acabou sendo Freder, filho do dono de tudo.

O dono de Metropolis, Joh Fredersen (as melhores expressões do filme), pretendia que o robô Maria causasse a discórdia entre os operários, mas não a destruição de suas máquinas. Venceu o Rotwang e tudo foi destruído.

Mediador sela paz entre as classes.


POR ÚLTIMO

Se algum desavisado de seus vinte, trinta, quarenta anos... não tiver assistido ao filme ainda, por favor, assista! Vale muito a pena!

Abraços,
William Mendes (que segue tentando ser menos ignorante)

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