Com Luiza Erundina e Willame em out/2018, no Largo da Batata, na campanha por Haddad. Erundina foi meu primeiro voto no PT. |
Eu era adolescente quando voltei para São Paulo em 1987. Tinha mudado para Minas Gerais com dez anos de idade, em 1980. Meus pais ficaram em Uberlândia e vim tentar a vida na megalópole paulista. Primeiro morei com minha avó e primos e depois em república, até que comecei a morar sozinho em casas de quarto e cozinha em fundos de quintais.
Eu havia sido trabalhador braçal em Uberlândia e quando cheguei a São Paulo trabalhei em diversos subempregos. Me lembro que quando fui ajudante geral em um depósito de palmitos tinha muita dificuldade para chegar ao trabalho, na Barra Funda, porque os ônibus eram muito lotados e não conseguia entrar neles quando passavam na região em que morava no Rio Pequeno, Butantã. Eles nem paravam nos pontos. Essa lembrança deve ser ainda de 1987, quando cheguei a São Paulo e trabalhei com meu tio.
Quando conseguia pegar os ônibus de manhã era porque o farol de trânsito fechava e a gente corria atrás do ônibus e se pendurava nas portas, no pára-choque ou onde fosse possível. Às vezes, morria alguém porque caía ou batia em postes ou outras coisas. Andar em transporte público já era assim nos anos oitenta. Depois trabalhei em outros lugares e a dificuldade era sempre a mesma.
Por que estou falando sobre essa questão marcante da minha dificuldade em pegar ônibus para trabalhar naquela época? Porque a Luiza Erundina foi o meu primeiro voto e nunca me esqueço que após o PT assumir a prefeitura de São Paulo, os trabalhadores começaram a ver as coisas melhorarem no seu cotidiano como, por exemplo, o transporte público. Eu já havia mudado de emprego quando Erundina assumiu em 1989, eu era bancário do Unibanco e trabalhava na Raposo Tavares, mas nunca esqueci de minha gratidão por um mandato que pensava na gente, no povo.
Sempre que penso na minha vida de trabalhador, que trabalhou na infância, na adolescência, na fase adulta, e que trabalhou muitos anos sem carteira assinada antes de entrar por concurso público no Banco do Brasil, penso na importância do Partido dos Trabalhadores na vida das pessoas comuns como nós que vivemos de vender nossa força de trabalho e que só tivemos uma folguinha na vida quando trabalhávamos de carteira assinada com direito a férias remuneradas de 30 dias, 13º salário, FGTS e multa de 40% quando éramos demitidos sem motivo, vale-transporte e outros direitos que viríamos a ter com a Constituição Federal de 1988 e com os governos do PT após a eleição de Lula à Presidência da República em 2002.
Eu comecei a votar no PT assim que tirei meu título de eleitor a partir de uma lógica que eu tinha na minha cabeça de jovem, porque eu ainda não era politizado na época. Eu era trabalhador, só me lascava sendo explorado por quem tinha dinheiro e poder, e eu tinha claro que trabalhador tinha que votar no Partido dos Trabalhadores. Assim fiz a minha vida toda. Por mais que o PT tenha cometido erros, além dos diversos acertos que mudaram para melhor a vida do povo em suas gestões locais e na Presidência da República, sei que fiz a coisa certa.
Se hoje meu pensamento e postura política são muito mais críticos ao PT e aos demais partidos de esquerda que temos no Brasil, e minha visão é fruto de uma vida de militância sindical de alguém que ajudou a construir a Central Única dos Trabalhadores por duas décadas, isso não me impede de ser grato ao maior partido de esquerda da América Latina por tudo que já fez e que pode fazer ainda pelo povo trabalhador brasileiro e sul-americano.
Obrigado PT por tudo que você fez por nós povo brasileiro. Meus parabéns e desejo de coração que as lideranças e a militância encontrem o caminho que nos leve novamente a ter esperanças de dias melhores para o conjunto da sociedade, principalmente para aqueles e aquelas que tanto necessitam do Estado e da Política para terem uma vida melhor e mais justa.
William Mendes
Cidadão
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