Capa do livro. |
Cito abaixo alguns excertos que gostei do capítulo (já fiz outra postagem com algumas coisas legais deste mesmo capítulo).
CAPÍTULO 1
BIOLOGIA, ESQUERDA E DIREITA
"Os que enfatizam a liberdade individual quase sempre consideram os interesses coletivos uma ideia romântica, coisa de maricas e comunistas. Eles preferem a lógica do 'cada um por si'."
"Muitos animais sobrevivem cooperando e compartilhando os recursos, e não aniquilando-se uns aos outros ou conservando tudo para si mesmos. Isso se aplica mais claramente aos animais que caçam em bando, como os lobos e as orcas, mas também aos nossos parentes mais próximos, os primatas."
OU SEJA,
"Se o homem é o lobo do homem, isso é verdadeiro em todos os sentidos, e não apenas no sentido negativo. Não seríamos o que somos hoje se nossos ancestrais tivessem vivido isolados uns dos outros." (MUITO BOM!)
O VÍNCULO É IMPORTANTE PARA A FELICIDADE
"O vínculo é um elemento essencial para a nossa espécie. Não há nada que nos faça mais felizes (...) A busca da felicidade mencionada na Declaração da Independência dos Estados Unidos é antes de tudo um estado de satisfação das pessoas com a própria vida (...) Não é o dinheiro, o sucesso ou a fama o que mais faz bem às pessoas, mas o tempo que elas passam com os amigos e a família."
COMENTÁRIO:
Aqui, não tem como não lembrar da descoberta do jovem Chris McCandless (Na Natureza Selvagem) que descobriu que - "HAPPINESS ONLY REAL WHEN SHARED" (a felicidade só é verdadeira quando é compartilhada).
ALGUNS MITOS DE ORIGEM
1º) nossos ancestrais eram os reis da savana
"Pode ser que os nossos ancestrais tenham ocupado uma posição na cadeia alimentar superior à da maior parte dos primatas, mas definitivamente eles não estavam no seu topo. Eles precisavam se manter em permanente estado de alerta. Isso tem relação com o primeiro falso mito acerca do 'estado natural' da nossa espécie, o mito de que os nossos ancestrais eram os reis da savana. Como isso poderia ser verdade se, de pé, esses primatas bípedes não passavam de um metro e vinte de altura? Eles certamente viviam aterrorizados pelas hienas do tamanho de ursos que existiam naqueles tempos, e pelos tigres de dente de sabre que tinham o dobro do tamanho dos leões que conhecemos hoje. Em consequência disso, nossos ancestrais tiveram que se contentar em caçar num horário de 'segunda classe'..."
2º) a sociedade como criação voluntária de homens autônomos
"A segurança é a primeira e a mais forte motivação da vida social. Isso tem relação com o segundo mito de origem, igualmente falso, de que a sociedade humana é uma criação voluntária de homens autônomos. A ilusão, nesse caso, é a de que os nossos ancestrais levavam vidas independentes, não precisando de mais ninguém. O único problema é que eles eram competitivos demais, o que fez com que o custo de suas disputas se tornasse insuportável. Como eles eram animais inteligentes, decidiram abrir mão de algumas liberdades em troca da vida em comunidade. Essa história de origem, proposta pelo filósofo francês Jean-Jacques Rousseau sob o nome de contrato social, inspirou os fundadores dos Estados Unidos a criar a 'terra dos homens livres'. Esse mito permanece extremamente popular nos departamentos de ciência política e nas faculdades de direito, uma vez que ele apresenta a sociedade como um compromisso negociado e não como algo que ocorreu naturalmente com a nossa espécie."
COMENTÁRIO:
Cara, pelo que li até agora da obra O Leviatã de Thomas Hobbes, ele também aborda essa questão de abrir mão da "liberdade de natureza" para conviver em sociedade.
SEMPRE PRECISAMOS DOS OUTROS:
"Como ocorre com boa parte dos mamíferos, todo ciclo da vida humana inclui estágios nos quais dependemos dos outros (na infância, na velhice ou quando ficamos doentes) e nos quais os outros dependem de nós (quando cuidamos das crianças, dos velhos ou dos doentes). Precisamos uns dos outros para sobreviver."
3º) sempre nos dedicamos a guerra
"Chegamos assim ao terceiro e falso mito de origem, o de que a nossa espécie vem se dedicando à guerra desde seu aparecimento. Na década de 1960, após as devastações da Segunda Guerra Mundial, os humanos costumavam ser retratados como 'primatas assassinos' - em oposição aos verdadeiros grandes primatas não humanos, considerados pacifistas. A agressão era considerada a marca inconfundível da espécie humana (...) Geralmente, a decisão de entrar em guerra é tomada pelos homens de idade mais avançada que fazem parte do governo. Quando observo um exército marchando, o que vejo não é necessariamente o ataque em ação, mas sim o instinto de manada: milhares de homens em fileira cerrada, dispostos a obedecer a seus superiores."
COMENTÁRIO:
Eu sempre digo nos cursos de formação ou nas reuniões políticas para as pessoas tomarem muito cuidado com o "espírito de manada" e para buscarem pensar e raciocinar sobre aquilo que fazem.
POTENCIAL PARA A GUERRA:
"Nossa única certeza é de que nossa espécie dispõe de um potencial para a guerra. Sob certas circunstâncias, esse potencial manifestará sua face tenebrosa."
PORÉM:
"Os laços com os estranhos asseguram a sobrevivência em ambientes imprevisíveis, possibilitando que os riscos da escassez de água ou de alimentos sejam repartidos entre os grupos."
COMENTÁRIO FINAL
Deu trabalho digitar esses excertos para os leitores, mas eles nos levam a reflexões profundas. Estou lendo lentamente o livro por falta de tempo. Leiam também. É bom.
Bibliografia:
WAAL, Frans de. A era da empatia. Companhia Das Letras. 2010 SP.
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